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Dengue

Comunidade quilombola de Votorantim denuncia falta de atenção da Saúde

10 de Abril de 2024 às 22:25
Vanessa Ferranti [email protected]
Comunidade localizada no bairro Votocel reclama do mato alto, lixo e esgoto correndo a céu aberto
Comunidade localizada no bairro Votocel reclama do mato alto, lixo e esgoto correndo a céu aberto (Crédito: CORTESIA / ALIFER CAMARGO)

Os moradores da comunidade quilombola José Joaquim de Camargo, localizada no bairro Votocel, em Votorantim, estão sofrendo com o aumento de casos de dengue. Atualmente, 40 famílias vivem no local. Segundo a população, pelo menos oito pessoas estão infectadas com a doença, no entanto, pelos sintomas, acredita-se que outros moradores também contraíram a arbovirose e se recuperaram em casa. O grande problema é que no local há mato alto e esgoto a céu aberto, o que facilita a proliferação do mosquito.

Alifer Camargo, líder quilombola, de 27 anos, está com dengue. Os sintomas começaram há cinco dias. “Estou com dores e manchas pelo corpo, fraqueza na perna, falta de ar, tontura, náuseas. Nos dois primeiros dias tive sangramento no nariz”, informou. Na terça-feira (9) ele foi ao médico e recebeu dipirona para melhorar a dor.

Paulo Sérgio Magalhães Ferreira, de 54 anos, é morador da comunidade e passa pela mesma situação. Conforme o cozinheiro, os sintomas começaram na sexta-feira (5). “Está feio o negócio. Estou com o corpo doendo, principalmente a parte da barriga. Você vai lá (unidade de saúde), é uma demora para atender, é um pouco-caso... vão para lá..., vão para cá. E é uma grande discriminação com a gente, por sermos do quilombo”, declarou.

O líder quilombola Alifer Camargo cobra ações da Prefeitura. Segundo ele, a estrada da comunidade está com mato alto e há esgoto correndo a céu aberto no local. Além disso, nebulizações não estariam ocorrendo na comunidade. “Está bem complicado aqui. Temos muitas crianças na comunidade e adultos que contraíram o virus da dengue e, infelizmente, vemos abandono pelo município. A nossa comunidade está com mato alto, pessoas do bairro ficam jogando lixo pelo muro da comunidade e a Secretaria da Saúde não faz visitas. Por lei, a nossa comunidade, por ser quilombola, assim como indígenas, ribeirinhas, comunidades tradicionais, tem esse direito, que a Secretaria da Saúde faça visitas nos núcleos das famílias, mas na nossa comunidade não existe isso. Não tem esse olhar aqui para a nossa comunidade”, ressaltou.

Alifer Camargo também pede nebulização em todo o bairro, pois os casos têm aumentado na cidade. De acordo com informações disponíveis no painel de monitoramento da Secretaria de Saúde do Estado, até o momento, há 2.133 confirmações da doença no município. Oito estão em investigação e uma morte foi registrada.

“Gostaria que fosse feita a nebulização não só na comunidade como no bairro também. Tem bastante casos de dengue na cidade inteira. Não vemos o município se preparando para isso, para esse combate contra a dengue, fazendo nebulização nos bairros. E a nossa comunidade fica em uma área de mata”, enfatizou Camargo.

Prefeitura responde

Em nota, a Prefeitura de Votorantim informou que o local é uma Área de Preservação Permanente (APP), pertencente à bacia do rio Sorocaba. Segundo a administração, a Legislação Ambiental Federal veda a implantação de equipamentos públicos, incluindo rede de abastecimento de água e esgoto. A mesma Lei veda o lançamento de esgoto a céu aberto por seus ocupantes, bem como a supressão de vegetação nativa no local.

A Prefeitura informa ainda que a Secretaria de Saúde tem atuado de maneira ampla, com ações de fumacê, bloqueios e campanhas educativas para diminuir a presença do mosquito transmissor da dengue, bem como, potenciais criadouros. “Recentemente, os serviços de saúde para casos de dengue foram ampliados com a criação de dois polos de atendimento exclusivo para pessoas com sintomas leves, além do atendimentos de rotina em todas as 16 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Estratégia Saúde da Família (ESFs). Casos graves são atendidos nas três UPAs. Diariamente as secretarias envolvidas estão nas ruas para combater o vírus transmissor e garantir o melhor atendimento à população”.