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'Onda de assaltos' assusta motoristas de aplicativos em Sorocaba

27 de Dezembro de 2019 às 00:01
Ana Claudia Martins [email protected]

‘Onda de assaltos‘ assusta motoristas de aplicativos As ocorrências aumentaram 100% em Sorocaba, segundo a associação da categoria. Crédito da foto: Divulgação

Motoristas por aplicativo denunciam uma “onda de assaltos” contra os profissionais em Sorocaba. Eles relatam medo e insegurança enquanto transportam passageiros e nunca sabem quando serão vítimas de bandidos. Alguns já pensam em desistir da profissão por conta dos frequentes assaltos e casos de violência contra os motoristas. Segundo o presidente da Associação de Sorocaba e Região dos Motoristas por Aplicativos Privados, Rogério Cruz, atualmente há cerca de 4,5 mil profissionais atuando na cidade, mas as ocorrências contra os motoristas só aumentam.

Na terça-feira (24), às 23h50, um motorista de aplicativo, de 71 anos, teve o carro e o celular roubados durante horário de trabalho, nos altos da avenida Luiz Mendes de Almeida. A abordagem foi feita por dois homens, que expulsaram o homem do carro e rasgaram a camisa dele. A vítima registrou boletim de ocorrência. O motorista declarou que o celular custa em torno de R$ 1.200 e que o carro pertence a uma locadora de veículos.

Edney Fequeppa, 56 anos, que é motorista de passageiros por aplicativo há três anos, conta que os assaltos aos profissionais por bandidos disfarçados de passageiros têm sido cada vez mais frequentes na cidade. Enquanto ele era entrevistado, por telefone, pela reportagem do Cruzeiro do Sul, recebeu mais um relato de colega motorista que havia acabado de ser assaltando durante corrida na Vila Helena. “Há 15 dias outros dois colegas foram vítimas de bandidos e eles tiveram seus veículos danificados, e sendo que um dos motoristas ainda foi agredido pelos assaltantes. Estamos com muito medo, eu nunca fui assaltado, mas já estou tomando algumas ações para tentar evitar. Infelizmente, a gente não tem como saber se um passageiro que pede a corrida pelo aplicativo é ou não bandido”, diz.

Já Rogério afirma que as ocorrências com os profissionais aumentaram 100% em Sorocaba. “Não temos um número exato, mas elas estão ocorrendo quase todos os dias. Inclusive com ocorrências semelhantes as de São Paulo, com veículos roubados, que são usados por bandidos jovens que frequentam os famosos “pancadões” na cidade. E quando os veículos são encontrados estão completamente danificados”, afirma.

Sequestros

Rogério salienta que os casos de assaltos e outras modalidades de crimes contra os motoristas ocorrem tanto com os que atendem passageiros da Uber e da 99. “A pior modalidade são as que além do assalto ainda sequestram o motorista e o levam até a residência dele e roubam tudo que tem valor, como roupas, calçados, eletroeletrônicos, ameaçam a família dizendo que pretendem voltar. Tem sido realmente muito complicado exercer nossa atividade na cidade”, destaca. Para os motoristas, seria necessário que as empresas por aplicativo passassem a exigir mais informações dos passageiros que se cadastram no aplicativo, como foto e outros dados, além de permitir que eles coloquem câmeras nos veículos.

Edney diz que tem evitado trabalhar à noite e tem recusado corridas em locais considerados perigosos na cidade e solicitações de viagens de homens e casais. “A gente não tem como saber se o passageiro é um bandido ou não e os casos não param de acontecer. As empresas também não permitem câmeras nos carros, mas precisamos nos proteger”, diz. Ele afirma ainda que necessita da profissão para se sustentar e ainda paga pelo carro que utilizava para trabalhar.

Empresas e polícia

O Cruzeiro do Sul questionou as empresas de transporte de passageiros por aplicativos Uber e 99. A Uber afirma, em nota, que “com os dados fornecidos pela reportagem, não foi possível identificar se as ocorrências teriam qualquer relação com o uso do aplicativo”, diz. A empresa não respondeu as demais questões enviadas por e-mail.

Já a 99 informa que pede e valida o CPF ou o cartão bancário para todos os passageiros antes da primeira corrida. Também mostra aos condutores nota e frequência do passageiro, endereço final da viagem, além de permitir que o condutor escolha aceitar ou não pagamento em dinheiro. “A 99 esclarece ainda que a própria empresa possui programa em que disponibiliza câmeras embarcadas nos carros e conectadas à sua Central de Segurança, equipe de profissionais especializados, disponíveis 24 horas por dia, 7 dias por semana. Essas câmeras possuem botão de emergência para casos de necessidade”, cita a empresa.

A Polícia Militar afirma que “não há uma operação e/ou controle específico para motoristas de aplicativos, contudo, a corporação desenvolve, desde outubro do corrente ano, a Operação Transporte de Passageiros, onde são efetuadas abordagens diárias em veículos de transporte de passageiros, que engloba, além de coletivos, táxis e vans de transporte de passageiros e também os veículos de passeio que realizam o transporte por meio de aplicativos. “Cabe salientar que, além de todos os programas de policiamento que, diuturnamente promovem o policiamento ostensivo fardado com foco nos delitos que destacam-se negativamente na região, são desenvolvidas operações diárias no intuito de diminuir e/ou controlar os índices criminais da região”, informa.

Já a Guarda Civil Municipal (GCM) de Sorocaba afirma que não possui dados de ocorrências de assaltos contra motoristas por aplicativo de passageiros porque quase não atende tais casos. A Polícia Civil também foi questionada a respeito dos números de ocorrências na cidade, mas até o fechamento desta edição não houve resposta. (Ana Cláudia Martins)