Buscar no Cruzeiro

Buscar

Políticos da região denunciam “fake news”

09 de Setembro de 2018 às 07:45
Marcel Scinocca [email protected]

Em tempos de “fakes news”, as notícias falsas que circulam, em especial, nas redes sociais, a Polícia Civil e a Justiça paulista se debruçam na investigação de ao menos dois casos na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) que envolvem políticos. No olho do furacão, em Itapetininga e Iperó, aparecem como vítimas presidentes de câmara municipais em inquéritos e processos que citam um ex-prefeito e um atual vice-prefeito.

Em Itapetininga, Antônio Etson Brun (REDE) entrou na Justiça contra uma página, que segundo ele, propagava notícias falsas sobre sua vida e sua família. As notícias tidas como falsas envolviam

Políticos da região denunciam “fake news” Sérgio Poli, de Iperó. Crédito da foto: Reprodução / Facebook

também o nome da esposa de Brun, que é servidora concursada na Prefeitura de Itapetininga desde 1992. No decorrer dos processos, uma vitória contra o gigante Facebook, que foi obrigado a fornecer os números dos aparelhos celulares que acessaram a conta que criou as publicações, além de seus IPs -- número que identifica um dispositivo na rede mundial, como computador e celular -, e os respectivos horários dos acessos.

Em dezembro de 2017, quando julgou a ação procedente, a Justiça obrigou o Facebook a fornecer os dados disponíveis do responsável pela conta vejaaquinoticias, além das informações referentes ao usuário da página nos seis meses antes da sentença. As informações deveriam ser entregues no prazo de 30 dias, a partir da notificação. A partir daí, em outra decisão judicial, as empresas administradoras das linhas telefônicas também foram obrigadas a fornecer os dados dos proprietários das linhas.

 

Duas das linhas, segundo as informações fornecidas, eram de Hiram Ayres Monteiro Júnior, ex-prefeito de Itapetininga em 2015 e em 2016. Outra era da Prefeitura de Itapetininga.

Por e-mail, Hiram Ayres Monteiro Júnior nega envolvimento no caso e diz que Antônio Etson Brun “está se vitimizando, tentando requentar notícias do ano passado, publicada em rede social”. Segundo o ex-prefeito, as publicações que ele alega terem sido de sua autoria supostamente teriam acontecido em 2017 e o seu mandato encerrou em 31 de dezembro de 2016. “Portanto, ele está mentindo e tentando ‘requentar’ essa mesma notícia para se vitimizar e desviar o assunto. Não existe improbidade de quem não exerce cargo público”, alega. “Nós é quem vamos processá-lo por abuso de poder político no exercício da presidência da Câmara”, garante.

A Prefeitura de Itapetininga, por meio da Secretaria de Gabinete, informa que, atendendo ao protocolo do vereador Antônio Etson Brun, forneceu as informações referentes ao número do celular citado no processo. “Foi constatado que o número citado na ação judicial era de um celular corporativo utilizado pelo ex-prefeito, Hiram Ayres Monteiro Júnior, no período mencionado na ação”, diz. Antonio Etson Brun também entrou na Justiça com uma queixa-crime contra o Hiram Ayres Monteiro Júnior.

A Prefeitura informa ainda que foi comunicada, através de requerimento da Câmara Municipal, que o Legislativo notificou o Ministério Público sobre a utilização da “máquina pública” pelo ex-prefeito para a divulgação de notícias falsas. Uma audiência de conciliação está agendada para o dia 21 de agosto para tratar do tema. O Justiça recebeu a denúncia, após não haver acordo na audiência de conciliação. O Ministério Público, conforme publicação do TJ de 29 de agosto, já havia opinado pelo recebimento da denúncia.

Iperó

Em Iperó, uma montagem tem como uma das vítimas o presidente da Câmara Sérgio Poli (PV). Ele aparece em uma conversa do aplicativo WhastApp, cujo tema seria a cobrança de propina e até a insinuação de “compra” de uma juíza. A montagem também citava o vereador Nenão Valário (PTB), o secretário de Obras Felipe Campos, e o secretário de Saúde Eli Teles. A investigação, ainda em andamento pela Delegacia Seccional de Sorocaba, é para se chegar a todos os detalhes do crime, incluindo quem seria o mandante.

Conforme a delegada Daniela Cavalheiro Moreira Lara de Góes, que conduz o inquérito, várias testemunhas já foram ouvidas, incluindo o presidente Sérgio Poli, e três pessoas que estão na condição de suspeitos. Algumas pessoas ouvidas, ainda conforme a delegada, têm ligações com o dia e a hora em que as mensagens foram disparadas. Daniela Cavalheiro Moreira diz ainda que aguarda provas técnicas do caso, um laudo pericial do Instituto de Criminalística. “Todas essas informações demandam de tempo”, alega. Houve pedido de quebra de sigilo telefônico no caso.

Políticos da região denunciam “fake news” Etson Brun, de Itapetininga. Crédito da foto: Reprodução / Facebook

Sérgio Poli diz que se sentiu lesado com a situação. “É uma inverdade, uma calúnia que leva a gente a um choque”, afirma. O vereador Nenão Valário disse que se sentiu aliviado quando as investigações concluíram que tratava-se de uma fraude. “Aguardo a conclusão das investigações e torço muito para que descubra-se os verdadeiros responsáveis pela ação criminosa e que o responsável pague pelo crime que cometeu”, enfatiza

Poli atribui as mensagens falsas a grupos políticos da cidade. A pessoa de onde teria partido os prints teria ligação com o vice-prefeito da cidade, Leonardo Folim (PSC). O problema começou porque essa pessoa que teria “vazado” a montagem foi assessora dele quando vereador na cidade, até 2016. Logo no início da investigação, quando a ex-assessora foi prestar depoimento, ela pediu a presença de Folim na delegacia de Iperó, onde a investigação foi iniciada. Leonardo Folim nega a ligação de seu nome ao caso. “Naquele momento, ela (a ex-assessora) já não trabalhava comigo”, afirma. “Não tenho nenhum envolvimento e nem motivo para praticar esse tipo de ação. Não preciso disso”, acrescenta. “As investigações ainda estão acontecendo e vamos aguardar que ela ocorra da melhor forma possível”, termina.

A Prefeitura de Iperó não comentou a situação alegando que a investigação ainda está em andamento. Felipe Campos, secretário de Obras da cidade, também preferiu não comentar a questão. Eli Teles, secretário de Saúde de Iperó, não respondeu aos nossos questionamentos. 

Galeria

Confira a galeria de fotos