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Obras na Castello deixam trânsito lento e irritam motoristas

Mesmo evitando os picos de trânsito, percurso entre Sorocaba e São Paulo demora até uma hora a mais

20 de Janeiro de 2024 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
A maior parte dos problemas na Castello Branco ocorrem entre os quilômetros 31,6 e 22,5, entre Jandira e Barueri, onde a concessionária realiza diversas obras
A maior parte dos problemas na Castello Branco ocorrem entre os quilômetros 31,6 e 22,5, entre Jandira e Barueri, onde a concessionária realiza diversas obras (Crédito: ESTADÃO CONTEÚDO)

As obras em andamento nas rodovias Castelo Branco (SP-280) e Raposo Tavares (SP-270), entre Sorocaba e São Paulo, têm gerado transtornos constantes para os motoristas que trafegam pela região. Em especial, o trecho entre Jandira e Osasco tem se destacado pelos congestionamentos e lentidão, mesmo fora dos horários de pico, levando a um aumento médio de uma hora no tempo de percurso.

Para chegar em Alphaville, em Barueri, Fábio Bittar trafega pelas rodovias Celso Charuri e Castello Branco há mais de 10 anos, de segunda a sábado. Na percepção dele, o trânsito sempre existiu -- assim como uma pista fechada para obras ou manutenções --, mas agora está pior, principalmente com o aumento de caminhões trafegando.

Em condições normais, Bittar, que é proprietário de uma agência de viagens, levaria uma hora para chegar à Região Metropolitana de São Paulo. Nos últimos meses, entretando, o trajeto é concluído no dobro de tempo. Com esses problemas, ele teve que contratar um funcionário apenas para abrir o comércio, já que, por várias vezes, acabou perdendo clientes por chegar tarde à cidade. “Meus horários sempre sofrem alterações e contratamos um funcionário que ficou responsável pela abertura da loja. Muitos dias opto, por sair de Sorocaba mais tarde e também retorno mais tarde para evitar passar mais tempo parado no trânsito. Além disso, consulto o Waze constantemente. É realmente um transtorno sairmos sem saber o horário de chegada no destino”, se queixa o empresário de 48 anos.

Por fim, Bittar afirma não conseguir observar a real utilidade da maioria das obras. “Ao finalizar a obra, ficou tudo igual. Sou muito crítico dessas obras, pois afeta muito a minha rotina”, complementou.

Os problemas na altura do quilômetro 32 na Castello também alteraram a quantidade de vezes que Alex Sandro Corrêa, 46 anos, vai à capital. Ele administra algumas obras particulares, mas diminuiu de cinco para quatro as viagens semanais à capital. “Se não conseguir chegar em São Paulo às 6h, não dá para andar mais. Resta ficar parado por um tempo considerável. Por isso, muitas vezes saio de Sorocaba entre 4h30 e 5h”, revelou.

Para ele, o maior problema agora está sendo no retorno para Sorocaba. “Eles interditaram a ponte do quilômetro 22, que fica próximo a um shopping. Como não dá para andar pela expressa, todo mundo é obrigado a pegar a local. Aí é trânsito geral, uma hora e meia ou quase duas horas para passar do quilômetro 18 ao 25. É horrível”, contou.

CCR e Prefeitura de Barueri

A concessionária responsável pelas obras, a CCR ViaOeste, explica que as intervenções têm como objetivo proporcionar mais segurança e conforto, além de fluidez ao tráfego. “A implantação de remodelação de dispositivos de acesso e retorno busca eliminar cruzamentos de veículos, enquanto as duplicações visam à segregação do fluxo, evitando colisões frontais”, disse a empresa, em resposta a questionamento do Cruzeiro do Sul.

As atuais obras na rodovia Castello Branco, que se estendem entre Barueri e Jandira, tiveram início em maio de 2022. Estão sendo implementadas novas pistas marginais entre o km 22,5 e o km 27, além de faixas adicionais entre o km 27 e o km 31,6 da pista sentido interior (oeste).

Já na rodovia Raposo Tavares, a duplicação entre Vargem Grande Paulista e São Roque começou em setembro do mesmo ano. São 36 quilômetros de duplicação, 12 dispositivos de acesso e retorno e transposição municipal com previsão de conclusão até março de 2025.

A CCR ViaOeste afirma que adota medidas para minimizar impactos, como a liberação parcial de segmentos viáveis para operação, simulações de tráfego, criação de novas alças e faixas adicionais. Além disso, a concessionária utiliza recursos operacionais, como guinchos, inspeções de tráfego e câmeras, para reduzir o tempo de resposta em casos de acidentes ou panes.

Já a Prefeitura de Barueri, em resposta ao jornal O Estado de São Paulo, disse que o retorno do trabalho presencial -- após a suspensão das medidas sanitárias para combate à pandemia de Covid-19 -- também colaborou para o aumento do trânsito em Alphaville e região. De acordo com a prefeitura, houve “aumento considerável pós-pandemia, devido ao retorno das atividades no âmbito do município”.

Alternativa ferroviária

Enquanto a população lida com os desafios causados pelas obras viárias, ressurge a promessa de retomada do transporte ferroviário de passageiros entre Sorocaba e São Paulo. Questionada sobre o andamento do projeto do Trem Intercidades (TIC) Eixo Oeste, a Secretaria de Parcerias em Investimentos do Estado de São Paulo informou que o empreendimento está em fase de estudos de viabilidade pela International Finance Corporation (IFC).

O projeto inicial da ligação ferroviária entre Sorocaba e São Paulo estima um trajeto de cerca de 100 quilômetros, com quatro estações e tempo de viagem de uma hora. A iniciativa integra o Programa de Parcerias de Investimentos do Estado de São Paulo (PPI-SP), visando à criação de uma rede ferroviária regional, com quatro linhas para o transporte regular de passageiros a Campinas, Sorocaba, São José dos Campos e Santos.

A concessão para o Trem Intercidades Sorocaba-São Paulo está prevista para 2026, conforme a carteira estadual de projetos, que abrange mais de R$ 180 bilhões em investimentos públicos e privados. (Wilma Antunes e Thaís Marcolino)