Transtornos
Moradores da Comendador Oeterer convivem com o retorno de esgoto
Problema teria se agravado após obras do BRT; comerciantes relatam prejuízos, mau cheiro e falta de solução definitiva
Moradores e comerciantes da rua Comendador Oeterer, região do Além-Linha, enfrentam diariamente problemas com o retorno de esgoto. Segundo relatos, a situação faz parte da rotina há pelo menos quatro anos. As reclamações se intensificaram após as obras do BRT na região e apontam prejuízos financeiros, mau cheiro persistente e a ausência de uma solução definitiva por parte do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Sorocaba (Saae).
De acordo com a vizinhança, basta uma chuva fraca para que o esgoto retorne pelos ralos, vasos sanitários e até pelo chão, afetando diretamente o funcionamento dos comércios. Muitas vezes, os banheiros precisam ser interditados. “Ficamos cinco, seis dias impossibilitados de usar o banheiro. Eu não consigo dar descarga. A hora que dou, a água retorna, sai pelo ralo, sai pelo vaso e suja o banheiro também. Aí chega o cliente e não podemos deixar usar”, relata Marcos César dos Reis, 56 anos, que precisa recorrer aos vizinhos para atender às próprias necessidades.
Além do transtorno diário, o mau cheiro se tornou constante, especialmente nos dias mais quentes. “O problema é que ainda não começou a época de chuvas e de calor intenso. A tendência é só piorar”, acrescenta Marcos, proprietário de uma loja de veículos. Ele conta que a situação se agravou a ponto de o Saae ter sido acionado diversas vezes apenas nos últimos três meses, mas sempre com medidas paliativas, como o uso de mangueiras e ferros para desobstrução temporária da rede. Ainda segundo os comerciantes da região, uma semana depois o problema reaparece. “Uma vez eles [se referindo ao Saae] atenderam a ocorrência e no outro dia tivemos que chamar novamente”, relata outro lojista.
Em um dos casos mais graves, uma inquilina voltou para casa após alguns dias fora e encontrou o esgoto “pela casa inteira”. O cenário foi tão crítico que ela decidiu abandonar o imóvel, alegando não confiar mais no Saae. “Estou com a casa desocupada desde agosto, sem condições de alugar de novo. Ficamos com o prejuízo. O valor do aluguel ajuda nas despesas com os cuidados da minha mãe, que tem Alzheimer avançado e é acamada”, conta Tânia Regina Isquierdo Lopes Fam, proprietária da residência.
Os moradores alegam que técnicos do Saae teriam confirmado que a manilha antiga foi comprometida durante as obras do BRT. A compactação do solo teria rompido a estrutura subterrânea, obstruindo o fluxo do esgoto. A vizinhança afirma que, antes das intervenções, não havia problemas semelhantes. Eles também apontam que um poço de visita previsto para ser construído no local não foi executado, deixando a rede ainda mais vulnerável.
Enquanto nenhuma medida concreta é adotada, os moradores da rua Comendador Oeterer afirmam que a água continua surgindo do chão, o mau cheiro toma conta da via e eles seguem acumulando prejuízos.
O que diz o Saae?
Por meio de nota, o Saae diz ter constatado dano em rede de esgoto sob placa de concreto. Avisa que a manutenção está programada para ainda esta semana e que as obras do BRT não tiveram relação com o problema identificado. Ainda conforme a autarquia, fiscalização periódica em todos os córregos é realizada, a fim de identificar a necessidade de manutenção, limpeza ou qualquer outro tipo de intervenção. (Lavínia Carvalho - Programa de estágio)
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