As investigações sobre o caso de tentativa de homicídio em Boituva, fruto de uma briga de trânsito que aconteceu na sexta-feira (14) na rodovia Castello Branco, seguem em andamento. O advogado do acusado esteve na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Itapetininga ontem (17), à tarde. O casal, vítima dos disparos, também foi ouvido por meio de videoconferência.

O delegado Franco Augusto Costa Ferreira disse que a previsão é de que as investigações sejam concluídas até o final desta semana, com o encerramento do processo ou com o pedido de prisão preventiva do autor dos tiros que, até o momento, permanece foragido. O advogado disse que ele deve se apresentar em breve e informou que entrará com um pedido de reconsideração do caso, após recolher uma via do processo na Comarca de Boituva. “Os fatos não aconteceram conforme estão sendo noticiados. A realidade é que o meu cliente estava sendo perseguido pelo outro automóvel. Claro, ele estava armado e vai responder adequadamente, mas tudo foi causado pela irresponsabilidade do casal”, disse.

O episódio somente será esclarecido quando as filmagens das câmeras de monitoramento do pedágio forem disponibilizadas, por enquanto o delegado afirma que não é possível confirmar a sequência dos fatos. Durante a busca feita na casa do acusado em Mairiporã, no sábado (15), foram apreendidos um cofre, uma tonfa — arma branca usada nas artes marciais, similar a cassetete —, e o passaporte.

“Não foram encontrados armamentos, munições ou algo que guarde relação com ocorrido”, informa o delegado. “A arma, pelo que aparece nas imagens, é de calibre .40, provavelmente uma pistola e não possui registro. O motorista também não tem autorização para tê-la”.

Franco ainda confirma que a esposa dele não é policial, conforme é dito no vídeo. “Ninguém tem relação com a polícia ou o certificado do Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), que seria o autorizado a ter o registro da arma, não o porte porque ninguém pode andar com uma arma”, finaliza.

Homem que atirou continua foragido

O motorista que fez disparos contra outro carro durante uma briga de trânsito ainda não foi encontrado. A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Itapetininga descobriu onde ele mora, em Mairiporã, e fez buscas na casa. No sábado (15), os agentes estiveram em um hotel, em Piraju, onde localizaram e apreenderam o carro do homem. Ele também não estava mais no local. O caso foi registrado como tentativa de homicídio. O motorista teve a prisão temporária decretada pela Justiça. Qualquer informação sobre o paradeiro do foragido pode ser comunicada por meio do telefone 181.

Um vídeo que circula nas mídias sociais mostra Adriano Domingues da Costa atirando pelo menos cinco vezes no carro de um casal durante uma briga de trânsito. O caso ocorreu na sexta-feira (14), no quilômetro 100, da rodovia Castello Branco (SP-280), em Boituva. As imagens começaram a repercutir no sábado. Ninguém ficou ferido. O veículo é blindado.

Nas imagens, primeiro, o homem armado e uma mulher descem de uma Hilux branca e vão em direção a um veículo onde está outro casal. Ao notar a arma, uma mulher fala para o marido: “Ele tá armado, fecha o vidro, fecha o vidro.” O suspeito se aproxima da janela do passageiro e grita: “O que você quer, filho da p*? Tá feliz, filho da p*? A mulher pergunta para a esposa do acusado: “Você é policial?”, e ela responde: “Sou.” A vítima rebate: “Você é policial e ele tá com a sua arma?”.

Em outra cena, o casal para novamente e volta a brigar com as vítimas. Outra vez armado, o homem pede para os ocupantes abaixarem os vidros. É possível ouvir que a mulher está em ligação com uma policial militar e é orientada a não abrir as janelas.

Em nota, a defesa do casal informou que “as vítimas estão muito abaladas com tudo que aconteceu”. “Nosso desejo agora é que ele seja preso e que responda pelo crime que cometeu. Iremos tomar todas as medidas cabíveis. Gostaríamos de ratificar que tudo ocorreu em razão de uma ultrapassagem por parte do condutor da Hilux que bateu no veículo das vítimas e posteriormente não quis parar para verificar os danos”, informou a advogada.

O advogado de Adriano disse que ele irá se apresentar. “Foi uma discussão no trânsito, ninguém morreu, não aconteceu nada, a responsabilidade é do casal que se apresenta como vítima porque eles que saíram em perseguição ao meu cliente. No carro do meu cliente, tinha seis pessoas, além do meu cliente, tinha a mulher dele, os pais que são pessoas idosas e as duas filhas. Quem é atirador não é o meu cliente, quem é atirador é o (motorista do) carro que tomou o tiro”, declarou.

Já sobre o cumprimento do mandado de busca na casa de Adriano, a defesa informou que foi uma “iniciativa atribulada, extremamente rápida sem ouvir ninguém. Não consegui saber exatamente o que aconteceu ainda, porque aconteceu no fim de semana. O tribunal da internet já o condenou. Vamos mostrar o que aconteceu dentro da possibilidade”.

O advogado reclamou da ação da polícia. Disse que a DIG estourou o portão da casa e mexeu no celular de uma das filhas do homem. A reportagem questionou a Polícia Civil sobre a reclamação. A Polícia Civil informou que “a ação realizada neste domingo (15) ocorreu dentro da legalidade, cumprindo mandado judicial de busca e apreensão autorizado pelo Poder Judiciário”. (Vanessa Ferranti e Vinicius Camargo)