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Pacientes sofrem com calor no Hospital Regional, em Sorocaba

24 de Janeiro de 2019 às 08:03

Saúde diz que segue as normas: ventilação de áreas comuns é realizada por meio de janelas. Foto: Erick Pinheiro

As altas temperaturas registradas em Sorocaba nas últimas semanas têm afetado muito os pacientes internados no Hospital Regional, a tal ponto que os familiares se sentiram na obrigação de levar ventiladores de casa e até água para amenizar o sofrimento daqueles que estão em tratamento ou à espera de uma cirurgia naquela unidade de saúde.

O Cruzeiro do Sul teve acesso a vários vídeos que demonstram a situação. O fato é mais visível no primeiro e no segundo andar do prédio, onde funcionam, por exemplo, a clínica de queimados, central de psiquiatria, clínica de moléstias infecciosas, berçário e pediatria.

Nas imagens, é possível visualizar ventiladores em vários leitos, enquanto em outros não há qualquer ventilação, a não ser a que vem da rua. A situação se repete em pelo menos oito quartos.

E isto ocorre mesmo com a mudança, no segundo semestre de 2018, na gestão do Hospital Regional, agora sob administração do Serviço Social da Construção (Seconci-SP). Questionada, a Secretaria Estadual da Saúde -- que responde pelas demandas do Conjunto Hospitalar de Sorocaba, do qual faz parte o Hospital Regional -- diz que a situação é normal, apesar das evidências com relação aos desconforto dos pacientes.

Família assume o problema

Os familiares e parentes dos pacientes confirmam o que denunciam as imagens e demonstram que tiveram que resolver, ou ao menos amenizar a situação, que deveria ser resolvida pela Secretaria Estadual da Saúde. “Eu não ia deixar meu irmão nessa situação. É desumano passar o que ele está passando e ainda neste calor”, afirmou o acompanhante de um paciente de Votorantim. “Eu não trouxe porque minha irmã vai ter alta amanhã, mas já estava pensando em fazer isso”, cita outro acompanhante. “Sorte que no quarto dela tinha uma senhora que levou ventilador”, acrescenta.

Ventiladores são levados pelos familiares dos pacientes diante de calor superior a 30ºC que eles enfrentam nos quartos. Foto: Divulgação

Em outros relatos, o problema se mostra ainda mais grave. “Não foi só o ventilador. Tivemos que trazer também uma caixa de isopor porque a água é muito quente. Tivemos que trazer suco, água. Ele não aguentava mais tomar a água daqui, estava morna. Compramos água de coco e ele já está se sentindo melhor”, diz o pizzaiolo Fábio José Soares, de Boituva. “Em outro quarto que estava, a situação era pior ainda”, comenta.

O calor excessivo não é exclusivo dos leitos do Hospital Regional. No subsolo do Ambulatório de Especialidades, anexo à unidade de saúde, os pacientes e acompanhantes também sofrem com a alta temperatura. Ver pessoas se abanando com as fichas de atendimentos e com documentos pessoais enquanto aguardam serem chamadas é rotina nos dias de calor no prédio, que também recebe pacientes de 48 cidades do Estado. Há ventiladores, mas os aparelhos estão instalados apenas de forma que os funcionários sejam beneficiados.

Outros problemas

E não é só o calor. Outros problemas também são relatados nos vídeos repassados ao Cruzeiro do Sul. No material, há um carrinho de lixo infectante aguardando para entrar no elevador por onde andam pacientes, funcionários e acompanhantes. Em outro local, há um saco azul no chão, aparentemente com lixo. Também há registros de lâmpadas, que parecem queimadas.

Acompanhantes precisam se preocupar com a água, que é quente. Foto: Divulgação

Saúde e Seconci

Questionado sobre os relatos e apesar do calor superior a 30 graus dos últimos dias, o Conjunto Hospitalar de Sorocaba, por meio da Secretaria Estadual da Saúde, informou ontem que obedece às normas da Vigilância Sanitária e do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e, por isso, a ventilação de áreas comuns é realizada por meio de janelas, com ventilação natural. “Cabe ressaltar que todas as áreas assistenciais de maior complexidade, como UTI e centros cirúrgicos, por exemplo, possuem sistema de refrigeração por ar-condicionado central, conforme as normas”, ressalta.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) divulga que, como forma de manter o conforto aos usuários e a redução de riscos à saúde dos pacientes, como a proliferação de infecções, determina que os ambientes hospitalares, incluindo áreas como o CHS, devem apresentar temperatura não superior a 30ºC. A maioria dos ambientes, ainda conforme a ABNT, devem ter temperatura controlada entre 28ºC e 30ºC.

Um especialista da área da saúde ouvido pelo Cruzeiro do Sul, além da norma da ABNT, frisa que a temperatura influencia diretamente no metabolismo do paciente. Ele destaca ainda que, dependendo da situação, o ventilador pode atuar somente na distribuição de ar quente, sem a função de refrigerar o ambiente. “Só vai circular o ar quente, diferente do ar-condicionado”, afirma.

Sobre os demais problemas, o CHS disse que “há manutenção de lâmpadas sempre que necessário e o hospital segue todos os protocolos para descarte de lixo, realizado diariamente, bem como as ações de limpeza”. O hospital afirmou, por fim, que “está à disposição dos pacientes e familiares para quaisquer esclarecimentos”.

Ninguém do Seconci foi localizado para comentar o caso. (Da Redação)

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