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Oficina da Apae já produziu mais de 80 órteses

14 de Outubro de 2018 às 08:41

O uso da órtese desenvolve o sistema musculoesquelético. Foto: Fábio Rogério

Desde maio, quando a oficina de confecção de órteses teve início na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Sorocaba, a entidade já produziu 80 desses equipamentos terapêuticos, todos voltados aos membros superiores. Conforme Sarah Troiano, coordenadora técnica de Saúde da Apae, a entidade atende ao todo 350 pessoas com deficiência, dos 0 aos 58 anos de idade, de forma gratuita; a gratuidade inclui as órteses, fornecidas a quem precisa.

Com o sucesso da oficina, agora a ideia é expandir esse trabalho para a confecção de órteses para os membros inferiores, só que, para isso, é preciso apoio financeiro. “Para ampliar esse trabalho estamos em busca de parcerias, pois precisamos conseguir os materiais, que são de baixo custo”, afirma Sarah.

De acordo com a Organização de Normas Internacionais (International Standards Organization - ISO), órtese é um dispositivo externo, aplicado ao corpo, nos membros superiores (ombro, cotovelo, punho e mão) ou nos inferiores (quadril, joelho, tornozelo e pé), usado para modificar as características estruturais ou funcionais do sistema musculoesquelético. Em caso de deficiências permanentes, as órteses podem manter as funções e prevenir ou reduzir a deformidade.

Mudando vidas

Na Oficina de Confecção de Órteses e Adaptações, conduzida pela terapeuta ocupacional Elaine Kelly Bergara, com apoio do fisioterapeuta James Barbosa Nifa dos Santos e também das terapeutas ocupacionais Ana Paula Souza e Carolina Lopes Rodrigues, as órteses e adaptações de equipamentos terapêuticos são confeccionados de forma individualizada.

A reportagem foi conhecer esse trabalho e acompanhou o caso de J., de um ano e oito meses. Ele não precisa de órtese, mas de uma cadeira adaptada. A cadeira vai ajudar a posicionar a criança e ajudará a fortalecer o controle cervical, pois seu pescoço fica caindo de um lado para o outro, e o bebê não consegue posicioná-lo. A cadeira ajudará J. a conseguir brincar e se alimentar. Além disso, também vai prevenir deformações.

Essa órtese relaxa a musculatura e posiciona melhor a mão. Foto: Fábio Rogério

Por sorte, J. consegue movimentar bem as mãozinhas, mas para crianças que apresentam o polegar empalmado (encostado na palma da mão), a oficina confecciona um abdutor de polegar, que ajuda no posicionamento do dedo.

A terapeuta Kelly lembra que o polegar é muito importante. “Tanto é que se a pessoa perde o polegar, amputa-se outro dedo para colocar no lugar dele”, afirma. O polegar é o dedo mais importante. É ele que, auxiliado pelo indicador ou outro dedo, faz o movimento de pinça e, assim, permite pegar objetos. Segundo estudos, a perda do dedo polegar implica prejuízo de aproximadamente 60% do uso da mão. O abdutor de polegar ajuda a criança a recuperar essa função. Sem ele, esse dedo pode atrofiar.

Para casos desses foram criados alguns equipamentos na oficina, para auxiliar nas atividades diárias, tais como adaptadores de lápis, pincel, engrossadores de talheres, copos adaptados e ponteiras de digitação. No caso de B., com dificuldades no padrão de flexão do punho, uma órtese de posicionamento relaxa a musculatura e dá um posicionamento funcional para a mão.

Como funciona a oficina

Os assistidos da Apae Sorocaba passam por uma avaliação para verificar o modelo que trará mais funcionalidade. Em seguida, essas pessoas são encaminhadas à oficina, onde o profissional molda e confecciona a órtese.

Para a produção das órteses são utilizadas placas de termoplástico, moldáveis a alta temperatura, o que facilita os ajustes e as adaptações no próprio corpo do assistido. O material também traz leveza e conforto, contribuindo para o ganho de qualidade de vida. Mas, conta Elaine Kelly, esse material é caro. “Cada placa custa cerca de R$ 300”.

O ar quente ajuda a moldar a peça da melhor maneira. Foto: Fábio Rogério

A entidade recebeu R$ 20 mil da Federação Estadual das Apaes para a instalação da oficina e compra inicial dos materiais, valor que não é suficiente para trabalhar também com os membros inferiores. Para isso acontecer, além dos materiais, também é preciso investir em um curso de formação.

Elaine Kelly conta que alguns atendidos pela Apae Sorocaba usam órtese de membro inferior, mostrando uma botinha azul, que estava na oficina para ajustes. “Não temos como confeccionar, então fazemos apenas a manutenção”, comenta. A botinha ajuda a manter e/ou melhorar o posicionamento do pé e a evitar deformidades. Geralmente pessoas com deficiência, que tem o pé torto, não receberam atendimento logo na infância.

Ela destaca que as órteses são personalizadas para estimular o uso, por isso são colocados adesivos dos personagens preferidos dos atendidos como, por exemplo, da Minnie, do Mickey, do Hulk, entre outros.

Interessados em colaborar com a Apae Sorocaba podem entrar em contato pelo telefone (15) 3219-2499 ou pelas redes sociais Facebook (Apae Sorocaba) e Instagram (apaesorocaba). A sede fica na rua Ubirajara, 528, Vila Progresso.

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