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Queda nos atendimentos a casos de AVC preocupam

29 de Outubro de 2020 às 08:39

Frequência de acometimento é maior em pessoas acima de 60 anos. Crédito da Foto: Pixabay

Pesquisa da Organização Mundial de Derrames, a World Stroke Organization (WSO) aponta que os atendimentos a casos de acidentes vasculares cerebrais (AVC) diminuíram cerca de 60% em todo o mundo durante os primeiros meses da pandemia do novo coronavírus.

Segundo o estudo, a redução do número de atendimentos foi motivada principalmente pelo medo de contágio pela Covid-19, já que muitas pessoas interromperam consultas de rotina e alguns pacientes deixaram de buscar atendimento mesmo apresentando sintomas graves de AVC. O estudo foi publicado às vésperas o Dia Mundial do Acidente Vascular Cerebral (AVC), celebrado nesta quinta-feira (29). A data foi criada em 2006 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com intuito de conscientizar a população sobre a importância de prevenir a doença.

Médico responsável pela equipe de Neurologia do Hospital Evangélico de Sorocaba (HES), Renato Augusto de Andrade confirma a diminuição dos atendimentos de pacientes na cidade durante a pandemia e assinala que o fenômeno é preocupante, já quando há demora para a busca do tratamento, aumentam os riscos de óbito ou, a depender da área do cérebro comprometida, de passar o resto da vida em coma ou com sequelas graves. “A procura rápida por um pronto-socorro logo nos primeiros sintomas é decisivo para o prognóstico do paciente”, afirma.

Segundo ele, nos casos de AVC isquêmico, quando o paciente vai ao hospital em até com quatro horas e meia após o início dos sintomas, são altas as chances de reversão, por meio de tratamento que desobstrui a artéria e normalizado fluxo sanguíneo para a área cerebral afetada.

O AVC pode ser dividido, basicamente, em dois tipos: isquêmico e hemorrágico. A hemorragia ocorre quando um vaso cerebral se rompe. Nos casos de hemorragia de maior volume, é necessário fazer o esvaziamento cirúrgico do coágulo. A isquemia, por sua vez, ocorre quando uma artéria cerebral obstrui subitamente, causando falta de sangue para a região cerebral para qual ela levava sangue.

Andrade enfatiza que, aos primeiros sintomas do problema, é preciso se apressar com o paciente para o hospital. Os sinais, segundo ele, variam de acordo com a área afetada do cérebro, e podem ser dificuldade de fala, adormecimento ou perda de força na perna ou no braço ou, ainda, de um dos lados do corpo, sensação de língua grossa ou dor de cabeça súbita com perda de consciência.

Mesmo com a frequência de acometimento maior em pessoas acima de 60 anos, com as mudanças da rotina, o AVC vem sendo observado em adultos com média de idade de 45 anos. De acordo com o médico, a melhor forma de reduzir o risco de AVC é manter um estilo de vida saudável, com bons hábitos alimentares e a prática regular de atividades físicas. “Importantíssimo controlar a hipertensão se for hipertenso, controlar a diabete se for diabético. Reduzir o estresse, fazer atividade física, não fumar e evitar sal na alimentação e o sobrepeso”, recomenda.

O AVC é a doença que mais incapacita e a segunda que mais mata em todo o mundo, atrás somente de doenças cardíacas, conforme a OMS. Segundo o órgão, cerca de 13,7 milhões de pessoas foram acometidas no mundo em 2019 e dentre estas, mais de 5 milhões vieram a óbito. No Brasil, cerca de 100 mil pessoas morrem todo o ano em decorrência de AVC, segundo o Ministério da Saúde. (Felipe Shikama)