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Primeiro e único caso de coronavírus em Salto de Pirapora, jovem de 19 anos está curado

12 de Abril de 2020 às 16:43
Marcel Scinocca [email protected]

Caio Hadadd, no dia em que teve a "cura" anunciada pela mãe. Crédito da foto: Arquivo Pessoal

 

Vítima do primeiro e o único caso confirmado do novo coronavírus  -- até domingo 12 de abril -- na cidade de Salto de Pirapora, na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), o jovem Caio Vinícius Haddad, de 19 anos, está curado. A informação foi divulgada pela mãe dele, Késia Haddad, em redes sociais, na quinta-feira (9). Neste domingo, ela conversou com o Cruzeiro do Sul e deu detalhes de como foi a vida do jovem e da família nos últimos dias, em especial, durante o isolamento.

Recebendo a notícia

Caio, que é funcionário de um hospital particular de Sorocaba, fez o exame em 26 de março. A confirmação veio dois dias depois. O próprio Caio contou para os pais que era portador de covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus.

“Quando recebemos a notícia da confirmação do exame são muitos os sentimentos ao mesmo tempo. O primeiro é o medo, mas precisávamos estar bem para ele ficar bem com aquela notícia. Isso era fato”, fala.

Isolamento

Késia conta que o isolamento foi um teste para a família. “Foram longos 14 dias de medo, de paciência, dúvidas, mais muita fé, força, crendo que tudo logo ia passar”, diz. “Somos uma família muito unida, com beijos para sair e quando voltamos, para dormir e quando acordamos. Então foi bem difícil todo este isolamento”, conta.

“só preciso de um abraço”

Ela ressalta sobre uns dos dias mais difíceis desse período, que enfrentou ao lado do marido, Fabrício Haddad. “Um dia bem difícil para mim foi [quando] bati na porta do Caio e perguntei se estava tudo bem. [Ele] estava muito calado lá havia horas. Perguntei se precisava de algo, água, comida e ele me respondeu “só preciso de um abraço””, conta a mãe. “Aquilo caiu como um peso na minha vida, não poder fazer nada por ele naquele momento como mãe, colocar no colo e apertar bem forte. Eu não podia fazer nada além de orar e pedir o consolo de Deus”, afirma.

Família Haddad: pequena Sarah precisou se afastar da família durante isolamento. Crédito da foto: Arquivo Pessoal

 

Késia diz ainda que a filha, Sarah, de 11 anos, foi retirada da casa no momento da suspeita, quando Caio fez o exame. “Foi algo bem difícil de administrar. Deixá-la longe por tanto tempo, mas necessário naquele momento de tratamento com o Caio”, diz.

Caio ficou em isolamento total, dentro do seu quarto, onde fazia suas refeições. “Quando saia era apenas para o uso do banheiro mediante o uso da máscara, sempre”, garante a mãe. Seus utensílios eram separados e higienizados frequentemente.

“Para lavar suas roupas era necessário colocá-las em um saco para levar até a máquina, sempre usando luvas e máscara”, acrescenta sobre o período. Ainda conforme a mãe, a casa era limpa entre duas a três vezes ao dia. “Muita água sanitária e “lysoform” em tudo”, conta.

Em se tratando de sintomas, Caio teve apenas a perda do paladar e do olfato durante o período de isolamento. “Foram os únicos sintomas. Ele ficou muito bem todos os dias”, afirma. “Para nós, pais, todos os dias ainda tínhamos algum medo em ter algum sintoma diferente. Toda noite antes de dormir conversava com ele. Tinha um aperto no peito todo dia antes de dormir”, lembra.

Solidariedade

Durante o período de isolamento, Késia lembra do amor ao próximo e da solidariedade. “Viver o amor do próximo é algo inexplicável. Aquelas pessoas que fizeram as nossas compras e não deixaram faltar nada na nossa casa. Recebemos muitas coisas em casa, cada dia era uma surpresa. Cesta de café da tarde, bolos, pães, café da manhã. Cada dia era surpresa nova, cartinhas. Algo que alegrava nossas vidas naquele momento tão difícil que estávamos vivendo”, relembra.

“O preconceito, a falta de humanidade, julgamento, que também existe é muito ruim, mais era preciso passar por este lado também. Creio que para valorizar ainda mais todo amor que estávamos recebendo. As pessoas fizeram muita diferença neste tempo, com mensagens, ligações e muita oração”, argumenta a mãe de Caio. Ela termina afirmando que foi uma experiência difícil. “Porém válida para glorificar o nome do Senhor Jesus e agradecer até mesmo nas lutas, pois ele sempre esteve ao nosso lado.”

Rede social

“E hoje declaramos a cura na vida do Caio.” Assim abriu o texto, Késia Haddad, ao falar do filho, quando anunciou em redes sociais que ele estava curado da doença. No texto, a mãe fala de boas notícias. “Vamos compartilhar notícias boas também sobre o covid-19, pois ele [Caio] é mais um curado. “Toda honra e toda Glória seja dada ao nome do Senhor”, afirmou.

“E hoje declaramos a cura na vida do Caio.”

“Testemunho lindo que o Caio vai carregar para a sua vida toda, a vida depois do covid-19. Somente vivendo para saber o que é, e nós como família do Caio vamos testemunhar principalmente o amor, que sempre deve existir”, afirmou em outro trecho.

“Viver tudo isso foi com a permissão de Deus, para poder testemunhar a todos o seu amor, cuidado e proteção. Deus estava cuidando todos os dias e nem sintomas ele teve. Cuidou de toda a nossa família neste momento, tanto emocional como físico”, conclui.

A postagem teve dezenas de comentários e compartilhamentos, além de quase 300 curtidas.

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