Qualidade de vida
Após 14 anos, PM retoma projeto de equoterapia e forma primeira turma
Iniciativa realizada em parceria com Asipeca deve ser retomada no início do próximo ano com nova turma
O Destacamento de Policiamento Montado de Sorocaba, o terceiro mais antigo do Estado de São Paulo, que integra o 14º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP), da Polícia Militar (PM), retomou neste ano o trabalho de equoterapia após 14 anos de interrupção. A atividade voltou em abril numa parceria com a Asipeca, organização que há 18 anos atende pessoas com câncer e autismo e passou a incluir a terapia com cavalos em suas ações. Para colocar o projeto em funcionamento, policiais e voluntários participaram de um minicurso de capacitação, inclusive para atender as famílias de crianças e adultos inscritos.
A equoterapia é uma prática terapêutica que utiliza o cavalo para estimular o desenvolvimento físico, mental e social. O método contribui para avanços no equilíbrio, coordenação motora, força muscular, atenção, autonomia e interação social. Para os policiais envolvidos, o trabalho também representa um novo propósito, ao permitir que atuem além do enfrentamento ao crime.
A presidente da Asipeca, Ana Cecília Fogaça, e o major Enrique Muraro informaram que o projeto está encerrado neste ano. No entanto, a previsão é de que as atividades sejam retomadas a partir de janeiro de 2026, quando novas inscrições deverão ser abertas.
Primeira turma
A primeira turma concluiu seis meses de atividades, reunindo 12 participantes, a maioria crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), além de uma paciente oncológica que iniciou o tratamento recentemente. A formatura ocorreu em 25 de novembro.
Entre os participantes da primeira turma, Thomas Martins Souza, de 5 anos, foi o primeiro a ser contemplado com o tratamento e teve um tempo maior de acompanhamento, sete meses a mais que as demais crianças. Thomas já era atendido pela Asipeca e foi incluído no projeto logo na retomada da equoterapia. Sua mãe, Cristiane Martins Souza, de 27 anos, relata que o filho, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), apresentou avanços desde o início das sessões.
Segundo Cristiane, a mudança mais evidente foi no comportamento social e na fala. “Em cima do cavalo, ele começou a se soltar”, conta. Antes muito dependente da mãe e com pouca interação com outras pessoas, Thomas passou a demonstrar afeto e falar mais. A equoterapia também ampliou sua tolerância sensorial: ele não gostava de areia e evitava novas texturas, mas agora se permite explorar o ambiente.
A mãe afirma que pretende manter o filho no projeto pela evolução que observou. “Depois da equoterapia, tudo mudou”, resume Cristiane, destacando o impacto direto da terapia no desenvolvimento emocional e social do menino.
Fernanda Garcia, de 35 anos, mãe de Daniel Victor, de 6 anos, diagnosticado com Autismo e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), relata que a equoterapia já havia sido recomendada pela neurologista do filho, mas a família ainda não tinha conseguido adequar o custo do tratamento ao orçamento. A oportunidade surgiu quando o marido soube do novo projeto da Polícia Militar e realizou a inscrição; Daniel foi então contemplado com uma das vagas.
Segundo Fernanda, o filho apresentava dificuldades na coordenação motora, especialmente ao subir escadas, além de insegurança para realizar movimentos simples. Com a equoterapia, ela afirma que Daniel ganhou mais estabilidade e confiança corporal. A mãe também apontou mudanças no comportamento do menino. Antes ele apresentava surtos de agressividade, hoje ele demonstra mais carinho e maior controle emocional. (Maria Clara Campos - Programa de estágio)
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