A Prefeitura de Sorocaba busca parcerias para restaurar o prédio do antigo Matadouro Municipal, localizado na Vila Fiori, que está se degradando e sendo tomado pelo mato. Com tijolos aparentes, é baseado no estilo arquitetônico inglês e fica em uma área de 25 mil metros quadrados. O prédio é histórico, sua construção foi tombada pelo município em 1996 por meio do Decreto Municipal nº 10.033.

Em 2019, com base em uma reportagem publicada pelo jornal Cruzeiro do Sul, o Ministério Público do Estado de São Paulo iniciou uma investigação para apurar as circunstâncias do abandono do prédio. No entanto, no começo do mês de maio deste ano, o promotor de Justiça Jorge Alberto de Oliveira Marum decidiu arquivar o inquérito civil diante da manifestação da Prefeitura de que o local está sendo utilizado por duas associações e de que a Secretaria da Cultura recebeu R$ 200 mil para a realização das obras de restauro, estando, inclusive, em tratativas com o Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico (CMDP) para a execução, havendo, ainda, a possibilidade de aporte da iniciativa privada.

Quem passa pelo local, na confluência das ruas Galileu Pasquinelli e Paes de Linhares, percebe a degradação do prédio, que sofre com as intempéries e a falta de conservação adequada. Questionada a respeito, a Prefeitura de Sorocaba informou que já tem uma programação para manutenção do local e que busca parcerias para sua recuperação e melhor aproveitamento do espaço, cujo investimento é elevado e há questões legais, devido às características históricas.

A administração municipal concedeu permissão de uso de parte da área do antigo Matadouro para duas associações, com a finalidade principal de promoção da cultura, arte e proteção de direitos sociais.

A Associação Bodes do Asfalto Sorocaba contemplada para permissão de uso de parte da área tem projetos em andamento e já iniciou a reforma do prédio da antiga sede da Guarda Civil Municipal que servirá como núcleo da associação para organização de eventos. “O propósito da Associação Bodes do Asfalto para uso da área é para a promoção de eventos em prol de outras entidades assistenciais, para o trabalho educacional com crianças e motociclistas na educação do trânsito e treinamentos para a população”, explica Luiz Yabiku, vice-presidente da associação.

Outra entidade contemplada foi a Associação dos Palmeirenses de Sorocaba, a Mancha Verde, que vem realizando trabalhos em comunidades carentes da cidade e oferecendo auxílio por meio de ações sociais junto a outras instituições do município. O espaço cedido pela prefeitura também será sede da associação para a realização de eventos.

Matadouro Municipal

O Matadouro Municipal foi inaugurado em 8 de janeiro de 1928, à margem esquerda do rio Sorocaba, para centralizar todo o abate de bovinos e suínos que viriam a ser consumidos na cidade, atendendo aos padrões de higiene e à legislação do início do século passado. O local funcionou ininterruptamente até 1975, quando deixou de atender aos padrões de higiene e instalações necessárias exigidas pelo Ministério da Agricultura.

A construção é formada por tijolos aparentes, com inspiração no estilo arquitetônico inglês, em uma área com aproximadamente 25 mil m², cortada pelo rio Sorocaba e com bastante vegetação nativa. Enquanto esteve funcionando, evoluiu pouco, tecnicamente, e, periodicamente, é alvo de críticas por parte da população e imprensa em razão da falta de manutenção e higiene.

Ao longo de sua existência, o local já abrigou setores da Prefeitura, como a Assessoria de Sinalização de Trânsito da Secretaria de Edificações, Transportes e Maquinários; a Secretaria de Serviços Públicos; Guarda Civil Municipal (GCM); e Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae).

Prefeitura busca parceiros

Em nota da Secretaria da Comunicação (Secom), a Prefeitura afirma que o prédio foi abandonado por administrações anteriores, o que determinou a aceleração de sua degradação. A Prefeitura reconhece a importância histórica do prédio para Sorocaba, que é tombado pelo patrimônio histórico.

A administração municipal concedeu permissão de uso de parte da área do antigo Matadouro para duas associações, com a finalidade principal de promoção da cultura, arte e proteção de direitos sociais, para melhor utilização em prol da sociedade e, ainda, sob a responsabilidade delas em manter o local limpo, conservado e evitar qualquer tipo de degradação, sob pena da revogação da permissão de uso.

Quanto ao uso do terreno pelo Saae/Sorocaba, a Prefeitura respondeu que a autarquia não mais utiliza parte da área que era voltada à usinagem de areia, à qual tem servido como entreposto para estoque de materiais para obras de requalificação asfáltica, a uma das empresas que realizam o serviço na cidade, também mediante concessão de permissão temporária de uso com devida manutenção.

Por fim, a Administração Municipal já colocou em sua programação a realização de roçagem e limpeza na área tombada, serviço que é periódico. (Gabrielle Camargo Pustiglione)