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Estelionato

Polícia dá dicas de como evitar cair no chamado ‘golpe do amor’

Com diferentes formatos, atualmente, há diversas plataformas de relacionamento disponíveis no Brasil

29 de Junho de 2023 às 23:01
Vanessa Ferranti [email protected]
O caso mais recente aconteceu no último fim de semana, no bairro Brasilândia, na zona norte de São Paulo
O caso mais recente aconteceu no último fim de semana, no bairro Brasilândia, na zona norte de São Paulo (Crédito: TÂNIA RÊGO / AGÊNCIA BRASIL)

 Pessoas que buscam um amor ou até mesmo um encontro casual têm usado com frequência os aplicativos de relacionamentos. Com diferentes formatos, atualmente, há diversas plataformas do gênero disponíveis no Brasil. Para utilizá-las basta fazer um cadastro simples e preencher a conta com fotos e interesses pessoais. Porém, o uso facilitado das ferramentas faz com que golpistas utilizem perfis falsos para cometer os crimes, que iniciam no ambiente virtual e terminam na vida real. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP), de janeiro a março deste ano, 50 sequestradores dessa modalidade foram presos no Estado.

O caso mais recente aconteceu no último fim de semana, no bairro Brasilândia, na zona norte de São Paulo. Um médico de 36 anos, morador de São Roque, foi sequestrado e mantido em cativeiro por cerca de 24 horas enquanto era extorquido por uma mulher, de 48 anos, que conheceu em um aplicativo de relacionamento e mais dois homens, de 54 e 24 anos. O resgate aconteceu na noite de segunda-feira (26).

Segundo a SSP, a vítima havia marcado um encontro presencial com a mulher e, ao chegar no local combinado, foi abordada pelos autores do crime. Eles estavam em um carro e levaram o homem até um cativeiro na rua Manuel Nascimento Pinto, na capital, onde supostamente reside a mulher.

No cativeiro, o homem foi amarrado e obrigado a entregar seu celular, junto a senhas de aplicativos bancários. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública diz que, após receber uma denúncia anônima, a polícia enviou agentes ao local e os três criminosos confessaram que estavam recebendo transferências bancárias da vítima. Enquanto realizavam buscas pela casa, os policiais foram informados sobre o local onde o homem estava preso e o resgataram.

A vítima contou à polícia os detalhes do sequestro e disse que, durante a noite, foi deixado sozinho, após os autores serem informados da presença policial nas redondezas. Os criminosos foram presos em flagrante.

Na semana passada, em 22 de junho, a Polícia Civil de Sorocaba prendeu em Mairinque uma auxiliar de enfermagem que roubava idosos após conhecê-los, também, por aplicativos de relacionamentos. A mulher, de 47 anos, ia até a residência dos homens e colocava remédio para dormir na bebida ou comida da vítima e subtraia os objetos do local, como dinheiro, joias, calçados e até um veículo.

Para alertar as pessoas sobre situações como essas, a Polícia Civil criou uma cartilha com orientações sobre crimes cibernéticos. De acordo com o documento, os criminosos utilizam de estratégias, como conversas sedutoras e juras de amor, para ganhar a confiança da vítima. Em um segundo momento, após envolver a pessoa com declarações, o golpista cria mentiras com o intuito de obter vantagem econômica, em prejuízo da vítima. “As mentiras utilizadas pelos criminosos são as mais diversas como, por exemplo, usar a desculpa de que deseja conhecer pessoalmente a vítima e então pedir dinheiro emprestado a ela para comprar supostas passagens”, informa a cartilha.

A Polícia Civil comunica, ainda, que o estelionatário, muitas vezes, também diz que está enviando um presente, como joia e dinheiro, mas que para retirar o pacote será necessário pagar uma taxa, fornecendo então uma conta bancária de pessoas de confiança do próprio golpista.

Para evitar ser vítima do crime, o órgão orienta os usuários a ficarem atentos a algumas situações. O primeiro passo é marcar encontros preferencialmente em locais públicos e informar a família ou amigos de confiança sobre hora e local marcado. Deve, ainda, desconfiar de solicitações de empréstimos de altos valores, independentemente da situação relatada, dialogar com parentes e amigos sobre o seu relacionamento e pedir opinião deles sobre qualquer pedido de valor.

A vítima não deve apagar as conversas realizadas com o criminoso e deve tirar cópia de todas as conversas e comprovantes de depósitos ou transferências bancárias realizadas; anotar os dados das contas bancárias para as quais o dinheiro foi enviado e entrar em contato com o gerente do banco para bloquear o valor. Após coletar todas as informações, um boletim de ocorrência deve ser registrado na delegacia mais próxima ou pela internet através do site www.delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br, na opção “outros crimes”. (Vanessa Ferranti, com Estadão Conteúdo e Polícia Civil)