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Recuperação do CEI-3 no Jardim São Paulo custará R$ 4 milhões

22 de Setembro de 2018 às 20:00

 

Abandono do local preocupa vizinhos que relatam medo com a segurança do bairro. Crédito da foto: Erick Pinheiro

 

Interditado há três anos, desde que sofreu avarias em sua estrutura, o prédio do Centro de Educação Infantil (CEI-3) Dona Zizi de Almeida será recuperado pela Prefeitura de Sorocaba. O Poder Executivo anuncia que elaborou um projeto de reconstrução do bloco A, que conta com área de 630 metros quadrados, e reforma dos blocos adjacentes, que contam com área total de 1.115 metros quadrados. Para isso, abrirá processo licitatório, sendo que os valores que forem dispendidos nesta ação poderão vir a ser ressarcidos aos cofres públicos pela empreiteira, caso a municipalidade vença a ação judicial que discute a questão da garantia de obra. O custo estimado é de cerca de R$ 4 milhões, podendo sofrer variações no decorrer da execução.

O CEI-3 fica na rua Capitão Pedro Tavares, 280, próximo ao Largo do Divino, no Jardim São Paulo. Para a construção do prédio escolar foram investidos R$ 2,9 milhões pela Prefeitura, que contratou a empresa Marcos & Santos Engenharia S/A para o serviço. Como a obra apresentou graves falhas estruturais, o gasto não parou por aí. Desde 2015 até o momento a Prefeitura gastou cerca de R$ 300 mil com aluguel para abrigar 110 crianças no CEI 109, localizado no Jd. São Carlos. Com a recuperação do prédio do CEI-3, além dessas 110 crianças, ainda terá vaga para mais 90. Atualmente a fila de espera para as creches soma 3.664 crianças.

Enquanto a recuperação do imóvel não ocorre, os moradores das imediações continuam sofrendo com os bichos peçonhentos que entram em suas casas devido ao mato alto no terreno. Outra preocupação é com relação a desocupados que costumam invadir o imóvel, e deixam a vizinhança vulnerável a assaltos. Além desses fatos, tem a rachadura nas casas, causada pela obra mal feita, que sofreu afundamento de solo e prejudicou quem mora perto do prédio escolar.

A auxiliar administrativo Gisele Aparecida Feijó de Melo, que mora no local há 17 anos, mostrou para a reportagem as rachaduras no muro e nas paredes de sua casa. “Apareceram depois que iniciaram as obras, isso afetou não só a minha residência, mas de todos que são vizinhos desse prédio. A gente tem medo de ceder. Choveu muito esses dias e começou a desbarrancar”, afirma.

No ano passado Gisele já tinha sido ouvida pela reportagem do jornal Cruzeiro do Sul a respeito do mesmo problema. “Não fizeram nada assim mesmo”, completa. Naquela oportunidade, sua vizinha Neusa Maria dos Santos também deu depoimento sobre o problema. “A dona Neusa morreu e não conseguiu ver o problema solucionado”, lamenta. Marido de Neusa, o comerciário aposentado Edison dos Santos lembra que a esposa queria muito uma solução para isso. “Mas continua tudo largado aí. É uma judiação esse abandono. Veja o quanto de dinheiro foi gasto sendo que tem criança precisando de escola”, observa. Edison diz que gostaria de ver a Prefeitura tomando alguma providência. “Afinal, vai ficar quanto tempo assim? É um absurdo isso.”

 

Interdição foi motivada por rachaduras

 

O prédio da CEI-3 teve sua primeira inauguração em dezembro de 2012. Logo os problemas foram percebidos e o início de uso da unidade adiado. Reparos foram realizados e a escola foi inaugurada de novo, desta vez em dezembro de 2013. Já em uso, funcionários perceberam a gravidade das falhas estruturais -- afundamento de solo e rachaduras em pilares, pisos e paredes -- e a interdição definitiva aconteceu em julho de 2015.

Prefeitura diz que reforma gerará mais 90 vagas. Crédito da foto: Erick Pinheiro

A Prefeitura ingressou com um pedido de medida cautelar, na Vara da Fazenda Pública, contra a Marcos & Santos Engenharia -- a ação ainda corre na Justiça. Em meados de 2016, o processo recebeu um laudo do engenheiro José Eduardo Molineiro, que apontou que as rachaduras teriam sido provocadas por falhas no aterramento e na fundação. A recomendação do documento técnico foi pela demolição de todo o bloco A, composto por oito salas de aula e banheiros.

“Desta forma, visando corretamente instruir o processo judicial, fez-se necessária a produção de prova via perícia judicial, ficando assim a Prefeitura impossibilitada de realizar qualquer ação no prédio, até que esta se realizasse, fato este que ocorreu somente no fim do primeiro quadrimestre de 2018”, justifica a Prefeitura.

Desde então, após ter sido produzida a prova pericial, a Prefeitura já concluiu projeto para a recuperação do prédio. O processo está em análise interna visando a publicação do edital.

A Marcos & Santos Engenharia foi procurada, pela reportagem, no número de telefone que consta em seu registro da Receita Federal. O mesmo, entretanto, hoje pertence a um escritório de contabilidade. A advogada Rita de Cássia Andrade Machioni Pereira dos Santos, que aparece na ação como responsável pela defesa da empresa, também não foi localizada no escritório. A reportagem deixou recado mas não houve retorno, nem mesmo no dia seguinte.

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