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Pandemia afasta pacientes e UBSs registram queda nas consultas em Sorocaba

02 de Setembro de 2020 às 00:01
Marcel Scinocca [email protected]

Saúde revê demandas durante a pandemia A Policlínica Municipal de Especialidades Edward Maluf teve priorização dos atendimentos para reduzir o fluxo de pessoas. Crédito da foto: Emidio Marques / Arquivo JCS (14/6/2019)

A Secretaria de Saúde de Sorocaba (SES) está realizando a revisão dos dados relacionados à demanda reprimida da pasta em função da pandemia do novo coronavírus. A informação foi divulgada ontem (1º) ao jornal Cruzeiro do Sul. Pequenos procedimentos cirúrgicos, exames e consultas estão entre as demandas em análise. Em alguns casos, essa análise envolve a diminuição na procura. Não há previsão de quando a revisão será concluída.

A pasta lembrou que por conta do temor da pandemia, muitas pessoas estão evitando ir até as unidades e realizar exames. “Exemplo disso é a mamografia, em que muitas mulheres pediram para fazer o exame só depois do fim da pandemia”, afirma. Outro ponto que também está relacionado ao momento pandêmico é o da vacinação. Há, inclusive, a possibilidade de subnotificação de casos de dengue, ocorrendo porque, mesmo com os sintomas clássicos da doença, os usuários do sistema público estariam evitando as unidades de saúde por temerem a contaminação com o novo coronavírus.

Questionada sobre quando será retomado plenamente o atendimento, a SES falou em aumento gradual de todas as atividades. “Conforme ocorram as mudanças de fases de retomada das atividades, será possível um aumento gradual e responsável das consultas, exames e procedimentos eletivos, mas não é possível hoje afirmar quando haverá uma normalização da situação, pois há uma dependência direta do crescimento ou não do número de casos e óbitos, além do retorno dos profissionais do hospital de campanha para as unidades.”

Conforme a SES, com a pandemia do novo coronavírus, foram necessárias mudanças para adequação dos novos processos de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e na Policlínica Municipal de Especialidades Edward Maluf. “Dentre elas, a diminuição do fluxo de pessoas nestes locais para evitar aglomerações e, assim, diminuir a chance de contágio. Todas as medidas tomadas foram realizadas em consonância com o Ministério da Saúde”. Essa situação também influenciou na métrica da pasta com relação aos pacientes que aguardavam atendimento.

Outra medida adotada foi a implantação da realização de triagem na porta de entrada das UBSs e Policlínica, separando os fluxos dos sintomáticos respiratórios e permitindo a assistência das demais necessidades da população, “respeitando os critérios de gravidade e prezando pela qualidade à assistência, limitando também o número de acompanhantes”.

Houve ainda, de acordo com a Secretaria, a intensificação da qualificação das guias de referência para os especialistas, reclassificação e priorização dos casos, e uso de outros instrumentos como o teleatendimento, prorrogação das receitas médicas. “Vale lembrar que as demandas são proporcionais à população SUS dependente, não existindo alguma unidade que se destaque, mas sim uma proporcionalidade mediante as áreas mais vulneráveis (por exemplo)”, lembra.

Ainda conforme a pasta, a Prefeitura de Sorocaba adotou várias medidas de combate à Covid-19, como a criação do hospital de campanha com capacidade para 84 leitos e a contratação de 50 leitos Covid na Santa Casa (40 UTI + 10 clínicos). Os dois serviços de teleatendimento, sendo Tele Corona e Escuta Acolhedora, também foram citados, além da desinfecção na cidade, distribuição de máscaras e fiscalização com orientações educativas.

Ação judicial

Sem relação com a pandemia, problemas relacionados à saúde dentária em Sorocaba fizeram com que cinco mil pessoas estivessem aguardando procedimentos na cidade. A espera, de até dois anos, fez com que o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) entrasse na Justiça contra a Prefeitura de Sorocaba, buscando tentar reverter a situação. A ação tramita na Vara da Fazenda Pública da cidade desde o dia 7 de agosto. É possível que esses casos também estejam na demanda reprimida de serviços de saúde na cidade e que necessitem de reavaliação com relação aos números. (Marcel Scinocca)