A família do cantor sertanejo Guilherme Leon, de 32 anos, vítima de um acidente de carro no fim de semana em Mairinque, pede justiça pela morte do músico. Em entrevista ao Cruzeiro do Sul, Jorgina Mainardes, esposa de Guilherme, compartilhou como foram os últimos momentos ao lado do marido em Goiânia. Ainda bastante abalada e machucada fisicamente por conta do impacto da batida, Jorgina pede que o caso não seja esquecido pelas autoridades.

Ela conta que os dois saíram de Mairinque no dia 14 e percorreram 900 quilômetros em busca de realizar o sonho de Guilherme, após conhecerem o produtor Cristiano Kauzner, de Goiânia, há cerca de oito meses. O período foi necessário para o casal se organizar financeiramente e fazer a viagem. Na cidade, o cantor assinou contrato com a gravadora e produziu um vídeoclipe no local. “Ele estava com uma felicidade, porque era o sonho dele. Uma felicidade que você via no rosto dele, um sonho realizado, não sei nem como descrever o que o Guilherme estava sentindo naquele momento".

Já na tarde de sexta-feira (17), eles retornaram para Mairinque. Quase chegando em casa, na madrugada de sábado (18), o acidente aconteceu. Segundo o boletim de ocorrência, o carro em que o casal estava foi atingido de frente. O motorista do outro veículo fugiu do local, mas foi preso horas depois pela Polícia Civil em uma festa, no município de Alumínio. Ainda de acordo com o registro policial, o motorista declarou que ingeriu bebida alcoólica.

Jorgina não se recorda com clareza de todos os detalhes após o acidente. Ela conta que desmaiou e acordou com o Guilherme sobre o seu colo. “Só lembro de ter acordado dentro do carro e ver o Guilherme em cima de mim. Ele me protegeu de todas as formas”. Jorgina foi socorrida com fraturas e escoriações pelo corpo. Ela recebeu alta médica, mas continua com alguns órgãos inchados e falta de ar.

Triste e com sentimento de revolta, ela pede Justiça pela morte do marido. “Me disseram, testemunhas, que ele saiu detrás de um ônibus e entrou na contramão, acertando a gente em cheio, no meio do nosso carro. Ele teve a capacidade de fugir do local, dando desculpa que ele estava ferido. Ainda teve a coragem de ir para uma festa sem a consciência do que ele tinha feito. Espero que ao passar dias ou um mês, ele não pague uma fiança, saia e viva como se nada tivesse acontecido. Minhas filhas terão que passar em psicólogo, porque ele sempre foi um pai muito presente para elas”.

De acordo com o delegado de Mairinque, Espedito Alves da Silva Júnior, responsável pelo caso, a prisão preventiva foi aceita pelo poder judiciário e o homem continua preso. Agora, a autoridade policial aguarda os laudos periciais e o depoimento de Jorgina.

Aniversário de casamento

Guilherme e Jorgina, pais de duas meninas, de 7 e 12 anos, comemorariam, na última terça-feira (21), 14 anos de casados. Além de compartilharem a jornada da paternidade, também dividiam o sonho de ver Guilherme alcançar o sucesso em sua carreira de cantor. Esse era o desejo de toda a família, que o apoiava e o acompanhava nos shows. "Eu apoiava muito ele. Onde eu podia, ajudava”, declarou.

Pai presente e trabalhador dedicado, Jorgina também comenta que Guilherme lutava para sustentar a família. “A gente não é rico. Somos uma familia de classe média baixa, tudo o que ele podia dar para as nossas filhas, ele corria atrás, com muito trabalho. Em qualquer show, ele estava ali cantando, suando a camisa. Muitas pessoas acham que a vida de cantor é balada e ele não era. O Guilherme tinha uma prioridade na vida dele que era a gente. O dinheiro que ele conseguia fazer no evento, ele trazia para dentro de casa, era o nosso ganha-pão”.

Agora, ficou a saudade. “Depois da gravação do clipe dele, ele me abraçou e me agradeceu pelo apoio, por acreditar nele, eu sempre acreditei nele”, salientou a esposa emocionada.