Cidades
Golpe do carro de luxo fez pelo menos oito vítimas
Lojas de Sorocaba e Itu são investigadas; um dos casos deu prejuízo de R$ 400 mil
Duas lojas de veículos de luxo de Sorocaba e Itu, investigadas pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, fizeram pelo menos oito vítimas nas duas cidades. Há, ainda, outros casos registrados nos municípios de Indaiatuba, Matão, Marília e Penápolis. Em uma das situações, o suposto prejuízo causado chegou a R$ 400 mil. Na semana passada, mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça foram cumpridos na região.
De acordo com a Polícia Civil, a investigação começou a partir de uma ocorrência em que uma pessoa informou ter sofrido golpe aplicado por um indivíduo que se passou por funcionário do setor de segurança do banco no qual é correntista. Segundo o boletim de ocorrência, registrado em junho, o suposto profissional entrou em contato por telefone, informou os dados pessoais do cliente e perguntou se a vítima reconhecia transferências realizadas por PIX. Como o correntista teria dito que não, o golpista o orientou a realizar procedimentos no caixa eletrônico do banco.
Desconfiado, mesmo após seguir as orientações, o cliente retirou um extrato bancário e percebeu que uma transferência no valor de R$ 14.990,00 tinha sido realizada sem autorização. A agência, conta e instituição financeira em que o dinheiro havia sido encaminhado também não constavam no documento.
O caso foi registrado no 93º Distrito Policial, em Jaguaré, na Capital. A partir dessa ocorrência, a Polícia Civil percebeu que uma séria de golpes eram aplicados da mesma maneira: por meio de uma ligação de um suposto funcionário de um banco. Pelo menos oito boletins de ocorrência foram abertos por pessoas vítimas desses estelionatários.
Porém, o que chamou atenção da equipe em relação ao primeiro caso registrado foi o pagamento de Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), realizado diretamente da conta da vítima por meio da fraude.
Por meio da investigação, a Polícia Civil chegou às duas lojas que vendem veículos de luxo em Itu e Sorocaba. Em nome de uma delas havia quatro boletins de ocorrência registrados por estelionato e crimes contra a relação de consumo. Na outra, foram encontrados pelo menos oito boletins de ocorrência de estelionato, falsidade ideológica e, ainda, furto qualificado.
Outra questão que também fez os investigadores desconfiarem das lojas foi a falta de anúncio dos automóveis. Uma das empresas investigadas possuía o registro de 115 veículos e nenhum deles estava à venda no site. No caso da outra loja, 49 veículos foram divulgados, porém, a polícia localizou pelo menos 80 veículos cadastrados no CNPJ da empresa.
Dessa forma, o Tribunal de Justiça de São Paulo expediu mandados de busca e apreensão para serem cumpridos na região. Na quinta-feira (17), por meio da Operação Licenciamento, policiais do 93º Distrito Policial, da 3ª Delegacia Seccional de Polícia e do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap) estiveram em cinco endereços de Sorocaba, Itu e Votorantim.
Durante o cumprimento dos mandados foram localizados e apreendidos 13 veículos de luxo, computadores, uma máquina de contar cédulas e diversos documentos que demonstram a prática dos crimes. Os objetos e os veículos apreendidos foram encaminhados à unidade policial. As investigações continuam para o desfecho do caso.
Mais de R$ 4 milhões
No site de uma das empresas é possível encontrar diversos tipos de veículos de luxo, entre eles Lamborghinis, Porsches e Mercedes, com valores que ultrapassam R$ 4 milhões.
Já em relação às vítimas, um dos maiores prejuízos registrados chegou ao conhecimento da polícia através de um boletim de ocorrência aberto em 2022, na cidade de Indaiatuba. A vítima teria realizado a compra de um Porshe no valor de R$ 400 mil. O veículo foi devolvido, porém o responsável pela empresa não teria feito o ressarcimento do valor pago.
Em outro caso, dessa vez de um morador de Itu, a vítima relatou que comprou um Jaguar 2015 por R$ 350 mil, parcelados. Dias depois da compra, a pessoa que adquiriu o veículo descobriu que o preço do mercado girava em torno de 1/3 do negociado. Dessa forma, a vítima devolveu o automóvel, no entanto, os valores dos cheques compensados pela loja não foram devolvidos ao cliente.
Já em Sorocaba, uma das empresas investigadas comprou um veículo de outra empresa, apresentando dois cheques sem fundo para o pagamento da entrada. Depois disso, os demais pagamentos não foram realizados e o carro foi revendido a uma terceira pessoa. (Vanessa Ferranti)