Fim de ano
Carros, luzes e união: clubes de Sorocaba reinventam o espírito natalino nas ruas
Quatro autoclubes se unem para realizar uma carreata iluminada que celebra o Natal, a convivência e a cultura do carro antigo
Quatro autoclubes de Sorocaba deram um novo sentido ao espírito natalino ao transformar a noite de quinta-feira (11) em uma celebração da cultura automotiva, da convivência e das histórias que acompanham cada veículo antigo. Minhocânica Custom Garage, Auto Clube Sorocaba, Amigos Aircooled e Kombi Clube Sorocaba decidiram ocupar as ruas com seus carros iluminados em uma ação que, para quem participou, significou muito mais do que promover um desfile temático. Foi, segundo os organizadores, uma demonstração de que a comunidade dos carros clássicos na cidade vive um momento de aproximação e fortalecimento.
A articulação entre os quatro grupos não surgiu de um planejamento complexo. Veio de conversas informais, da percepção de que havia uma oportunidade de reunir forças e do desejo de construir algo conjunto. Plínio e Fernanda Pizzol, do Amigos Aircooled, contam que a ideia surgiu após a tentativa frustrada de integrar o comboio da Coca-Cola. “Chegamos à conclusão de que poderíamos fazer o nosso próprio movimento. Apresentamos a proposta aos outros clubes e a resposta foi imediata. Todo mundo quis participar”, relatam.
O entusiasmo coletivo guiou a preparação. Em grupos de mensagens e encontros improvisados, o itinerário foi sendo definido e cada clube se encarregou de mobilizar seus integrantes. Embora sem a formalidade de um evento tradicional, a movimentação ganhou corpo rapidamente e se transformou em uma ação que os participantes descrevem como simbólica.
Para Sandro Abrão, presidente do Auto Clube Sorocaba, a iniciativa representa um novo capítulo para os clubes da cidade. Ele explica que, até então, cada grupo mantinha a própria agenda, encontros e carreatas. “Estávamos acostumados a trabalhar de forma independente, mas quando vimos a energia dessa proposta conjunta, percebemos como é produtivo juntar todo mundo. Mostra que a cena do carro antigo é maior do que cada clube isoladamente”, afirma.
No Minhocânica Custom Garage, a ação foi recebida como uma espécie de reencontro ampliado. Evandro Pires Simões, o Minhoca, e Caroline Crepaldi dizem que o evento refletiu algo que o grupo vive ao longo do ano: a transformação de encontros mecânicos em relações de amizade. “O carro antigo aproxima as pessoas. Com o tempo, isso vira rotina, vira compromisso, vira convivência. Participar juntos da carreata foi quase como fazer uma grande confraternização de fim de ano ao ar livre”, comenta Evandro. O grupo já discute ideias para expandir a decoração dos carros em edições futuras.
O Kombi Clube Sorocaba também viu na proposta uma oportunidade de reforçar laços. Com cerca de dez Kombis no trajeto, o grupo afirma que a adesão foi natural. “Assim que a ideia apareceu, ninguém pensou duas vezes. O pessoal já tem o hábito de participar de eventos e encontros, então foi uma forma de fortalecer ainda mais esse espírito”, dizem os presidentes Dirceu e Márcia Ferri.
Espírito natalino
A proximidade do Natal foi o ponto de partida do encontro, que foi se ampliando conforme o comboio ganhava forma. Somente depois que os clubes estavam mobilizados é que surgiu a participação dos Papais Noéis: dois motoboys que já realizam ações natalinas há quase uma década e um terceiro participante que seguiu em um dos carros antigos.
Ao longo do percurso, eles distribuíram balas, pipocas doces e minipanetones para quem acompanhava a passagem da carreata. Para Edinaldo Leandro, que se veste de Papai Noel desde 2016, participar do comboio foi apenas uma extensão de uma prática que já mantém todos os anos. “A gente faz isso porque gosta. Levar doce, conversar com as pessoas, acenar para as crianças. Entrar na carreata foi só uma forma de ampliar essa entrega, de alcançar mais gente”, diz. Anderson Prado e Marcos Alemão também se caracterizaram e ajudaram na distribuição das guloseimas.
Aos poucos, os trajes vermelhos, as luzes natalinas e a entrega de doces se misturaram ao som dos motores antigos e ao ritmo dos clubes, criando uma atmosfera que não dependia de um protocolo formal. A carreata funcionou como um encontro de grupos que enxergam o Natal como oportunidade de ocupar a cidade com aquilo que já fazem naturalmente: reunir pessoas, preservar memórias automotivas e circular pelas ruas com seus carros, que carregam histórias, projetos e vínculos. (Murilo Aguiar)
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