Civismo
Dia da Bandeira resgata história e reforça tradição militar no País
Criada em 1889, a bandeira nacional mantém vínculos profundos com os quartéis, onde rituais, normas e simbolismos preservam sua dignidade
A bandeira do Brasil nasceu em 1889, poucos dias depois da Proclamação da República, quando o País buscava novos símbolos para representar uma nação que acabava de romper com a monarquia. Criada por Raimundo Teixeira Mendes, Miguel Lemos, Manuel Pereira Reis e Décio Vilares, ela manteve as cores tradicionais do Império, mas com novos sentidos: o verde passou a representar nossas matas, o amarelo, as riquezas minerais, e o círculo azul estrelado retratava o céu do Rio de Janeiro na manhã de 15 de novembro daquele ano.
Mas, além da história de sua criação, a bandeira ganhou força em outro campo: o militar. Dentro dos quartéis, ela não é apenas um símbolo gráfico, se tornou presença diária, objeto de rituais e guardada com profundo respeito.
O tenente-coronel André Zanella, comandante da Base de Apoio Regional de Sorocaba, explica que essa ligação vem de longa data. “A bandeira do Brasil é um dos quatro símbolos da pátria. Ela possui uma conexão profunda e central com a tradição militar do País, sendo um símbolo máximo da pátria e objeto de rituais solenes, de juramento e de respeito inabalável para as Forças Armadas.”
Essa reverência aparece de forma especial no Dia da Bandeira, celebrado em 19 de novembro. É nessa data que os militares realizam o ritual de incineração das bandeiras desgastadas pelo tempo e pelo uso. Zanella descreve como funciona. “A queima da bandeira é feita em solenidade, normalmente em uma formatura, com toda a tropa em forma. Há toda uma pira (estrutura de incineração) onde são colocadas as bandeiras inservíveis. Durante a queima, é lida a portaria que regula essa incineração. É um momento em que se toca — ou se canta — o Hino à Bandeira.”
Curiosidades
Ele lembra que esse processo segue um vade-mécum de cerimonial, que orienta cada passo da cerimônia. Para o militar, não é apenas o “descarte de um objeto”, mas um gesto de respeito ao símbolo nacional.
Esse cuidado também aparece no dia a dia. Um detalhe que muitos brasileiros desconhecem — mas que, para o Exército, é regra — é a iluminação da bandeira. “A bandeira, para ficar hasteada à noite, precisa estar iluminada. Nos quartéis, ela é hasteada às oito da manhã e arriada às dezoito horas. A bandeira do Brasil não pode ficar hasteada sem estar iluminada.”
Zanella observa que, fora dos quartéis, nem sempre essa norma é cumprida, mas destaca que ela existe justamente para preservar a dignidade do símbolo.
Para além dos protocolos, existe também uma dimensão pessoal. O tenente-coronel fala da bandeira não apenas como comandante, mas como alguém que já a carregou em missões internacionais: “Eu já participei de missão fora do País e a gente usa a bandeira no braço. Ela marca as nossas cores. Toda a simbologia do nosso País está ali. Para mim, é um grande orgulho ostentar a bandeira na minha farda.”
Ele lembra que a bandeira carrega a história do Brasil desde a Independência, quando o País deixou de ser colônia portuguesa. “A bandeira do Brasil foi formada com base em todo o nosso histórico de Independência, da saída do Brasil do jugo de Portugal, para que se visse uma nação forte e independente.”
Por isso, o militar acredita que o Dia da Bandeira deveria ser um convite à memória nacional. “Acho que os brasileiros têm que lembrar da história. É isso que a bandeira deveria simbolizar no dia dela.”
Mais de 130 anos depois de sua criação, a bandeira permanece como um dos símbolos mais fortes do País — seja nas escolas, nos prédios públicos ou, de forma ainda mais intensa, no cotidiano de quem tem a missão de defendê-la. (João Frizo - programa de estágio)
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