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Manutenção precária

Saltenses reclamam de problemas de infraestrutura

Motoristas precisam de atenção redobrada, tanto no trânsito quanto no asfalto, para desviar das imperfeições

05 de Fevereiro de 2025 às 22:49
Beatriz Falcão [email protected]
Buracos no asfalto, alguns sequer sinalizados, são algumas das principais queixas dos munícipes
Buracos no asfalto, alguns sequer sinalizados, são algumas das principais queixas dos munícipes (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (4/2/2025))


Salto, na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), enfrenta uma série de problemas de infraestrutura. A cidade sofreu com alagamentos e interdições nos últimos dias em razão das fortes chuvas, no entanto, nem todos os desafios possuem relação com as precipitações. Os buracos no asfalto, alguns sequer sinalizados, são algumas das principais queixas dos munícipes.

Pelo aplicativo de localização Waze, inúmeros alertas de buracos são emitidos. Em alguns pontos, mais de uma falha são encontradas, às vezes sinalizadas com cones. Nesse cenário, os motoristas precisam de atenção redobrada, tanto no trânsito quanto no asfalto, para desviar das imperfeições.

A lojista Fernanda Omena, de 45 anos, relata que o problema não é atual, embora seja agravado com as chuvas. “Não há suspensão de carro que aguente, são muitos buracos e nada é feito. Nós entendemos que as condições climáticas afetam as estruturas, mas precisa de uma solução antecipada”, aponta a cidadã.

Os buracos no asfalto também incomodam o taxista Jorge Tomás, de 57 anos. Para ele, que utiliza as vias diariamente para trabalho, o número de falhas somente aumenta. “É demais e ninguém faz nada. A prefeitura diz que vai arrumar, depois fala que não tem dinheiro. Como não tem recurso, se o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) de Salto é um dos mais caros do Estado de São Paulo?”, questiona.

Pontes Interditadas

Em 18 de janeiro, a ponte do Córrego do Ajudante, na região central, foi interditada em caráter de urgência pela Prefeitura de Salto. Conforme informações publicadas nas redes sociais da Administração Municipal, técnicos identificaram erosões na cabeceira da ponte e estacas danificadas. Com essas estruturas abaladas, o dispositivo viário corre risco de queda.

Já em 28 de dezembro do ano passado, outra interdição de ponte foi feita. Dessa vez, no acesso ao bairro Vila Martins. No entanto, nessa ocasião, o bloqueio aconteceu após a queda de uma parte do asfalto, em decorrência das fortes chuvas que atingiram a cidade.

Embora desvios de trânsito tenham sido feitos em ambos os pontos, os munícipes cobram obras de reparos. De acordo com o aposentado Airton Padilha, de 65 anos, a ponte do Córrego do Ajudante já foi revitalizada há aproximadamente 4 anos, contudo, os problemas voltaram.

“Na minha opinião, é um serviço mal feito. Eles colocaram o concreto, porém, não cercaram, então o material vai corroendo mesmo. Até arrumaram, mas não adiantou de nada”, relata Airton. “E vai demorar para arrumar, cerca de seis meses, segundo a prefeitura”.

Essa estrutura viária está localizada próximo ao Terminal Rodoviário de Salto, ligando a rua Barão do Rio Branco e a avenida Getúlio Vargas. A população, que segue sentido bairro, precisa fazer um desvio, utilizando a segunda via que corta o tráfego para acessar novamente a avenida Getúlio Vargas. O local está sinalizado com cones.

Para acessar a Vila Martins, por sua vez, os motoristas usam rotas alternativas pela rodovia do Açúcar (SP-308) e pelo bairro João Jabour. Segundo Airton, o trajeto aumenta cerca de quatro quilômetros.

O que diz a prefeitura?

Em resposta à matéria do Cruzeiro do Sul, publicada em 20 de janeiro, a Prefeitura de Salto comunicou que foi solicitado um laudo técnico para detalhar as condições da estrutura da ponte. Agora, conforme informado nesta quarta-feira (5), aguardam os documentos exigidos para contratações emergenciais. As manutenções custarão aproximadamente R$ 7 milhões aos cofres públicos.

A respeito dos buracos, a administração afirmou que está na fase final do processo de contratação emergencial da empresa. Mais informações, sobre ambas as obras, serão disponibilizadas ainda nesta semana.

Déficit no cofre público

Há cinco dias, o vice-prefeito Fabio Jorge (União Brasil) publicou um vídeo em suas redes sociais expondo a situação financeira do município. De acordo com ele, embora a antiga gestão tenha deixado um caixa de R$ 10 milhões, as dívidas do ano passado a serem pagas ultrapassam o valor. Somando as contas citadas pelo político, o valor é de aproximadamente R$ 34 milhões.

Além desse valor, Fabio Jorge ainda cita um déficit orçamentário de R$ 91 milhões previstos para 2025. O Cruzeiro do Sul também questionou a administração municipal a respeito dessas informações e de que forma pode influenciar as obras de reparo. No entanto, até o fechamento da edição, não obtivemos retorno. O espaço segue aberto para manifestação.

Antiga Gestão

Em resposta à informação do déficit de cerca de R$ 125 milhões, o ex-prefeito Laerte Sonsin Júnior afirma que não se trata de um “rombo”. Ao contrário do que divulgado pela atual gestão, foram deixados R$ 40 milhões nos cofres públicos.

“Déficit orçamentário não é rombo. Gastos e obrigações correntes fazem parte da administração municipal, cabendo ao gestor público administrar os recursos e promover as ações necessárias”, esclarece o ex-prefeito. “Dívidas de dezembro, por exemplo, são quitadas em janeiro, por conta das regras de contabilidade pública, o que chamamos de restos a pagar. Isso em todas as cidades, e não pode ser confundido com ‘dívidas deixadas’”.

Como exemplo, o Laerte cita quando assumiu o cargo de prefeito em 2021. Segundo ele, havia um déficit orçamentário de cerca de R$ 40 milhões, bem como dívidas deixadas pelo gestor anterior, além de contratos fundamentais vencidos.

“Arregaçamos as mangas e trabalhamos, pagando todos os compromissos, realizando os eventos tradicionais e administrando a cidade, prestando os serviços necessários ao cidadão. Não ficamos lamentando como a ‘administração passada’ deixou a prefeitura”, aponta o ex-prefeito. “Em resumo, não é verdade que nossa gestão tenha sido omissa ou deixado a dívida citada, estando o orçamento municipal conforme as necessidades do município, cabendo ao atual gestor fazer seu trabalho de gestão, assumindo suas responsabilidades”. (Beatriz Falcão)

 

 

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