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Feminicídio

Incêndio que matou mãe e filha em Porto Feliz foi causado por marido

Wilas Martins dos Santos tirou a vida da companheira e da enteada de 13 anos; em seguida, se trancou no quarto com as vítimas e ateou fogo no cômodo

27 de Fevereiro de 2024 às 15:07
Cruzeiro do Sul [email protected]
Fogo atingiu quarto da residência
Fogo atingiu quarto da residência (Crédito: Reprodução)

A Polícia Civil de Porto Feliz esclareceu a causa do incêndio que matou três pessoas na noite de quinta-feira (22), em Porto Feliz. Segundo a corporação, trata-se de um crime de feminicídio seguido de suicídio. O crime foi cometido por Wilas Martins dos Santos, de 37 anos, que, por não aceitar o término do relacionamento, matou a companheira Débora Cristina de Moraes, de 30 anos, e a enteada, uma adolescente de 13 anos. Os corpos das vítimas e do autor do crime foram encontrados pelo Corpo de Bombeiros carbonizados e trancados dentro de um dos quartos da residência.

De acordo com o delegado da Polícia Civil de Porto Feliz, Raony Brito Barbedo, o casal estava junto há dez anos. Apesar de Wilas não ter passagem policial, ele possuía problemas com bebida alcoólica e, conforme vizinhos, era usuário de drogas. "Débora estava insatisfeita, queria colocar um término no relacionamento, e  Wilas não aceitava isso. Ele tinha tido problemas com álcool, ficou um tempo sem consumir, mas voltou a fazer uso abusivo do álcool. Isso fez com que Débora tivesse que assumir todos os encargos do relacionamento, gastos da casa e até mesmo da barbearia dele", disse o delegado, que solicitou um exame toxicológico para confirmar se na data do crime Wilas teria usado substâncias entorpecentes.

Conforme relatos de vizinhos, a família era tranquila e discreta, sem histórias de confusão ou brigas. Porém, todas as vezes em que Débora pedia para terminar o relacionamento, Wilas "apelava" para o amor que sentia por ela e a enteada. 

A investigação da Polícia Civil conclui que após matar a companheira, Wilas saiu pelas ruas do bairro onde mora a procura de um galão de gasolina. Ao conseguir, voltou para à residência, aguardou a enteada  chegar, a levou até o quarto onde Débora já estava sem vida e trancou a porta. Em seguida, ateou fogo no cômodo. "Foi feito um exame no local pelo Instituto de Criminalística. Ali, não foi encontrado nenhum tipo de vestígio de um acidente como vazamento de gás ou curto circuito da casa", explica o delegado.

O exame necroscópico mostrou que Débora possuía um corte no pescoço, o que confirma que a morte ocorreu antes de Wilas atear fogo na casa. "O corte foi na região da garganta, mas a angulação do corte indica que Wilas estava nas costas dela. Então, foi como se ele tivesse dado um abraço nela e colocado a faca em seu pescoço. Tudo indica que Débora foi surpreendida. Na necropsia, não foi encontrada outra lesão além dessa", afirma o delegado. Já a necropsia de Wilas e da enteada mostra que a morte de ambos ocorreu em decorrência da carbonização.

Em relação às informações que se espalharam pela cidade de Porto Feliz, de que Wilas mantinha relações sexuais com a enteada e de que havia cartas que eles trocavam entre eles, Raony nega: "Essa informação não procede. No exame realizado nas vítimas não havia vestígio de violência sexual e nem mesmo, como se cogitou no município, de que ele teria engravidado a enteada. Ela não estava grávida e a mãe dela também não". Com a motivação e autoria do crime esclarecidos, o delegado aguarda agora o resultado dos laudos. "Estamos aguardando isso para concluir o que passou na mente do autor do crime", finaliza.

Relembre o caso - Polícia Civil investiga incêndio que matou três pessoas em Porto Feliz