Latrocínio
Polícia Civil identifica dois responsáveis pela morte de advogado em Tietê
Investigações mostram que o crime ocorreu de maneira extremamente violenta
A Polícia Civil de Sorocaba, em conjunto com os policiais de Tietê, identificou duas, das quatro pessoas responsáveis pela morte do advogado Silvio Martins Bonilha Filho de 63 anos em 15 de março deste ano, em Tietê. Trata-se de uma mulher, de 31 anos, que teve um relacionamento afetivo com o advogado por alguns meses. Ela foi presa no dia seguinte do crime, em Sorocaba. Já o outro indivíduo é um homem, detido no último dia 14, em Campinas. A dupla continua presa.
As investigações mostram que o latrocínio ocorreu de maneira extremamente violenta. A vítima foi esfaqueada com canivete 11 vezes e deixada trancada dentro do banheiro de sua residência. Quando a equipe policial chegou ao local, encontrou, além do corpo, a casa totalmente bagunçada. “Procuraram bastante por dinheiro pela casa e objetos de valor. Foi um crime bárbaro e violento. A vítima era conhecida e muito respeitada na cidade. Foi uma morte com requintes de crueldade”, disse o delegado Acácio Aparecido Leite.
Segundo a autoridade policial, logo após o crime, a mulher foi prontamente identificada como uma pessoa que tinha tido um relacionamento com o advogado no passado. Após diligências, a Polícia Civil prendeu a mulher no dia seguinte do crime. “Quando ela foi presa, já estava com a mala pronta para sair da cidade. Em um primeiro momento, havia a notícia de que ela teria ido para o Paraguai, mas ela veio para Sorocaba. Durante o período que ficou em Sorocaba, ela utilizou os cartões de crédito da vítima, para fazer compras aqui na cidade e até mesmo para abastecer o carro”.
O delegado descreve o perfil da mulher como “viúva negra”. De acordo com ele, a análise das várias redes sociais que ela possui mostram fotos trabalhadas, com poses sensuais e sempre em busca de relacionamentos com homens maduros e com condição financeira já definida. “Nós entendemos que houve um relacionamento até certo ponto duradouro, mas no final, justamente por já não ser mais interessante pra ela, houve essa integração com os indivíduos para o cometimento do crime. Certamente houve uma reação do advogado e para que não houvesse um reconhecimento por parte dele, ele acabou sendo morto e, em seguida, subtraído tudo”.
Os quatro envolvidos no latrocínio levaram em torno de R$ 6 mil em espécie, além de joias e coleções de relógios e canetas: “Esse indivíduo que foi preso em Campinas falou que somente a parte dele teria dado mais de R$ 40 mil. Vamos imaginar que são quatro pessoas, então temos algo em torno de R$ 200 mil com a venda desses produtos. Isso não quer dizer que os produtos valiam isso, normalmente são vendidos por um valor menor. Mas estamos imaginando um valor considerável que tenha sido subtraído da vítima”, comenta o delegado.
O segundo indivíduo, um jovem de 18 anos, preso neste mês, foi identificado pelas imagens de estabelecimentos próximos à casa da vítima. Tanto ele, quanto a mulher foram indiciados e tiveram a prisão decretada. “O Ministério Público já os denunciou. Ou seja, eles já são réus de um processo de roubo seguido de morte, que é o latrocínio”. Os outros dois indivíduos que participaram do crime seguem foragidos. A polícia continua agora com as investigações para identificá-los e, quando identificados, terão a prisão decretada e serão recolhidos para que respondam ao processo preso. O delegado explica que por ser um crime de roubo seguido de morte, eles não vão a júri, mas sim ao juízo comum.
Versão ‘mirabolante’
Quando decidiu falar sobre o ocorrido, a mulher contou à polícia uma versão considerada pelos policiais fantasiosa e mirabolante. Ela afirma que foi procurada pelos três indivíduos para que ela intermediasse uma consulta advocatícia. Durante essa consulta, teria ocorrido o roubo. “Esses indivíduos teriam roubado a vítima e ela teria chegado na casa depois. Nesse momento que ela estava na casa, a vítima teria tentado violentar as partes íntimas de sua filha e ela, reagindo a essa agressão, teria matado a vítima”, explica o delegado.
Acácio volta a repetir que a versão da mulher é mirabolante, pois com a sua condição física, visto que tem 1,50m, ela seria incapaz de fazer isso sozinha. “Qual que é o sentido de depois de roubado, a vítima fazer isso? Essa situação de consulta advocatícia, ao nosso ver, é fraudulenta, é falsa. Essa questão do filho também é uma versão muito mirabolante”.
Agravantes podem aumentar a pena
O delegado explica que latrocínio é um dos crimes mais graves do código penal, com pena de 12 a 30 anos, mas que agravantes como estes, da maneira que a vítima foi assassinada, podem fazer ser maior.
Ele lembra que o advogado não morreu no momento em que recebeu os golpes, ele ficou trancado dentro do banheiro e morreu somente no dia seguinte, como apontam os laudos da necropsia realizada. “Isso tudo são agravantes. A cena do crime é muito forte. Um senhor idoso trancado no banheiro, desnudo, a casa bagunçada, objetos subtraídos, coisas que ele tinha muito carinho, todas essas questões, além da dificuldade dele se defender, são levadas em consideração na somatória da pena no final do julgamento”.