Briga na Castello
Motorista que atirou em carro de casal está na cadeia de Capão Bonito
A mulher dele e a babá, que também estavam no carro, serão ouvidas pela polícia nos próximos dias
Atualizada às 14h54
O motorista que atirou no carro de um casal em Boituva teve a prisão temporária mantida depois da audiência de custódia realizada hoje (20) de manhã. Antes disso, ele fez exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) de Itapetininga e depois foi encaminhado à Cadeia Pública de Capão Bonito.
Adriano Domingues da Costa foi detido ontem (19) à tarde, em Alumínio. Segundo a polícia, o acusado estava a caminho da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Itapetininga, responsável pelas investigações, para se entregar, quando, durante o trajeto, o carro dele foi interceptado por policiais militares.
Adriano passou a noite na DIG. O prazo da prisão temporária é de 30 dias. O caso é investigado como dupla tentativa de homicídio. A esposa de Adriano e a babá, que estavam com ele no momento dos disparos, devem ser ouvidas nos próximos dias.
O depoimento
Adriano chegou na DIG de Itapetininga por volta das 14h40 de ontem (19), acompanhado do advogado. Na entrada da delegacia ele disse apenas: “Aqui não tem santinho, não. Eles quase mataram minha família, esses dois lunáticos”. O depoimento do empresário à polícia durou cerca de duas horas. Segundo o delegado Franco Augusto Ferreira, responsável pela investigação, Adriano diz que foi vítima de uma perseguição. “Ele alega que o veículo dele acabou sendo abalroado pelo outro veículo e em algumas ocasiões ele tentou ultrapassar e foi impedido, acarretando nas duas paradas. Nessa segunda parada é que ele realmente desceu e efetuou os disparos”.
Ainda conforme a polícia, a arma utilizada no crime não é de Adriano, que não tem autorização para transportar o objeto, e estava com a numeração raspada. “Isso altera a tipificação jurídica, é uma arma ilegal. Vamos procurar saber a origem dessa arma, mas isso demanda prova pericial, porque não temos a numeração”, explicou o delegado. Segundo a autoridade, a prisão temporária foi estabelecida para a polícia ter tempo para trabalhar na investigação. A conversão da prisão em preventiva dependerá do andamento do inquérito policial.
O que diz a defesa
Após o depoimento, o advogado de Adriano, Luiz Carlos Tucho, conversou com a imprensa. Ele disse que o empresário estava com a família no carro, quando foi perseguido e precisou se defender. “O depoimento foi esclarecedor, ele teve a oportunidade de dizer que foi perseguido, que tentaram colocar [o carro dele] para fora da estrada. [Por isso] teve uma reação destemperada — ele admite — e que, depois da reação destemperada voltou a ser perseguido. Estamos aguardando imagens da concessionária que mostram que o casal, que se diz vítima, estourou a cancela do pedágio ainda em uma perseguição para alcançá-lo”. A Polícia Civil informa que ainda não teve acesso a essas imagens.
Relembre o caso
A ocorrência foi registrada na sexta-feira (14), na rodovia Castello Branco, em Boituva. Imagens que circularam nas redes sociais mostram o momento em que um homem armado e uma mulher descem de uma Hilux branca e vão em direção a um veículo, onde está outro casal, e faz os disparos.
Em outra cena, o casal para novamente e volta a brigar com as vítimas. Outra vez armado, o homem pede para os ocupantes abaixarem os vidros. É possível ouvir que a mulher que está dentro do carro fala com uma policial pelo celular e é orientada a não abrir as janelas. Após a ocorrência, o homem foge.
No dia seguinte (15), a Polícia Civil foi até o hotel em que Adriano estava hospedado, em Piraju, e apreendeu o carro do empresário, mas ele não foi encontrado. No domingo (16), um mandado de busca foi cumprido na residência dele, em Mairiporã. Foram apreendidos um cofre, uma arma branca chamada tonfa — usada nas artes marciais — e o seu passaporte. Na ocasião, ele também não foi localizado.
Em nota, a defesa do casal informou que “as vítimas estão muito abaladas com tudo que aconteceu”. “Nosso desejo agora é que ele seja preso e que responda pelo crime que cometeu. Iremos tomar todas as medidas cabíveis. Gostaríamos de ratificar que tudo ocorreu em razão de uma ultrapassagem por parte do condutor da Hilux, que bateu no veículo das vítimas e posteriormente não quis parar para verificar os danos”, informou a advogada Nayara Souza.
A defesa disse, ainda, que “ele estava extremamente nervoso e gritava muito, tentando a todo momento culpar meus clientes por ele ter batido, quando na verdade ele ultrapassou pela direita e atingiu as vítimas. Depois disso vocês podem ver pelos vídeos tudo que aconteceu”, finalizou.
Galeria
Confira a galeria de fotos