Projeto de estudantes da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em Sorocaba, capacita mulheres em situação de vulnerabilidade social, por meio de oficinas de artesanato, artes e cursos profissionalizantes, proporcionando uma fonte de renda autônoma e sustentável. As atividades semanais ocorrem no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) da Vila Helena, unidade ligada à Prefeitura de Sorocaba que trabalha para promover o fortalecimento de vínculos familiares.

Chamado de projeto “Romanas”, a iniciativa foi selecionada para a segunda edição do Prêmio “Cooperando para um Amanhã Melhor 2023”. Segundo a docente do Departamento de Administração do Campus Sorocaba da UFSCar, Naja Santana, por meio do “time Enactus”, o projeto foi criado no segundo semestre de 2020, em plena pandemia de Covid-19, apesar das limitações por conta da crise sanitária, com atividades remotas.

“Desde então, temos conseguido atingir várias mulheres na comunidade, ajudando-as a obter uma renda autônoma. As mulheres têm demonstrado um grande engajamento e já começamos a ver a transformação em suas vidas”, destaca Santana.

A professora explica ainda que o projeto tem como objetivo estimular a independência financeira e o empoderamento feminino, aplicando a confecção de moda sustentável. “A iniciativa adota três valores principais: a moda sustentável acessível, a diversidade e a independência”, ressalta.

O projeto foi implantado inicialmente no Cras do bairro João Romão, onde mulheres em situação de vulnerabilidade socioeconômica participavam de várias atividades, orientadas por meio de três valores principais: a moda sustentável acessível, a diversidade e a independência.

Cras Vila Helena

Por problemas de espaço no João Romão, as atividades passaram a ser realizadas no Cras Vila Helena, em encontros semanais às sextas, no período da tarde. A reportagem do Cruzeiro do Sul acompanhou uma oficina de arte em cordas no local. O projeto recebeu cerca de 30 inscrições. Atualmente, 12 participam de forma mais ativa das atividades semanais.

A coordenadora do Cras, Rosana dos Santos Gonçalves, explica que, por meio do projeto Romanas, são oferecidas oficinas de pintura silk screen -- também chamada de serigrafia --, pintura em pano de prato, produção de eco bags (sacolas ecológicas) e culinária, dentre outras. A assistente social Érika Malda esclarece que os encontros, além de oferecer atividades, têm o objetivo de propiciar o fortalecimento de vínculos entre as mulheres participantes.

É o caso de Sílvia Helena dos Santos, 46 anos, moradora da Vila Helena. Ela afirma que os encontros semanais servem para ocupar o tempo e favorecer a socialização. “Ainda não fiz nada para gerar renda e tenho vindo mais para aprender, além da convivência, que é bastante agradável e proporciona novas amizades”, conta.

Ela disse que mora na cidade há dois anos somente, vinda do ABC paulista, e que participar do projeto estimula a convivência social, além do aprendizado. “Gosto bastante das oficinas de artesanato, como pintura em pano de prato e eco bags”, destaca.

Ana Laura Vallim, 56 anos, também participa das atividades e já consegue vender algumas peças de artesanato que ela aprendeu a fazer durante os encontros no Cras da Vila Helena. “Além de fazer amizades, os estudantes são muito prestativos e dedicados. Eu vendi os panos de prato para familiares no grupo de WhatsApp e também fiz um curso de culinária onde aprendi a fazer bolos e doces e já tive duas encomendas de conhecidos”, comemora.

Já o estudante da UFSCar Victor Cezário, um dos gestores do projeto Romanas, afirma que os alunos da universidade também auxiliam na venda do artesanato produzido pelas mulheres no campus da universidade e em feiras. “O prêmio ‘Cooperando para um Amanhã Melhor 2023’ é promovido pelo Instituto Credicitrus, em parceria com a Enactus Brasil, e visa potencializar projetos dos Times Enactus de todo o Brasil que utilizam os princípios do cooperativismo e atuam de forma colaborativa, gerando prosperidade, assim como o projeto Romanas”, explica.

O Enactus Sorocaba é composto por estudantes de diversos cursos da UFSCar, incluindo Administração, Ciências Biológicas, Ciências Econômicas, Engenharia de Produção e Turismo. “Nossa equipe é interdisciplinar e acreditamos que essa diversidade contribui para a riqueza de ideias e soluções inovadoras para os desafios sociais que enfrentamos”, finalizou a orientadora do time, Naja Santana. (Ana Claudia Martins)