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Prefeitura de Sorocaba soma 92 mudanças no primeiro escalão

22 de Agosto de 2019 às 08:23
Marcel Scinocca [email protected]

Palácio dos Tropeiros, que abriga o Paço Municipal, fica no Alto da Boa Vista. Crédito da foto: Erick Pinheiro/Jornal Cruzeiro do Sul

Em dezembro de 2016 o secretariado do então prefeito eleito de Sorocaba, José Crespo (DEM), foi anunciado em um evento em hotel no centro da cidade. De lá para cá, a “dança das cadeiras” no primeiro escalão do Paço Municipal foi intensa. Foram ao menos 92 mudanças, envolvendo o mínimo de 65 nomes. Um fato que nunca se viu na história da administração pública de Sorocaba.

Em menos de três anos, o Executivo sorocabano fez mais mudanças que o primeiro governo de Getúlio Vargas, que durou 15 anos. E as mudanças ocorrem em todos os cargos do primeiro escalão. O mais duradouro, Ronald Pereira, então diretor do Saae, foi exonerado logo que Jaqueline Coutinho (PDT) assumiu a Prefeitura de Sorocaba, após a segunda cassação de Crespo, em 2 de agosto. Até então, Pereira era o único a permanecer no cargo desde janeiro de 2017.

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A Secretaria de Educação foi a que apresentou o maior número de trocas. Na administração 2017/2020 ela foi iniciada por Marta Cassar. Em agosto de 2017 passou para Wanderlei Acca. Após, foi ocupada novamente por Marta Cassar, até que Mário Bastos assumisse. Ele ficou até André Gomes assumir. No início de agosto, Wanderlei Acca foi nomeado novamente para o cargo.

Na Saúde, foram cinco trocas. Sérgio Alexandre de Oliveira assumiu em janeiro de 2017. No mesmo mês, a pasta passou a ser gerida por Rodrigo Moreno, até que Ademir Watanabe assumiu em agosto do mesmo ano. Com a saída da Watanabe, entra no cargo Marina Elaine Pereira, permanecendo até maio deste, quando assumiu Kely Schettini.

Jaqueline Coutinho assumiu a Prefeitura no começo do mês após a cassação de José Crespo. Crédito da foto: Emídio Marques / Arquivo JCS (19/12/2017)

Nesse período de dois anos e oito meses aconteceu de tudo. Teve secretário que ficou somente um dia na pasta, quase nem esquentou a cadeira. Caso de Osmar Thibes, que ocupou por um dia a Secretaria de Abastecimento e Nutrição. Após deixar a pasta na passagem relâmpago, ele foi nomeado secretário de Recursos Humanos. Gilberto Antunes, que ficou na Secretaria de Cultura por poucos dias, foi nomeado titular da Secretaria de Comunicação. Curiosamente, nas mudanças de secretariado da prefeita Jaqueline Coutinho, ele voltou para a pasta. No início do governo Crespo, em janeiro de 2017, o médico Sérgio Alexandre de Oliveira, titular da Saúde, ficou apenas uma semana na função.

Houve ainda os secretários que deixaram o cargo em meio a escândalo. Caso de Werinton Kermes e Eloy de Oliveira, da Cultura e da Comunicação, respectivamente. Eles foram citados na operação Casa de Papel, em abril deste ano. No mesmo caso, foi afastado o então secretário de Licitações e Contratos, Hudson Zuliani. Ele foi exonerado no início do mês, logo após Jaqueline Coutinho ser empossada chefe do Executivo. Na mesma ocasião foi exonerado também Marinho Marte, que estava afastado por determinação judicial.

Algumas exonerações ocorreram por conveniência ou manobra. Caso de Anselmo Neto, Marinho Marte e Cíntia de Almeida. Eles foram destituídos dos cargos para que engrossassem a base de Crespo na Câmara de Sorocaba, nos dois processos de cassação que ele enfrentou no Legislativo.

Mas existe algum problema com tanta troca de secretário? Para o economista Geraldo de Almeida, o fato inspira ao menos preocupação. “No setor público, planejamento é fundamental. Com tantas mudanças assim, fica difícil levar um planejamento adiante”, afirma. Almeida também elenca a questão da credibilidade da cidade. Para ele, diante da insegurança na permanência de prefeitos e seus respectivos secretários, os investidores procuram outras cidades. “É uma questão de confiança”, afirma.

Geraldo de Almeida também falou dos problemas de se concluir um plano de governo. Ele ainda complementa sobre a situação atual da cidade. “Ela precisa ajustar a vela para chegar em um porto seguro. O vento não dá para mudar. A vela, sim”, diz com relação a administração de Jaqueline Coutinho. A preocupação é que resta pouco mais de um ano para que um novo prefeito assuma.