Economia
13º salário aquece comércio no fim de ano
Benefício deve injetar R$ 655 milhões em Sorocaba e Votorantim; projeções nacionais chegam a R$ 125,6 bilhões
Quando o fim de ano se aproxima, as vitrines são tomadas por brilhos, luzes, Papai Noel tocando saxofone e até versões abrasileiradas do bom velhinho. Também aparecem cervos de pisca-pisca e uma imensa gama de presentes, embalagens e personagens. Além, é claro, do clássico panetone e de todas as suas versões. O peru, que passou o ano inteiro esquecido no mercado, é alçado à posição de protagonista. Neste ano, é o prenúncio de uma injeção de dinheiro na região. De acordo com a Associação Comercial (Acso), o décimo terceiro salário deve injetar cerca de R$ 655 milhões na economia de Sorocaba e Votorantim.
Em escala nacional, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que R$ 125,6 bilhões serão injetados na economia brasileira, um aumento de 4,8% em relação ao ano passado. Para muitos brasileiros, ele representa a chance de desafogar dívidas, antecipar compras ou simplesmente reorganizar a vida financeira.
O 13º salário é um benefício trabalhista garantido por lei no Brasil desde 1962, quando uma proposta do deputado Aarão Steinbruch (PTB-RJ) foi aprovada pelo Senado e sancionada pelo presidente João Goulart. A Lei 4.090, de 1962, garante uma gratificação que funciona como uma remuneração extra paga ao trabalhador com carteira assinada ao final de cada ano. Ele corresponde ao valor de um mês de salário, dividido em duas parcelas, geralmente depositadas entre novembro e dezembro. O objetivo é reforçar a renda das famílias nesse período, ajudando a equilibrar o orçamento, quitar dívidas ou realizar compras de fim de ano. Além disso, o 13º atua como um importante estímulo para a economia, ampliando o poder de consumo e movimentando diversos setores do mercado.
Segundo o economista Osvaldo Zalewska, como o 13º já é cultural e certo para muitas famílias, ele acaba desempenhando um papel planejado, com as pessoas se endividando já contando com o recebimento do benefício. Os dados da CNC confirmam essa divisão de prioridades: 35% do montante será direcionado para compras de fim de ano, enquanto 34% irá para quitação ou abatimento de dívidas. Os setores que mais devem ser beneficiados são vestuário, livrarias e utilidades domésticas.
Um passeio pela região central da cidade permite cruzar com diversas pessoas, cada uma com um objetivo para o seu 13º. Algumas que estavam reunidas em uma loja de variedades afirmam que pretendem usar o dinheiro para comprar itens para as festas de fim de ano, como presentes, decorações e ceias. Outras afirmam que o valor já está encaminhado, destinado a pagar parcelas e dívidas anteriores. Há ainda pessoas que pensam em guardar o dinheiro, já antevendo despesas de começo de ano, como material escolar, IPVA, IPTU e até viagens de férias.
Osvaldo também deu uma boa notícia: “O que temos de positivo neste ano é que temos, segundo o Caged, 49,8 milhões de trabalhadores elegíveis ao recebimento do 13º salário. Este número é recorde do período pós-Covid. As famílias que serão beneficiadas reduzirão o seu endividamento, o que as torna propensas a iniciarem um novo ciclo de consumo, principalmente de produtos com maior valor agregado, como eletrônicos, eletrodomésticos e veículos.” (Vernihu Oswaldo)