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Poluição de córregos preocupa

17 de Dezembro de 2020 às 00:01
Jomar Bellini [email protected]

Poluição de córregos preocupa população Córrego da Água Vermelha ficou esbranquiçado e com cheiro forte de produto químico no último dia 3. Crédito da foto: Vinícius Fonseca / Arquivo JCS (4/12/2020)

Os dois flagrantes de lançamentos irregulares de produtos químicos em córregos e lagos de Sorocaba, em uma semana, levantaram a preocupação sobre o uso da água para o abastecimento de bairros do município. Após passarem por vários pontos da cidade, 11 córregos deságuam no rio Sorocaba, que será fonte de captação da nova Estação de Tratamento de Água (ETA) Vitória Régia, já em fase de testes, e que deverá entrar em operação em janeiro, para abastecer 222 mil pessoas.

Em um deles, o córrego da Água Vermelha, moradores chegaram a passar mal por conta do forte cheiro do produto químico que se espalhou por vários bairros da zona sul, como Jardim São Carlos e Jardim Paulistano, na região do Parque Romeu Pires Osório, na noite de 3 de dezembro. Já na última quinta-feira (10), uma espessa mancha de óleo escuro cobriu mais da metade do lago que fica nos fundos do parque Carlos Alberto de Souza, no Campolim.

Os dois casos são investigados pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) e Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e podem estar relacionados, já que, aparentemente, se trata do mesmo produto químico. A suspeita é que o líquido tenha sido despejado de forma irregular em bueiros, que escoam a água da chuva.

Vazamentos de esgotos

Desde o ano passado, a cidade não registrava casos de lançamentos irregulares de produtos químicos, segundo o Saae. A situação é diferente, por exemplo, de casos de vazamento de esgotos. No primeiro semestre de 2020, foram 195 casos em córregos da cidade, que, ainda de acordo com a autarquia, receberam manutenção e foram corrigidos, “considerando todos os cursos d’água existentes na cidade e os 100 quilômetros de interceptores de esgoto instalados nos córregos e 31 quilômetros de emissários de esgoto existentes no rio Sorocaba”.

Além do Água Vermelha, outros dez córregos possuem foz no rio Sorocaba: Supiriri, Piratininga, Matilde, Tico-Tico, Curtume, Formosa, Matadouro, Itanguá, Pirajibu e Presídio. O mais extenso é o Itanguá, 12 quilômetros.

Saae garante qualidade

Poluição de córregos preocupa população ETA Vitória Régia vai tratar a água captada no rio Sorocaba que depois abastecerá 222 mil pessoas. Crédito da foto: Vinícius Fonseca / Arquivo JCS (7/12/2020)

Em nota, o Saae garantiu que casos assim não devem afetar a qualidade da água tratada na nova ETA. “Em situações como essa, de lançamento irregular de produto químico, a tecnologia a ser empregada na unidade é suficiente para absorver variações que venham a ocorrer no manancial. Se porventura acontecer algo mais grave, a autarquia interrompe a captação e o tratamento, até que a situação seja normalizada”, explica.

Com área de 166 mil metros quadrados, a nova ETA terá capacidade para produzir 750 litros de água tratada por segundo, com possibilidade de duplicar esse volume numa segunda etapa. A nova unidade atenderá cerca de 222 mil pessoas nos bairros da zona norte de Sorocaba e também a região do Éden, Cajuru e Aparecidinha, bairros que enfrentaram rodízio no abastecimento entre setembro e outubro deste ano.

A água será captada no rio Sorocaba, que passou por um longo programa de despoluição. A unidade vai usar um processo de tratamento à base de ozônio, deixando a água potável e sem a necessidade de ser filtrada para ser ingerida ou utilizada para higiene pessoal e preparo de alimentos, de acordo com o Saae.

De acordo com a autarquia, as ocorrências de lançamentos irregulares são consideradas raras em Sorocaba. Explica ainda que monitora constante todos os córregos da cidade e do rio Sorocaba, com funcionários percorrendo os emissários e interceptores de esgoto instalados em suas margens, para a detecção de possíveis obstruções que provoquem vazamentos.

“A ETA Vitória Régia foi projetada para corrigir as variações da qualidade da água do rio Sorocaba e a exemplo do que é feito nos demais mananciais utilizados em Sorocaba, para a captação de água para tratamento e distribuição (Itupararanga, Ipaneminha, Ferraz e Castelinho), o rio Sorocaba continuará sendo monitorado constantemente, com coletas em diversos pontos e análises dos diversos parâmetros nos laboratórios da autarquia, e essa sim será uma atividade que vai ser ampliada a partir da entrada em operação da nova unidade produtora de água tratada”, afirma o Saae. (Jomar Bellini)

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