Prédios históricos sofrem a ação do tempo em Sorocaba
Parte do teto da antiga Estação Ferroviária está deteriorada e já cedeu. Crédito da foto: Vinícius Fonseca (9/6/2020)
Paredes com infestações de cupins, janelas quebradas, tetos correndo o risco de desabar e pichações são apenas alguns dos problemas que enfrentam os prédios históricos localizados na região central de Sorocaba. E sem nenhuma previsão de reformas ou de reabertura. São exemplos dessa situação os prédios da Estação Ferroviária, o Palacete Scarpa, o da ex-Oficina Grande Otelo e, ainda, o do Museu Histórico Sorocabano, este, no parque municipal “Quinzinho de Barros”.
De acordo com a Prefeitura Municipal, a manutenção e os reparos realizados em cada prédio público histórico da cidade é uma incumbência da secretaria responsável pelo local. No caso da Secretaria da Cultura (Secult), o Executivo afirma que a pasta possui uma verba “genérica de manutenção dos próprios sob sua responsabilidade”, sejam eles históricos, ou não. Em 2019, o município não destinou verbas para o custeio de reparos, já este ano, a quantia estimada é de R$ 200 mil.
Edifício do Palacete Scarpa apresenta danos na parte externa e interna. Crédito da foto: Emidio Marques / Arquivo JCS (4/12/2018)
Conforme adiantou a reportagem do jornal Cruzeiro do Sul sobre obras interrompidas na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), alguns prédios icônicos da cidade chegaram a iniciar os projetos de reformas, que acabaram sendo interrompidas. Atualmente, o município tem três obras não finalizadas, com gasto até agora de R$ 488 mil. Entre elas, a reforma e restauro do Palacete Scarpa e a construção da Casa do Turista.
Risco de desabar
Outro ponto histórico da cidade, a Estação Ferroviária, localizada na avenida Afonso Vergueiro, centro de Sorocaba, segue padecendo diante da ação do tempo e de vândalos. Na parte da entrada, o conjunto arquitetônico demonstra as marcas de anos sem reparos, onde parte do teto cedeu, deixando à mostra a estrutura do imóvel que foi inaugurado no século 19, em 10 de julho de 1875.
Uma base da Guarda Civil Municipal (GCM) está instalada ao lado da Estação Ferroviária. A antiga plataforma de embarque de passageiros é utilizada como estacionamento. Uma das responsabilidades da corporação é justamente cuidar da integridade dos próprios públicos, no entanto, a presença dos guardas não tem sido suficiente para evitar a depredação do local.
Apesar dos portões fechados na entrada do que era uma bilheteria da Estrada de Ferro Sorocabana, o acesso ao local fica livre diante dos buracos nas grades de proteção. A Prefeitura não soube afirmar qual o investimento necessário para revitalizar o local. Segundo divulgado, durante o governo do ex-prefeito Antonio Carlos Pannunzio (2013-2016), o município chegou a realizar um projeto de restauro do local, em que além de apontar as patologias e problemas estruturais do prédio, havia a possibilidade de modernização. Contudo, o levantamento realizado há alguns anos estaria defasado.
Oficina Grande Otelo aguarda definição sobre reforma e uso do espaço. Crédito da foto: Emidio Marques / Arquivo JCS (14/1/2019)
A municipalidade ainda declarou que há um convênio junto ao Ministério do Turismo, que viabilizará obras de manutenção nos prédios históricos como o Palacete Scarpa, o Museu Histórico Sorocabano e a Estação Ferroviária. A iniciativa aguarda aprovação dos projetos, em seguida deverá ser feita a abertura de processos licitatórios.
O prédio que por muitos anos sediou a Oficina Cultural Grande Otelo, na praça Frei Baraúna, também encontra-se à mercê da ação do tempo e de vândalos, com vidros quebrados, pichações de toda ordem e muita sujeira. Pertence ao governo do Estado, mas não há também nenhuma previsão de reforma ou restauração.
Museu Histórico corre riscos à espera de reforma
Além dos prédios históricos do centro da cidade, também sofre os efeitos do tempo e da falta de reforma o Museu Histórico Sorocabano (MHS), instalado no parque zoológico Quinzinho de Barros, na Vila Hortência. O casarão de taipa-de-pilão passou a abrigar o acervo histórico e cultural do município em 1968, quando foi doado pela família Prestes de Barros à Prefeitura Municipal.
Assim como o zoológico, a instalação histórica segue fechada durante a pandemia do novo coronavírus. O prédio do MHS integra o hall de próprios de responsabilidade da Secretaria de Cultura (Secult). O casarão foi construído por escravos em 1870, e serve de acervo para aproximadamente 1,8 mil itens, como pinturas, esculturas e documentos de significação histórica para Sorocaba e região.
Tijolos à mostra e cupins comprometem o prédio histórico. Crédito da foto: Vinícius Fonseca (9/6/2020)
O prédio do século 19, onde residiu Domitila de Castro, a Marquesa de Santos, tem hoje alguns sinais de deterioração, devido ao tempo. Parte do material que revestia as paredes externas desapareceu, deixando à mostra os tijolos e uma infestação de cupins, que põe em risco a estrutura do local.
De acordo com a Prefeitura, o local está passando por processo de modernização realizado por meio de emenda parlamentar federal. Conforme divulgado, o valor aproximado das obras gira em torno de R$ 588 mil. O município não soube precisar o investimento total, alegando que o projeto ainda está em processo e depende de valores relativos a novos procedimentos licitatórios.
Assim como outros próprios municipais, a sede do Museu Histórico integra o convênio com o Ministério do Turismo, e segue aguardando aprovação de projetos e futuros processos licitatórios. Por enquanto, o prédio centenário precisará continuar aguentando as investidas do tempo, que colocam em risco não só a estrutura do casarão como parte da história de Sorocaba, do Estado de São Paulo e do Brasil. (Wesley Gonsalves)
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