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Natureza

Visitar cachoeiras faz bem à mente; na região, tem muitas opções

Em Tapiraí, por exemplo, estão as cachoeiras do Chá e do Limoeiro, já célebres entre aqueles que gostam de atividades na natureza

09 de Setembro de 2023 às 23:01
Luis Felipe Pio [email protected]
Cachoeira do Chá, em Tapiraí, é famosa entre aqueles que apreciam atividades na natureza
Cachoeira do Chá, em Tapiraí, é famosa entre aqueles que apreciam atividades na natureza (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (14/7/2023))

Não são apenas Brotas, Bonito e outras estâncias famosas que possuem belas cachoeiras. Existem diferentes quedas d’água com nenhum ou baixo custo para visitação e grande potencial turístico na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS). A cachoeira da Chave e a Paradise, em Votorantim, têm grande popularidade entre os moradores locais.

Em Tapiraí, por exemplo, estão as cachoeiras do Chá e do Limoeiro, já célebres entre aqueles que gostam de atividades na natureza. E, na divisa entre Piedade e Salto de Pirapora, tem a cachoeira do Bernardo Alemão -- uma propriedade com quiosques e sanitários, que cobra taxa para entrar.

Além destas, há muitas outras cachoeiras que estão em áreas particulares, mas que teriam potencial de serem exploradas. Ainda que as cascatas de municípios próximos ofereçam belas vistas, Fernando Justi, guia de ecoturismo -- atividade do setor que utiliza o patrimônio natural de forma sustentável para passeios e visitações --, diz que não é sempre que consegue organizar grupos para visita-las.

“Eu acho que precisa de mais divulgação. Para fechar pacotes e vender os passeios, é preciso despertar interesse e curiosidade nas pessoas. E, para isso, as cachoeiras locais precisam ser mais bem divulgadas. No fim, acabamos indo para aquelas mais conhecidas”, justificou.

Fora a viabilidade econômica e sustentável que as cachoeiras podem oferecer, algumas crenças as vêem como lugares de cura e renovação espiritual. Diz-se que a cachoeira, além de ser um admirável fenômeno natural, é um espaço para purificar a alma. A ciência pode não concordar com isso, mas afirma que atividades contemplativas em espaços da natureza, como cachoeiras, são uma alternativa para aliviar o estresse e a ansiedade acumulados no dia a dia.

A profissional em bem-estar e coordenadora do Laboratório de Colaboração Emocional (Enlace) do Centro Universitário Facens, Raquel Barros, explica como as pessoas estão sujeitas a ter sua saúde mental prejudicada por hábitos do cotidiano, como o uso constante de redes sociais. Segundo ela, práticas contemplativas em ambientes da natureza podem ser uma alternativa para lidar com as consequências desses hábitos.

“As múltiplas informações, diversificadas e fora de controle, que chegam às pessoas por meio das redes sociais e internet, colocam o organismo do ser humano em constante estado de alerta, pois toda situação nova gera desconforto e exige adaptação”, afirmou.

Mais próxima de Sorocaba, a cachoeira da Chave, em Votorantim, está passando por melhorias e vai ser transformada em parque - FÁBIO ROGÉRIO (14/7/2023)
Mais próxima de Sorocaba, a cachoeira da Chave, em Votorantim, está passando por melhorias e vai ser transformada em parque (crédito: FÁBIO ROGÉRIO (14/7/2023))

O estado psíquico desencadeado por essa condição que a especialista desenha é o distúrbio de ansiedade. “A ansiedade acontece pelo acumulo de estresse e, por isso, as pessoas passam a sofrer antecipadamente por medo de não controlar situações futuras. Então, quanto mais informações contínuas, quanto mais ‘ameaça’, mais necessidade de controlar o novo”, disse.

Diante do cenário moderno de “vida acelerada”, para alguns surge a necessidade de se afastar do ritmo frenético e dar uma pausa para se conectar com o próprio corpo e com o ambiente ao seu redor. A professora de yoga Júlia Vitta dos Santos, de 25 anos, visita cachoeiras sempre que pode. Eventualmente, ela leva seus alunos a esses lugares para que eles se “desliguem” das demandas cotidianas e possam se concentrar mais em si mesmos. “A gente passa muito tempo de tênis, sempre muito apressado, e perde esse contato com o ‘aqui e agora’, o que pode gerar até depressão. Só de permitir a água passar pelos pés, sentir a textura da grama, já faz muita diferença para nossa mente”, explicou.

Raquel lembra que atividades assim são práticas milenares e hoje comprovadas pela neurociência como efetivas e transformadoras. “São práticas que nos ajudam a conectar com o nosso interior, pois criam uma ponte entre nós, nossas emoções e o nosso corpo. Além disso, o ambiente ao nosso redor também tem um papel fundamental”, destacou.

Júlia conhece várias cachoeiras da região e gosta de fazer trilhas também. Ela enfatiza que em ambientes assim consegue naturalmente se conectar: “Quando eu falo de ir para uma cachoeira com meus amigos, eu me abro para o outro. Me permito socializar, viver aquele momento e entrar em contato com a natureza”.

O publicitário Wagner Augusto Pontes da Silva também gosta de usar o meio ambiente como espaço de bem-estar. “Eu trabalho muito com computador, então, sempre que posso dar uma desligada vou para o meio do mato. E de preferência onde não tenha sinal (de celular)”, contou, rindo. Ele assegura que adorou todas as cachoeiras que visitou em cidades próximas de Sorocaba, com exceção de apenas uma: a cachoeira da Chave, em Votorantim. “Muita sujeira, papel de salgadinho e lixo boiando. Pelo menos, quando eu fui, que já faz um tempo, não estava legal”, lamentou.

A reportagem do Cruzeiro do Sul esteve na cachoeira da Chave há poucas semanas e constatou um cenário diferente daquele com o qual o publicitário havia se deparado antes. A piscina natural da cachoeira e os terrenos que a cercam não estão mais em situação de abandono. O mato no entorno da água foi cortado e os resíduos, como garrafas pet e papéis de sorvetes, retirados.

No lugar, ocorrem, desde abril deste ano, as obras para a implantação do Parque Municipal da Cachoeira da Chave. O projeto, executado por meio de uma parceria com o Governo do Estado de São Paulo, prevê pista de caminhada, banheiros, espaço de alimentação e horário de abertura e fechamento, além de monitoramento da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal (GCM). Segundo a Prefeitura, as obras estão 30% prontas. O contrato prevê o término dos trabalhos no mês que vem. (Luís Felipe Pio, programa de estágio)

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