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Retirada de estados e municípios da reforma da Previdência é estratégica, diz Lippi

21 de Junho de 2019 às 14:43
Marcel Scinocca [email protected]

O deputado federal Vitor Lippi (PSDB) foi entrevistado pela rádio Cruzeiro FM 92,3 nesta sexta-feira (21). Crédito da Foto: Erick Pinheiro/Arquivo JCS (21/6/2019)

O deputado federal Vitor Lippi (PSDB) disse nesta sexta-feira (21) que a retirada dos pontos sobre estados e municípios do texto principal da reforma da Previdência foi "estratégica", e defendeu também o aumento do percentual de uma contribuição sobre lucro do sistema bancário dentro do texto que tramita no Congresso Nacional. Lippi integra a comissão especial que analisa o tema naquela Casa. O parlamentar falou sobre o assunto durante entrevista para o jornal Cruzeiro do Sul e para a rádio Cruzeiro FM 92,3, no Jornal da Cruzeiro desta sexta-feira (21).

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Ao Cruzeiro do Sul, Lippi destacou que o aumento é importante para a reforma, se referindo à mudança no percentual da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL), que pelo texto do relator, deve subir de 15% para 20%. A situação envolve, em especial, o setor bancário. “Vai passar e é justo. Hoje, a área da economia onde se tem o maior lucro do Brasil é a bancária. Apesar da crise, do desemprego, do empobrecimento, do endividamento, os bancos nunca ganharam tanto. Então, acho justo que eles contribuam mais do que eles contribuem hoje”, diz o parlamentar.

Com relação à retirada dos estados e municípios do texto da reforma, Lippi alega que foi uma questão estratégica e de responsabilidade. “Ficamos com receio, já que não havia a segurança no número suficientes de votos para o plenário. Nosso receio era com relação aos deputados do norte e do nordeste. Teremos duas votações, uma sobre o texto geral, com o rombo de R$ 50 bilhões. Depois teremos uma votação aglutinativa.”

Lippi, que disse ter feito curso de um mês sobre o reforma, destacou também sobre outro ponto polêmico do texto em tramitação. A medida permitiria que uma pessoa se aposentasse recebendo mensalmente R$ 400. Segundo ele, seria apenas uma opção, já que o contribuinte optaria pelos R$ 400, a partir dos 60 anos, ou esperaria para ganhar um salário mínimo aos 65 anos. Caso opte pelo valor menor, conforme o deputado, o valor subiria para um salário mínimo quando a pessoa completasse 70 anos. Caso contrário, ela se aposentaria normalmente, ou seja, com um salário mínimo ao completar 65 anos. “Ninguém vai receber menos que um salário mínimo”, diz.

Para Lippi, a questão da idade mínima é uma das maiores preocupações. “Por que nós chegamos a esse problema? Porque nós deveríamos ter feito isso há vinte anos e não fizemos. Eu acho que o maior problema é a questão da idade mínima. Tem gente que se aposentou aos 45 anos e vai viver até 83. Isso é impossível em qualquer país do mundo, Não fecha essa conta. Nós estamos explodindo e precisamos de urgência na definição da idade mínima”, diz.

O deputado ainda falou sobre a possibilidade de dois pontos da reforma virem através de lei complementar, ou seja, após a apresentação e aprovação do texto principal. Uma delas é a possibilidade de haver gatilho de idade, de acordo com a expectativa de vida e com a idade mínima para se aposentar.

Lippi defendeu também que a reforma atinja a classe política e para todos os que possuem, segundo ele, privilégios injustificáveis. Ele também defendeu a imediata reforma da Previdência como fator fundamental para a retomada do crescimento econômico do País. Segundo o deputado, o rombo atual é de R$ 250 bilhões, sem contar o rombo dos estados e dos municípios.

Reforma tributária

Vitor Lippi também falou ao Cruzeiro do Sul sobre a importância da reforma tributária. Segundo ele, a partir de 2013 houve um aumento acima do normal nos gastos com a Previdência. Ele defendeu mudanças nas alíquotas de contribuição.

“Não conseguimos competir com outros países na hora de importar”, afirma. “Nós exportamos menos da metade da média do mundo. Importamos somente 11% do PIB. Isso porque perdemos competitividade, inclusive, por causa dos tributos altos. Então, nós precisamos fazer a [reforma] tributária também. Ela é fundamental, mas não adianta fazer a tributária, se não fizer a previdenciária. A previdenciária é estruturante”, enfatiza.

“Para se ter ideia, o gasto com Previdência é de dez vezes mais que educação e sete vezes mais que a saúde. Se falar para economizar na saúde, não vai dar impacto nenhum. Nós temos que corrigir o principal fator que é a Previdência e estamos caminhando para aprovar o principal”, lembra.

Toyota

Por fim, Lippi também explanou sobre as demissões registradas na Toyota, em Sorocaba, nos últimos dias. Segundo o parlamentar, o problema é externo, no caso gerado pela baixas de vendas à Argentina, e não há muito que se possa fazer no Brasil.

“Eles vão ter que buscar um novo mercado. A origem do problema não é local. Mas esperamos que em breve, pela competência que tem, a Toyota possa recompor o quadro”, explana. (Marcel Scinocca)