Viaduto que ligará a avenida Ipanema à rua J.J. Lacerda não tem data indefinida para iniciar. Crédito da foto: Emidio Marques

Inicialmente previstas para começar em julho deste ano, as obras do sistema BRT (Bus Rapid Transit), o ônibus rápido, deverão começar ainda neste mês e serão iniciadas na avenida Itavuvu, na altura da UPH da Zona Norte, com a preparação do canteiro de obras e remanejamento das interferências (postes, fiação, guias, entre outros), para o Corredor Itavuvu. Segundo a Prefeitura, o start das obras já tem data e horário para acontecer: será no próximo dia 22, um sábado, às 10h, em solenidade com a presença do prefeito José Crespo.

Com investimento total de R$ 384 milhões, BRT Sorocaba, consórcio formado pelas empresas CS Brasil e MobiBrasil, será o responsável pelas obras do projeto que incluem 68 km de vias, três terminais integrados, quatro estações de integração e uma garagem, além de três corredores: avenidas Itavuvu, Ipanema e Armando Pannunzio, além de faixas exclusivas em outras vias.

A Prefeitura de Sorocaba não mencionou, no entanto, nada sobre o início das obras do viaduto que ligará a avenida Ipanema à rua José Joaquim Lacerda, que está em fase de licitação. A construção estava, inicialmente, prevista para ter início em agosto, o que não ocorreu. Em questionamento feito pelo Cruzeiro do Sul sobre o início das obras do viaduto, a Prefeitura disse que elas não começariam em agosto, mas também não informou uma nova data. Em nota, o governo municipal, na ocasião, disse ainda que a construção do viaduto não teria qualquer ligação direta com o BRT, e que ele será construído para melhorar o fluxo viário naquela região da zona norte. Novamente, a Prefeitura de Sorocaba foi questionada a respeito, e disse que a construção do viaduto continua em fase de licitação. “Sendo assim a empresa ainda não foi escolhida. O viaduto não tem ligação direta com a implantação do BRT, será construído para melhorar o fluxo viário na região”, diz.

O Cruzeiro do Sul também conversou com comerciantes que possuem estabelecimentos comerciais entre as avenidas Ipanema e a José Joaquim Lacerda no início da tarde da última quarta-feira e eles disseram que não foram informados pela Prefeitura de Sorocaba sobre o início das obras do viaduto no local.

De acordo com a proposta do BRT, os corredores serão implantados em vias com pista dupla e canteiro central nas Avenidas Itavuvu, Ipanema, Armando Pannunzio e também na General Carneiro. Já as faixas exclusivas para o BRT serão implantadas nas avenidas São Paulo, Antônio Carlos Comitre, Washington Luiz e Pereira Inácio, além das ruas Comendador Oetterer e Hermelino Matarazzo, totalizando 24 quilômetros.

Segundo a Prefeitura, o Corredor Itavuvu terá 5,9 quilômetros de extensão, 10 estações de embarque e desembarque, duas estações de transferências, e um terminal na rua Antônio Silva Saladino. Já o Corredor Ipanema terá 6,5 quilômetros de extensão, com 9 estações de embarque e desembarque, uma estação de transferência, e um terminal na rua Comendador Genésio Rodrigues, e o Corredor Oeste (Armando Pannunzio/General Carneiro) terá 4,7 quilômetros de extensão, 10 estações de embarque e desembarque, uma estação de transferência, um terminal na avenida Armando Pannunzio, com intersecção com a rua Antônio Aparecido Ferraz.

A expectativa inicial da Prefeitura de Sorocaba é que as obras do BRT sejam concluídas no prazo de 24 meses, com expectativa de entregar as primeiras intervenções em oito meses.

Operação terá 125 ônibus para transporte de 12,8 mil pessoas

Novos ônibus articulados recebidos em julho foram apresentados em desfile cívico. Crédito da foto: Emidio Marques

Segundo a Prefeitura de Sorocaba, a frota de ônibus para o BRT deverá ter 125 veículos novos com Wi-fi, sendo 41 articulados com capacidade para 141 passageiros, 11 padrons especiais, com capacidade para 96 passageiros e 73 padrons, com capacidade para 82 passageiros, todos com ar-condicionado. “Os veículos terão portas a direita com degraus e elevador para pontos de parada fora do corredor BRT, e portas a esquerda no nível da estação para operação nos corredores BRT”, diz nota. A Prefeitura disse que nenhum dos veículos ainda foi comprado. “A operação só inicia após conclusão dos corredores. Portanto, é prematura a compra e apresentação dos veículos nesse momento”, disse.

Porém, em julho deste ano, a cidade recebeu 14 novos ônibus, sendo carros articulados, todos com ar-condicionado, sistema de Wi-fi, USB para carregamento de celulares, câmeras de segurança externas e internas, rastreador de frota e portas dos dois lados, além de duas vagas para transporte de deficientes. “Todos já estão no padrão para operarem, no futuro, nos corredores sistema BRT (Bus Rapid Transit)”, disse a Prefeitura no momento da entrega dos novos ônibus.

Já as estações de embarque e desembarque, um total de 29 unidades, serão módulos (estruturas cobertas) instaladas no canteiro central das avenidas, com plataformas elevadas ao nível do veículo (95 cm), com total acessibilidade. Além disso, elas serão equipadas com controle de acesso por catracas, portas automáticas, sistema de som e circuito interno de TV, painéis de informação aos usuários e máquinas de atendimento automático de venda de bilhetes.

O projeto do BRT prevê ainda replanejar toda a rede de transporte da cidade e as linhas já existentes, que vão dos bairros até o centro, com a diminuição dos seus percursos, indo dos bairros até os terminais ou estações de conexão BRT. O objetivo é reduzir o percurso e aumentar a frequência com que os ônibus irão passar, ou seja, mais ônibus em viagens mais curtas. Outra mudança prevista, no centro da cidade, é menos ônibus e menos paradas, porque os veículos do BRT serão os principais transportes da área.

Concessão da área para garagem do BRT ainda está em discussão

Atualmente o espaço abriga os serviços de Vigilância em Saúde. Crédito da foto: Emidio Marques

A garagem do BRT deverá ser instalada na área da garagem da antiga concessionária Transportes Coletivos Sorocaba (TCS), que fica no final da avenida Ipanema. Segundo a Prefeitura de Sorocaba, no entanto, a concessão da área encontra-se em fase de aprovação junto ao Legislativo. Contudo, no local funcionam desde agosto de 2016 os serviços de Vigilância em Saúde, são eles: a Divisão de Zoonoses, a Divisão de Vigilância Sanitária, a Divisão de Vigilância Epidemiológica e o Laboratório Municipal.

Segundo funcionários que trabalham no local, a última informação que eles receberam da Prefeitura é que a Vigilância em Saúde irá permanecer na área, mesmo que o local seja utilizado como garagem pelo BRT, visto que o terreno é grande. Um prédio existente na área foi reformado, ao custo de R$ 1,4 milhão, para abrigar os serviços de saúde, e ocupa 1,5 mil m2, do terreno de 36 mil m2.

A área também estava prevista, na gestão do ex-prefeito Antônio Carlos Pannunzio (PSDB), para ser utilizada futuramente para a instalação de um hospital municipal. O assunto chegou a ser tema recentemente de uma audiência pública na Câmara de Sorocaba. Resta saber se o Legislativo irá aprovar a concessão da área para a garagem do BRT ou se vai rejeitar a proposta do Executivo.

Projeto da Prefeitura prevê a concessão da área de 36 mil m2 para o consórcio responsável pelo BRT. Crédito da foto: Emidio Marques

O projeto de lei do Executivo que pede a concessão da área foi retirado da pauta da sessão da Câmara do último dia 21 de agosto, a pedido do vereador Irineu Toledo (PRB), líder do governo Crespo no Legislativo. A proposta prevê a concessão de uso pelo prazo de 20 anos, e será onerosa para a empresa, que deverá pagar todas as taxas e tributos incidentes sobre o imóvel, inclusive as despesas com a escritura.

Já o executivo alega que a área inicialmente prevista para a construção da garagem era um terreno localizado na avenida Antonio Silva Saladino, que seria objeto de desapropriação. No entanto, como essa área já estava ocupada por famílias, que construíram casas no local, a Prefeitura resolveu buscar outra área, para evitar o despejo dessas famílias. “A solução encontrada foi utilizar a área da avenida Ipanema, originalmente desapropriada para que ali se construísse o Hospital Publico Municipal”, diz. (Ana Cláudia Martins)