Cidades
Ainda sem explicação, Tapiraí segue em queda
Dos 27 municípios da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), Tapiraí foi o único que apresentou queda no número de habitantes nos últimos 12 anos. O total de moradores no município passou de 8.012 no Censo de 2010 para 7.996 em 2022, ou seja, menos 16 habitantes, com uma taxa anual de crescimento negativo (-0,02%). Os dados fazem parte dos primeiros resultados do Censo Demográfico 2022, que foram divulgados no último dia 28 de junho, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Porém, no que se refere ao número de domicílios, Tapiraí apresentou crescimento anual de 2,18% na comparação entre os dois censos. Conforme os dados, os domicílios passaram de 3.295 para 4.266 no período. Segundo o IBGE, o domicílio é o local estruturalmente separado e independente que se destina a servir de habitação a uma ou mais pessoas, ou que esteja sendo utilizado como tal.
A diminuição no número de habitantes em Tapiraí, no entanto, não ocorreu pela primeira vez. Segundo os dados do Censo 2010, o último antes de 2022, a redução populacional no município foi maior na comparação com a década anterior. Eram 8.570 pessoas no ano 2000, contra 8.012 em 2010, isto é, 558 habitantes a menos -- o que representa uma queda de 6,51%.
Já no período de 1991 a 2000, Tapiraí apresentou o maior crescimento populacional na comparação entre décadas. No Censo de 1991, o município tinha 5.734 habitantes e passou para 8.570 no ano 2000, ou seja, aumento de 2.836 pessoas -- 49,45%. De 1980 para 1991, Tapiraí também teve aumento no número de habitantes. Passou de 5.093 para 5.734, o que representa 641 pessoas a mais, ou 12,58%.
Mas, após os primeiros anos da década de 1970, o município registrou sua primeira queda no número de habitantes. De acordo com o Censo 1970, o município tinha 5.265 habitantes e caiu para 5.093 em 1980. Na atual plataforma do IBGE, não constam dados dos censos demográficos realizados antes de 1970.
Questionada sobre os motivos para a queda populacional no município, a Prefeitura de Tapiraí disse que “é preciso que seja feita uma avaliação para entender melhor, principalmente após a pandemia da Covid-19, que fez com que houvesse um retrocesso em algumas situações.”
“Não temos como questionar os dados deles (Censo 2022), pois foi feita uma busca das moradias. Uma parte dos munícipes não quis responder ou não foi encontrada, mas acreditamos que com toda metodologia que o IBGE usa, os números estão corretos”, ressaltou a administração municipal.
Turismo e agronegócio
Para evitar que mais habitantes deixem o município, o secretário de Sustentabilidade e Desenvolvimento Econômico de Tapiraí, José Raul Fabbri, afirmou que o município está passando por uma reestruturação. “Hoje temos aqui três grandes pilares: a Mata Atlântica, que compreende 88% do município e é preciso preservá-la; a questão do turismo, que está sendo trabalhado incansavelmente, para que tenhamos resultado tanto no aumento populacional e econômico, como na vinda de turistas para a cidade; e o setor do agronegócio, que visa o fortalecimento da agricultura familiar, para que o agricultor tenha apoio e estrutura técnica para melhorar a qualidade de vida e se manter no município”, destacou Fabbri.
O secretário disse ainda que não falta trabalhador na área rural. “Estamos, inclusive, fazendo um trabalho de qualificação e capacitação para melhorar a produtividade e, consequentemente, a renda”, explicou.
De acordo com a Prefeitura de Tapiraí, outra iniciativa para evitar que moradores deixem o município foi a criação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Sustentabilidade. “Por meio dela estamos trabalhando os três pilares citados (Mata Atlântica, Turismo e Agronegócio) e trazendo as universidades para dentro do município, fazendo com que haja o desenvolvimento da cidade”, ressaltou o secretário.
Morador de Tapiraí desde que nasceu, o músico Guilherme Ayres Pedroso, 31 anos, gosta de morar e viver no município. “Eu amo Tapiraí, por ser essa cidade tão acolhedora, onde todo mundo se conhece. O clima ameno proporciona qualidade de vida e um sono tranquilo, mesmo nos dias mais quentes”, concluiu. (Ana Claudia Martins)