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Comportamento

Justiça Restaurativa reforça esperança e corresponsabilidade

Evento na Facudade de Direito de Sorocaba reuniu magistrados, pesquisadores e facilitadores

13 de Novembro de 2025 às 21:00
Cruzeiro do Sul [email protected]
Daniela Leal, da 2ª Vara Cível de Barueri:
Daniela Leal, da 2ª Vara Cível de Barueri: "Os maiores desafios para implementar projetos ou realizar círculos restaurativos estão diretamente ligados ao modo como a sociedade de hoje se comporta" (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO)


A Jornada da Justiça Restaurativa de Sorocaba 2025, realizada no Salão Nobre da Faculdade de Direito de Sorocaba (Fadi), na manhã de quarta-feira, reuniu juízes, promotores, defensores, educadores e profissionais da rede de garantia de direitos para discutir os caminhos da Justiça Restaurativa no país. Com o tema “Promoção da Responsabilização e Esperança”, o evento propôs reflexões sobre diálogo, empatia e corresponsabilidade como instrumentos de transformação social.

A juíza Tamar Oliva de Souza Totaro, coordenadora da Justiça Restaurativa da Comarca de Sorocaba, destacou a satisfação de retornar à Fadi, local que sediou a edição anterior da jornada. “Foi uma grata surpresa conseguir, de última hora, esse espaço — o mesmo onde realizamos a jornada do ano passado. O ambiente está ainda mais acolhedor, o que é um dos pilares da Justiça Restaurativa: fazer com que todos se sintam em casa”, afirmou.

Entre os destaques da programação, a palestra da juíza Daniela Nudeliman Guiguet Leal, da 2ª Vara Cível de Barueri, que abordou os impactos das transformações sociais na prática da Justiça Restaurativa. “Os maiores desafios para implementar projetos ou realizar círculos restaurativos estão diretamente ligados ao modo como a sociedade de hoje se comporta”, afirmou.

Daniela apontou cinco características marcantes da contemporaneidade — individualismo, aceleração do tempo, maniqueísmo, extremismo e influência da tecnologia — como fatores que moldam os conflitos e as formas de resolução.

“Vivemos um tempo em que as pessoas buscam soluções imediatas e concretas. Há uma tendência de acreditar em verdades absolutas, inclusive nas respostas dadas por ferramentas tecnológicas como o ChatGPT. Isso afeta diretamente a maneira como nos relacionamos e como lidamos com os conflitos”, observou. A juíza também comentou que as novas gerações têm uma relação diferente com a informação, o que repercute em fenômenos como o cyberbullying.

A magistrada Tamar abordou o tema central do evento e comentou sobre os desafios locais na consolidação das políticas públicas da área. “Para manter a esperança, é preciso combater estereótipos e preconceitos, que são a base dos conflitos. Também discutimos a necessidade de implementar a Justiça Restaurativa como política pública no município”, disse. Segundo a juíza, há expectativa de que um projeto de lei municipal seja elaborado para consolidar a política de Justiça Restaurativa em Sorocaba. (João Frizo - programa de estágio)