Obras
Recinto do elefante Sandro, no zoológico, começa a receber melhorias
Obras de melhorias no recinto do elefante Sandro, no Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, foram iniciadas pela Prefeitura de Sorocaba. Até agora foi construído um brete, que é uma contenção para o manejo do elefante. O objetivo é a segurança da equipe técnica e o bem-estar do animal durante procedimentos veterinários. Não é possível ver a nova melhoria pelo lado de fora do recinto, onde passam os visitantes.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) identificou problemas após a última fiscalização, em setembro: altura do teto inferior à medida mínima de 6 metros, tanque de água com profundidade inferior à mínima de 2 metros e ausência de sombreamento no espaço externo do recinto.
Após a notificação, o órgão federal deu prazo de 20 dias à prefeitura para apresentar defesa administrativa ou efetuar as adequações como forma de solucionar legalmente a situação e encerrar o processo. O Ibama afirma que nenhum recurso foi apresentado até segunda-feira (8). O caso foi encaminhado ainda ao Ministério Público para apuração no âmbito criminal.
A Prefeitura de Sorocaba confirma o recebimento da notificação e afirma que tomará medidas. “A Prefeitura de Sorocaba recebeu a notificação e apresentará o devido recurso administrativo junto ao Ibama e, caso necessário, também o judicial”, afirma.
O Cruzeiro do Sul questionou a administração municipal sobre quais obras serão feitas, quando foram iniciadas, quando ficarão prontas, se mesmo diante do processo há atualizações a respeito da transferência de Sandro, mas não obteve respostas.
A prefeitura respondeu apenas que o elefante Sandro é bem cuidado no zoológico, “onde vive desde 1982, sob cuidados veterinários e zootécnicos especializados”. Informa ainda que o animal “é monitorado continuamente pela equipe técnica do zoo, que realiza manejo alimentar, comportamental e sanitário, conforme protocolos de bem-estar animal”.
Segurança
As medidas e normas determinadas pelo Ibama garantem a segurança e bem-estar do animal em cativeiro. Segundo o biólogo Helio Rubens Jacintho Pereira Junior, o caso do elefante Sandro, reacende um debate fundamental sobre o bem-estar animal em instituições de cativeiro. “Normas como altura mínima do recinto, profundidade adequada do tanque de água e áreas de sombreamento não são meros detalhes técnicos: elas existem porque atendem necessidades biológicas e comportamentais básicas dos elefantes. Quando essas exigências não são cumpridas, a qualidade de vida do animal é diretamente afetada”, afirma. O profissional explica que recintos amplos e altos são importantes para animais de grande porte, no caso do elefante, pois garante que o animal possa levantar a tromba e interagir com o ambiente sem risco de lesões. No zoológico Quinzinho de Barros, a entrada do recinto do Sandro, quando o animal entra ou sai, é possível ver que o espaço é justo, por alguns centímetros o elefante atinge o topo da entrada.
O tanque de água com profundidade também é necessário. “Tanques com profundidade mínima de 2 metros permitem que ele nade ou se submerja parcialmente, comportamentos importantes tanto para o condicionamento físico quanto para a regulação da temperatura corporal”, explica o biólogo.
A falta de sombra no recinto é outro ponto crítico, “Elefantes são muito sensíveis ao calor e, na natureza, buscam sombra frequentemente para evitar superaquecimento e queimaduras solares”, afirma.
Na última visita ao Zoológico, o Cruzeiro do Sul, acompanhou um comportamento natural da espécie, jogar terra no corpo. “Apesar de parecer apenas um hábito curioso, trata-se de um comportamento natural e extremamente importante. Elefantes utilizam terra e lama como uma espécie de ‘protetor solar’ e repelente natural contra insetos. Além disso, ao secar, a camada de terra ajuda a remover parasitas e a proteger a pele, que é sensível e necessita desse cuidado constante”, explica Helio.