Raposo Tavares tem pontos de conflito em área urbana de Sorocaba
Especialistas sugerem parcerias entre a Prefeitura e as concessionárias para fazer melhorias na via. Crédito da foto: Emidio Marques (19/9/2019)
As alças de acesso aos bairros que margeiam a rodovia Raposo Tavares, as entradas e saídas das marginais e de empresas instaladas ao longo da pista, e a falta de passarelas em alguns trechos, como em frente ao novo Hospital Regional de Sorocaba, “Adib Domingos Jatene”, no km 106, são os principais pontos de conflito da rodovia, entre os km 92 e km 110, na passagem pela área urbana de Sorocaba.
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A avaliação foi feita ontem pelas engenheiras civis e professoras do curso de Engenharia Civil, da Universidade de Sorocaba (Uniso), Fabíola Palinkás e Melodie Kern. Elas têm mestrado em Engenharia Civil e afirmam que o projeto geométrico da rodovia Raposo Tavares, em Sorocaba, não tem falhas graves ou erros de engenharia que possam comprometer a segurança viária dos motoristas.
Lembram que a Raposo é uma rodovia estadual quase centenária, que foi inaugurada em 1922, e que precisa de melhorias em alguns pontos para se adaptar ao crescimento de Sorocaba, sobretudo, no trecho que corta a cidade, totalizando aproximadamente 18 quilômetros de extensão (km 92 ao km 110), cuja administração é de responsabilidade da CCR ViaOeste há mais de 20 anos.
A pedido do Cruzeiro do Sul, as engenheiras fizeram uma análise do projeto geométrico da Raposo por meio do aplicativo Google Earth, onde é possível visualizar mapas em três dimensões virtualmente, por meio de imagens capturadas por satélite. Além disso, na manhã de quinta-feira (19), por duas horas, a equipe de reportagem percorreu os 18 quilômetros da rodovia, nos dois sentidos, acompanhada das professoras. Elas fizeram uma análise “in loco” de vários pontos ao longo da Raposo, que constantemente são alvos de reclamações dos motoristas, como os acessos das marginais para os vários bairros que margeiam a rodovia.
Marginais
As marginais da Raposo são um ganho para os motoristas e cumprem a função de facilitar a saída da via expressa, avaliam as engenheiras. Crédito da foto: Fábio Rogério (19/9/2019)
Na avaliação das engenheiras as marginais da Raposo, que também não possuem falhas graves ou erros de engenharia em seu projeto geométrico, são um ganho para os motoristas e cumprem a função de facilitar a saída da via expressa, de trânsito rápido, para as vias marginais e consequentemente para as vias nos bairros que margeiam a rodovia.
“Em termos de projeto geométrico a Raposo não tem grandes problemas até porque na época em que ela foi projetada foi tomado cuidado, por exemplo, com a implantação de curvas verticais e horizontais, já que não tinha orçamento suficiente para muitas obras de terraplenagem. A movimentação de terra é cara e deixa o projeto geométrico com custo elevado. Já a construção das marginais também acompanhou o projeto geométrico da rodovia, então, elas também não tem problemas estruturais”, diz Melodie.
Fabíola destaca também que a rodovia é antiga e que ao longo dos anos foram feitas adaptações para atender a atual demanda de veículos no trecho de Sorocaba. “Nessa questão, as marginais são muito importantes porque elas absorvem a entrada e saída dos veículos de outras vias. E isso é importante tanto para os veículos ganharem velocidade quando vão migrar da marginal para a pista expressa e ao contrário também”, diz.
Acessos
As engenheiras Fabíola e Melodie, junto com a reportagem, analisaram as entradas e saídas das vias marginais da Raposo no km 102, na altura da Uniso, a alça de acesso ao Campolim, a entrada e saída do Hospital Unimed, o acesso em frente a Sorocaba Refrescos saindo da rua Antônio Aparecido Ferraz (km 104), acesso ao bairro Chácara Reunidas São Jorge (km 105), e a falta de acesso e de passarela em frente ao novo Hospital Regional, no km 106.
A conclusão das engenheiras em relação aos pontos citados acima é que no caso da passarela, que até o momento ainda não foi instalada, a responsabilidade é da concessionária ViaOeste, em conjunto com o governo estadual, por meio da Agência de Transporte do Estado (Artesp).
Engenheiras Fabíola e Melodie descartam falhas em projeto geométrico da rodovia. Crédito da foto: Emidio Marques (19/9/2019)
Já em relação aos acessos, Fabíola e Melodie entendem que nos casos citados a responsabilidade por fazer melhorias nos locais é da Prefeitura em parceria com a própria concessionária e o Estado. No caso das entradas e saídas de empresas ou empreendimentos, por exemplo, os próprios estabelecimentos podem melhorar os acessos, pois eles estão dentro das áreas das empresas e não nas marginais.
Outro ponto que elas esclarecem é que as marginais existem para facilitar o acesso aos bairros e aos empreendimentos e exatamente por conta disso a velocidade é menor. Por isso, a importância de se respeitar o limite de velocidade de 70 km/h nas marginais, já que a qualquer momento os veículos podem reduzir a velocidade para sair da via e entrar em uma rua ou em algum comércio.
“O que a CCR ViaOeste pode melhorar nas marginais é reforçar a sinalização e colocar redutores de velocidade para que o motorista reduza a velocidade por conta dos acessos aos bairros. Isso permite que os veículos entrem e saiam com mais segurança”, diz Fabíola.
Já Melodie sugere que tanto o poder público municipal e estadual, além da concessionária e das empresas, podem fazer uma parceria no sentido de melhorar os acessos aos bairros ao longo da rodovia. “Em vários pontos que a gente viu hoje não tem as curvas de concordância horizontal, seja por falta de espaço ou de recuo. Então, tem que melhorar e quando não for possível, é preciso sinalizar”, aponta.
Acessos foram adequados, diz ViaOeste
Questionada, a CCR ViaOeste afirma que “os acessos citados fazem interferência direta com vias urbanas municipais e foram construídos antes da empresa assumir a concessão. Os acessos foram adequados durante a construção das vias marginais, que ocorreu entre 2008 e 2014. Ressaltamos que todos os projetos foram aprovados pela Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp)”, informa.
A ViaOeste disse ainda que “todos os projetos realizados pela concessionária seguem as normas técnicas e legislações vigentes, além de serem analisados e aprovados pela agência reguladora”.
Sobre o projeto de duplicação e de construção das marginais da Raposo, a ViaOeste afirma que “para aprovação e implantação dos projetos em questão, são necessários diversos estudos prévios, dentre eles, o Estudo de Tráfego. Estão envolvidos nestes estudos, além do corpo técnico da concessionária, consultores e projetistas especializados. E como informado anteriormente, os projetos somente são implantados após aprovação (inclusive dos estudos) da Agência Reguladora”, diz.
Sobre a implantação de passarelas, a ViaOeste afirma que “segue critérios técnicos definidos no contrato de concessão e a construção de novas estruturas depende da aprovação da Artesp. Foram previstas quatro passarelas na região e todas foram implantadas”, cita.
Vistoria geral
A Artesp informou, por meio da sua assessoria de imprensa, que está realizando uma vistoria geral no trecho para verificar melhorias que possam ser feitas na sinalização e acessibilidade ao novo Hospital Regional de Sorocaba, tanto de pedestres quanto de veículos que utilizam a rodovia. Com relação aos acessos em marginais, segundo à Artesp, cabe ao interessado apresentar pedido de autorização junto à concessionária ou à própria Artesp, assim como projeto e eventuais medidas mitigatórias, entre outras exigências técnicas. (Ana Claudia Martins)
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