A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) instalou três filtros-prensa para diminuir o volume de resíduos líquidos despejados na barragem do Palmital. Os objetivos são aumentar a segurança e ampliar a vida útil do local, além de gerar economia para a empresa. O anúncio foi feito ontem (26), em coletiva de imprensa na fábrica de Alumínio. O investimento total para a implementação dos equipamentos é de aproximadamente R$ 500 milhões. Do montante, R$ 420 milhões já foram aplicados e os R$ 80 milhões restantes serão usados, gradativamente, em obras de adequação do depósito.

Com capacidade para armazenar até 30 milhões de metros cúbicos de resíduos, a barragem é usada para essa finalidade desde a fundação da CBA, há quase 70 anos. Segundo Alexandre Vianna, diretor de negócio de produtos primários, com o novo sistema de tratamento, a sobrevida da barragem, cuja duração seria de mais três ou quatro anos, se estenderá por mais 20 anos.

O primeiro filtro prensa piloto foi instalado pela empresa em 2015. Após a constatação da eficácia do equipamento, começou, há um ano e meio, a introdução dos três novos, com o ajuste de parâmetros operacionais. Dois deles entraram em operação em abril, enquanto o terceiro ficará de reserva, para ser acionado caso um dos outros apresente problema. O modelo, diz o diretor de negócio, é utilizado em barragens no mundo todo.

Vianna explica que o filtro retira boa parte do líquido dos resíduos gerados pela produção da fábrica antes de encaminhá-los para o depósito, deixando-os mais sólidos. “Esse resíduo, que hoje tem 45% de sólidos, vai ter 75%”, informou. Depois desse processo, a “torta” — como é chamado o resíduo sólido — é levada por veículos específicos para a barragem, onde fica empilhada. Já a água extraída é tratada pelo próprio equipamento e retorna para a cadeia produtiva.

De acordo com Vianna, as máquinas conseguem filtrar até 110 toneladas de sobras por hora. Atualmente, considerando o volume de produção da CBA, de 1,5 mil toneladas por dia, elas têm trabalhado com 65 toneladas por hora.

Conforme o diretor, desde 2018, com a adoção de outra tecnologia para tratamento e reutilização da água, houve o esvaziamento de 81% do líquido concentrado na barragem. A partir de agora, o objetivo é baixá-lo cada vez mais. Ainda segundo ele, os novos recursos promovem sustentabilidade, devido ao reaproveitamento da água, e aumentam a segurança da barragem. “Um efeito desejável é que qualquer barragem, em qualquer situação, quando menos água ela tiver, mais segura estará”, destacou. “Ao não necessitar mais de barragem, tira-se um risco potencial de dentro da empresa.”

Outra vantagem gerada pelos filtros, cita Vianna, é a possibilidade de dar destinação aos resíduos, algo não executável até então. Ele informou que, futuramente, a ideia é repassá-los à indústria cimenteira, para serem utilizados como matéria-prima.

Adaptação da estrutura

De acordo com Vianna, todo o depósito atual será usado para receber os resíduos nessa condição. Para tanto, a CBA desenvolveu, durante mais de cinco anos, pesquisas sobre como adaptá-lo para comportar as pilhas. “É uma característica de aterro, precisa de um aterro para fazer a pilha”, informou. Ele afirmou que, com os aprimoramentos, daqui a 20 anos, quando acabar a vida útil da represa, em vez de construir uma nova, a estrutura modificada poderá continuar operando como aterro.

Agora, conforme o diretor de negócio, a meta é realizar o descomissionamento da barragem, transformando-a totalmente em aterro. Com essa característica, completa ele, é possível, até mesmo, torná-la um bosque, por meio do reflorestamento.