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Obras do BRT no Campolim geram reclamações e prejuízo no comércio

16 de Novembro de 2019 às 01:03

Obras do BRT no Campolim geram reclamações e prejuízo no comércio Algumas lojas ficaram com o acesso dos clientes prejudicados em função das obras. Crédito da Foto: Fábio Rogério (7/11/2019)

Como já acontece na avenida Itavuvu, o início das obras vinculadas ao BRT (projeto do ônibus rápido) já causa impacto na avenida Professora Izoraida Marques Peres, no Campolim, em frente ao Shopping Esplanada/Iguatemi. Comerciantes, motoristas e passageiros de ônibus sentem os efeitos e reclamam de transtornos e prejuízos.

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Lojistas do lado direito da avenida, no sentido Sorocaba / Votorantim, manifestam indignação com queda nas vendas de até 30% e prejuízos acumulados desde o início dos serviços, em 15 de outubro. Em razão das obras, o deslocamento de um ponto de ônibus com cobertura, em frente ao shopping, e transferido para um local próximo sem cobertura, é alvo de críticas dos passageiros que usam linhas de transporte de Sorocaba.

A gerente de uma das lojas com obras em frente ao estabelecimento, Francine Kupper, informou que o local tem 10 vagas para cliente ao lado do prédio onde funciona a loja. Todas as vagas estavam sem carros de clientes quando a reportagem esteve no local, momento em que teria vários clientes se não fosse a existência da obra. Quem estaciona o carro na rua André Benavides, ao lado da loja, corre o risco de ter o veículo guinchado pela fiscalização de trânsito. “Esta é uma loja que deveria estar arrebentando de vendas. É um absurdo”, protestou a gerente.

O faturamento da loja em uma sexta-feira foi de R$ 280,00, valor muito inferior ao seu potencial demonstrado antes do início das obras. Com 10 funcionários, preparando-se para o crescimento das vendas deste período em função da campanha da Black Friday e do Natal, Francine está preocupada: “Com ese trânsito, sem poder entrar no estacionamento, alguém vai vir à loja? Eu esperei o ano inteiro pelo Natal e, chega o Natal, não tenho o que fazer. E esse é um horário em que a loja estaria lotada.” No momento em que falava havia apenas duas clientes no local.

Francine admite a necessidade de obras para implantação de melhorias, mas disse que elas têm que ser feitas com mais agilidade. Na segunda quinzena de outubro, deixaram de entrar na loja 190 pessoas, na comparação com igual período do ano passado. Ela ainda protestou: “É difícil motivar uma equipe de funcionários sem clientes. A loja pode estar impecável, mas cadê os clientes?”, questionou

O comércio vizinho, uma farmácia, que também tem o acesso de clientes prejudicado pelas obras, já contabilizou prejuízo de R$ 80 mil e queda de 30% nas vendas desde que as obras começaram, segundo informação de uma funcionária que preferiu não se identificar. “Temos três vagas, mas ninguém consegue estacionar. Conversamos com um engenheiro da obra e ele acha que as os serviços vão até abril do ano que vem. Como é que a gente vai trabalhar até lá?”. As dificuldades de acesso aumentam para uma parcela dos clientes formada por idosos.

Ponto de ônibus

A atendente de caixa Ana Paula Milones, de 34 anos, disse que a obra “está demorando” ‘para ser concluída: “Está complicado. A gente espera que arrumem logo, porque aqui é bastante transtorno. Espero que melhore logo pra todo mundo”. Como o ponto desativado para as obras foi deslocado, um semáforo que havia em frente também deixou de funcionar e o ponto de travessia foi transferido para o novo local. No ponto de ônibus com cobertura só passageiros que usam linhas para Votorantim embarcam nos coletivos.

Devido à complicação da travessia, Ana Paula teve que encontrar outra farmácia próxima para compras de medicamentos. Pela manhã, na chegada ao trabalho, tem atrasado dez minutos e atribui a culpa ao trânsito, que ficou mais lento na avenida.

A operadora de loja Daniele Figueiredo endossou as reclamações: “Está ruim por causa do trânsito. Espero que valha muito a pena essa bagunça que estão fazendo, é muito trânsito”.

“Já tinham arrumado (reformado) o ponto de ônibus, por que mudaram tudo de novo?”, queixou-se a babá Patricia Aparecida da Silva, de 48 anos. “Gastaram dinheiro com a reforma do ponto, agora estão gastando de novo. O povo que leva. E se estivesse chovendo hoje? Pra quem trabalha isso é horrível. Isso é um transtorno. O povo está cansado, quer chegar em casa”.

“Acabou ficando um pouco complicado”, acrescentou a vendedora Daniela Lima, de 25 anos. E o vigilante Heraldo Rodrigues, de 55 anos, resumiu a situação: “Péssimo.” Nos trechos em obras, uma faixa de trânsito foi usada para os serviços e as faixas de fluxo dos carros foram reduzidas. Isso causou lentidão para quem se desloca entre Sorocaba e Votorantim.

A situação é especialmente complicada porque a avenida, além de acesso ao comércio, é corredor de mobilidade de perfil regional, pois o local atrai público de toda a região. O Campolim também é região de grande concentração de comércio e prestadores de serviço, além de local onde moram milhares de pessoas em vários condomínios -- o que também gera impacto no trânsito.

Concessionária diz que intervenções são necessárias

A Concessionária do BRT, responsável pela realização das obras para a implantação do ônibus rápido no transporte, divulgou nota em que esclarece as questões sobre as obras da avenida do Campolim e de outros locais da cidade.

Segundo a empresa, a requalificação asfáltica de avenidas passa por tempo de cura para conclusão dos serviços: “Melhorias na cidade estão sendo realizadas em corredores estruturais que não são exclusivos do BRT. Neles também circularão ônibus de outras empresas do transporte coletivo.”

A nota informa que esta requalificação foi iniciada nas avenidas Professora Izoraida Marques Peres e Comendador Pereira Inácio, pertencentes ao Corredor Estrutural Sul. As obras de pavimentação estão sendo realizadas nos trechos onde o ônibus freia, para e acelera, locais em que há um maior desgaste da via.

O serviço que está sendo executado é a troca de pavimento asfáltico por pavimento de concreto, nos pontos de parada dos ônibus. Trata-se do reforço do pavimento com a aplicação de concreto compactado a rolo e, posteriormente, a colocação do pavimento de concreto. Esta estrutura é necessária para que a via suporte o peso dos veículos, assim como o efeito de frenagem e aceleração.

“Para quem passa no local das obras nem sempre é possível entender o que está sendo feito, no entanto, como todo trabalho, para realização da pavimentação adequada são necessários alguns processos”, acrescenta o presidente da Concessionária do BRT, José Henrique de Ávila.

“Por isso, ao concluirmos determinada etapa, precisamos de um tempo de repouso para que os compostos aplicados sejam incorporados ao solo e aos demais materiais que lá estão. Respeitando o tempo necessário, a estrutura de asfalto é inserida e a pista poderá ser liberada para utilização”.

Os corredores estruturais estarão localizados no seguinte trechos: Centro (parte da Av. Moreira César, Rua Cesário Mota, Rua São Bento, Rua Souza Pereira, Rua Dr. Alvares Soares, Rua Sete de Setembro, Rua Miranda Azevedo, Rua Padre Luiz, Rua Sta. Clara, parte da Av. Juscelino Kubitscheck e Rua Leopoldo Machado), Binário (Av. Hermelino Matarazzo e Av. Comendador Oeterer), General Osório (parte da Av. General Osório, Rua Castanha Tanques, Rua Maciel Bastos e trecho da Av. Santos Dumont), Leste (Av. São Paulo) e Sul (trechos das avenidas Comendador Pereira, Washington Luiz e Antônio Carlos Comitre até o limite entre Sorocaba e Votorantim). (Carlos Araújo)