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Paciente cardíaco aguarda medicamento da Farmácia de Alto Custo de Sorocaba

16 de Julho de 2020 às 00:01
Ana Claudia Martins [email protected]

Paciente cardíaco aguarda medicamento Sulfato de quinidina é fornecido ao paciente pelo CHS. Crédito da foto: Vinícius Fonseca (15/5/2020)

Paciente com doença cardíaca aguarda há dois meses por medicamento que é fornecido na farmácia de alto custo do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS). Segundo a família, Wallace Andrade da Silva, 31 anos, foi diagnosticado com a síndrome de Brugada, que é um distúrbio hereditário da eletrofisiologia cardíaca. A doença aumenta o risco de síncope e morte súbita.

Por conta disso, há mais de quatro anos ele necessita tomar diariamente o sulfato de quinidina. O fornecimento é feito gratuitamente pelo Estado, por meio da farmácia de alto custo do CHS, mas o remédio está em falta no local.

A esposa, Amanda Cristina Gregório da Silva, 36 anos, afirma que o medicamento é fornecido ao marido por conta de uma ordem judicial. Ela afirma que o remédio do marido está acabando e que há dois meses não consegue retirá-lo. “A informação é que acabou e não tem previsão de chegar, mas meu marido não pode ficar sem tomar o remédio e corre risco de vida”, afirma.

Custo

Segundo ela, antes da pandemia do novo coronavírus, uma caixa da medicação custava pouco mais de R$ 400, mas atualmente o mesmo remédio é encontrado na farmácia comum por mais de R$ 4 mil. “Não temos condições de comprar em função do alto custo do medicamento. Além disso, eu estou desempregada e a renda do meu marido é cerca de R$ 1,3 mil por mês”, diz.

Posicionamento do governo estadual

Questionada, a Secretaria de Estado da Saúde informa, por intermédio da Farmácia de Alto Custo de Sorocaba, que o sulfato de quinidina 200mg não faz parte da lista definida pelo Ministério da Saúde para distribuição no Sistema Único de Saúde. “A compra é realizada para atender especificamente a demanda do paciente citado na reportagem. A aquisição está em andamento e será solicitada agilidade na entrega. A farmácia tem o compromisso de avisar o paciente tão logo isso ocorra”, disse a pasta estadual.

Ainda segundo o Estado, a família pode consultar o médico que acompanha o caso para verificar alternativas terapêuticas disponíveis no SUS que possam auxiliar no tratamento do paciente.

A família de Wallace, contudo, afirma que ele, sem tomar o remédio, necessita ficar internado em hospital, por conta dos problemas cardíacos provocados pela doença. “Temos uma declaração do médico, que afirma que o paciente é altamente dependente da quinidina sob risco de recorrência da taquicardia ventricular maligna”, destaca.

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Já o médico superintendente do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), Paulo Quintaes, afirma que os medicamentos distribuídos pelo governo são divididos em duas classes: medicamentos que fazem parte do componente básico e medicamentos que fazem parte do componente especializado. “O componente básico é obrigação das unidades básicas municipais. Agora, o medicamento considerado especializado está disponível somente nas farmácias de alto custo. E a compra pode ser feita pelo Ministério da Saúde, que repassa ao Estado, ou pelo Estado, sendo distribuído na farmácia de alto custo. Além disso, o paciente precisa respeitar um protocolo de acesso que tem que ser preenchido pelo médico, por meio da receita, e o pedido será avaliado na farmácia de alto custo, sendo então disponibilizado a medicação para o paciente”, diz. (Ana Cláudia Martins)