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Rachaduras

Igreja Matriz de Salto de Pirapora segue fechada

Caso tramita na Justiça; de acordo com a Sabesp, processo está em fase final para composição de acordo

08 de Junho de 2024 às 22:52
Cruzeiro do Sul [email protected]
Igreja foi elevada à paróquia por D. Aguirre
Igreja foi elevada à paróquia por D. Aguirre (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO 04/06/2024)

A Igreja Matriz de Salto de Pirapora, a Paróquia São João Batista, é um cartão postal da cidade. Na praça central, rodeada por árvores e bancos, ela chama atenção de quem visita ou vive na cidade. No entanto, quem passa por ali não pode sequer entrar. Isso porque o prédio está fechado desde janeiro de 2022 em virtude do risco de desabamento. A informação foi publicada pelo Cruzeiro do Sul em fevereiro deste ano e, quatro meses depois, o caso continua sem solução.

A decisão de fechar a igreja foi tomada em 9 de dezembro de 2021, após rachaduras começarem a aparecer na estrutura. Os danos são aparentes. Ao dar uma volta pela construção, é possível ver as trincas nas paredes. O problema teria sido causado por um vazamento em uma rede de distribuição de água da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). O caso tramita na Justiça. O padre responsável pela paróquia disse que até o momento não há previsão de reabertura da igreja. A Sabesp informou que o processo está em fase final para composição de acordo judicial. “A Companhia segue aberta a tratativas para solucionar a situação”, informou em nota a Sabesp após questionamento da reportagem.

Matilde de Jesus, de 78 anos, participava com frequência das missas na paróquia. A aposentada conta que agora se desloca para as comunidades católicas nos bairros. “Eu preciso da minha filha para me levar, porque eu não dirijo, então sempre eu vou quando ela vai participar da missa, do contrário não posso ir, fica difícil para gente que tem mais idade”, explica e continua: “como faz falta, eu não sei porque está demorando tanto”, lamentou.

Cleide da Luz Cardozo, de 56 anos, tem uma relação importante com a igreja. A sua filha foi batizada no local. “A igreja é um cartão postal da cidade, faz falta ela estar fechada”.

Justiça

O processo foi levado para a esfera judicial pela prefeitura da cidade. Em janeiro deste ano, o Executivo solicitou à Defesa Civil a realização de uma nova vistoria na igreja, para verificar a situação. Segundo laudos do órgão, em relação à primeira análise, feita em 5 de janeiro de 2022, houve o agravamento de diversos danos. São eles: aumento da umidade nas paredes; expansão das fissuras, rachaduras e trincas nas paredes; crescimento da fresta entre a parede e o forro de madeira na região do altar; sinais de afundamento e de inclinação da parede em direção à calçada na mesma área; e rebaixamento do piso.

De acordo com os laudos, os estragos — provocados, provavelmente, por vazamentos de água ainda não sanados — revelam movimentação da estrutura. Esse deslocamento, completam os documentos, pode ocasionar o desabamento da igreja. Por conta desse cenário, a Prefeitura apresentou uma reclamação que deu origem, no dia 29 de janeiro de 2024, a uma ação civil pública contra a Arquidiocese de Sorocaba, responsável pela administração da paróquia, e a Sabesp.

Na ação, o município pede que a entidade religiosa e a companhia identifiquem, com urgência, se existem vazamentos ainda não resolvidos. Solicita, também, o reparo da construção, de modo a preservar a saúde e a segurança de quem transita pelo local.

O Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) concordou com a ação, que tramita no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP). Em relação aos estragos, vale lembrar que na reportagem publicada em fevereiro, Dom Júlio Endi Akamine, arcebispo metropolitano da Arquidiocese, informou que os danos estruturais não foram causados por falta de manutenção e de conservação por parte da paróquia ou da entidade. (Vanessa Ferranti - Vinicius Camargo)

Construção é histórica

A capela onde está localizada a paróquia São João Batista foi construída em taipa de pilão, em honra a Nossa Senhora das Dores, em 1763, pelo capitão-mor Salvador de Oliveira Lemes, o “Sarutaiá”, conhecido na história como um homem de grandes riquezas. Nessa ocasião, esse era o local onde acontecia a festa de São João Batista a festividade mais esperada pelos moradores da vila.

Em 1802, “Sarutaiá” morre e faz um pedido em seu testamento que todos acendessem uma fogueira em honra a São João Batista todo dia 24 de junho. Segundo informações do site da Prefeitura de Salto de Pirapora, o pedido foi respeitado e virou tradição que se estende até os dias de hoje.

Em 1910, uma nova igreja foi construída ao redor da capela, que posteriomente, foi demolida. O projeto da nova igreja —da forma que ela é conhecida — pertence ao padre e arquiteto Luis Sicluna e foi executado pela comissão formada por Manoel Ferreira Leão, Silvino Dias Batista, Belarmino Cerqueira César, David Teixeira, Balduíno Antunes e Pedro dos Santos.

A Igreja é elevada a paróquia em 1951, pelo bispo Dom José Carlos Aguirre. Hoje, além de ser um local reconhecido pelos fiéis, a igreja matriz é um ponto turístico da cidade. (Vanessa Ferranti com informações da Prefeitura de Salto de Pirapora).

 

 

 

 

 

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