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Câmara aprova atualização do brasão de Sorocaba

Mudanças corrigem erros técnicos, reforçam símbolos históricos e incluem referências ao tropeirismo e à Estrada de Ferro Sorocabana

09 de Dezembro de 2025 às 21:00
Cruzeiro do Sul [email protected]
Professor Adilson Cezar participou da sessão extraordinária e comentou as imprecisões heráldicas
Professor Adilson Cezar participou da sessão extraordinária e comentou as imprecisões heráldicas (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO)


A Câmara de Sorocaba aprovou por unanimidade, em sessão extraordinária realizada ontem (9), o projeto de lei que atualiza o brasão de armas do município. A alteração atende a correções sugeridas por especialistas em heráldica, que apontaram inadequações técnicas na composição atual e recomendaram a atualização de seus símbolos e proporções. A unanimidade em primeira discussão indicou amplo apoio à mudança, abrindo caminho para a conclusão da segunda votação em poucas horas.

A proposta altera elementos centrais do brasão oficial de Sorocaba, substituindo e atualizando símbolos presentes desde 1925. O objetivo, segundo justificativas técnicas e históricas, é corrigir imprecisões heráldicas e reforçar aspectos identitários do município.

Segundo o professor Adilson Cezar, presidente do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba (IHGGS), o brasão atual carrega um equívoco desde a criação. “Nossa coroa mural está incorreta há um século. O símbolo que representa ‘cidade’ deve possuir oito torres, sendo cinco aparentes. Essa correção é obrigatória e necessária. A cor de ouro também é um erro: o ouro remete às capitais; o correto seria prata, que se relaciona aos municípios”, explica.

A coroa mural é o elemento que fica no topo do escudo e define a categoria da localidade — vila, cidade ou capital — dentro das normas tradicionais da heráldica.

Adeus aos unicórnios

Um dos pontos mais visíveis da mudança é a substituição dos unicórnios — figuras mitológicas que acompanham o escudo atual — por cavalos heráldicos. De acordo com o professor: “Os unicórnios deixam de existir e passamos a ter cavalos heráldicos, que representam o tropeirismo e a importância econômica e cultural dos equinos na formação de Sorocaba”. O tropeirismo é um dos pilares históricos da cidade e ganha destaque no novo brasão.

Outro acréscimo relevante é a inclusão da representação da Estrada de Ferro Sorocabana, em forma de um “S”, acompanhada de uma locomotiva a vapor e dois vagões. “A ferrovia teve um extraordinário desenvolvimento e marcou profundamente a história de nossa gente. A locomotiva em ‘meio S’ simboliza Sorocaba e celebra o centésimo quinquagésimo (150º) da fundação da Estrada de Ferro Sorocabana”, afirma o professor.

O brasão atualizado retira o escudete que ficava sobre a torre central e adota uma flor-de-lis azul, que passa a figurar como símbolo religioso e identitário. “A flor-de-lis representa Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba. O azul expressa pureza e o céu. É uma forma de conectar o símbolo ao próprio nome da cidade”, conta Adilson Cezar.

Justificativa histórica e técnica

O presidente do IHGGS, reconhecido como especialista em heráldica, enfatiza que as mudanças não desrespeitam o trabalho original de Alfredo Scarabinoli e Toné, responsáveis pelo brasão atual. “Não há erro quanto à concepção artística deles. Este é um processo de adaptação, não de rejeição. É a atualização de um símbolo centenário para refletir com fidelidade nossa história”, ressalta.

Ele relembra que provocou o debate anos atrás ao afirmar que Sorocaba parecia uma “aldeia metida a besta” por conta de imprecisões heráldicas, frase que chamou atenção e reacendeu a discussão. O professor Adilson Cezar também cita o apoio do jurista André Tolentino como decisivo para avançar com o processo de revisão.

Três anos para substituição

Uma das maiores preocupações levantadas era o custo da substituição de materiais com o brasão antigo: bandeiras, papéis oficiais, placas, uniformes e impressos. O projeto aprovado prevê prazo de três anos para a transição, justamente para evitar despesas desnecessárias. “Não vamos jogar nada fora. Em três anos, bandeiras e materiais já estarão naturalmente desgastados ou consumidos. A substituição será gradual, respeitando a economicidade”, conclui o presidente do IHGGS. (João Frizo)

 

 

 

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