Prefeitura
PF aponta Manga como líder de esquema de corrupção na saúde
Prefeito afastado por seis meses é investigado por chefiar organização criminosa que teria desviado recursos públicos por meio de contratos fraudulentos e lavagem de dinheiro
O prefeito afastado de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), foi apontado pela Polícia Federal (PF) como líder de uma organização criminosa e beneficiário de esquemas de corrupção na área da saúde, segundo reportagem exibida ontem (11) pela TV TEM. Ele está afastado do cargo por 180 dias (seis meses) por determinação judicial.
De acordo com informações divulgadas pela emissora de TV, o esquema de corrupção teria sido articulado ainda durante a primeira disputa eleitoral de Manga, em 2020. O relatório da PF aponta a contratação direta e ilegal da Organização Social Instituto de Atenção à Saúde e Educação (antiga Aceni) para administrar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Éden.
A investigação também identificou indícios de manipulação de licitação para a contratação de organização responsável pela gestão da Unidade Pré-Hospitalar (UPH) da Zona Oeste, com o objetivo de eliminar concorrentes. A participação do então prefeito nas movimentações é citada em mensagens interceptadas enviadas pelo ex-secretário municipal Fausto Bossolo. Além de Bossolo, o ex-secretário da Saúde, Vinícius Rodrigues, também foi apontado como responsável por viabilizar contratações diretas irregulares.
Segundo a PF, o dinheiro obtido por meio dos esquemas de corrupção era lavado por contratos de publicidade fictícios. As empresas 2M Comunicação e Assessoria, de propriedade de Sirlange Rodrigues Frate, esposa de Manga; Sim Park Estacionamento Eireli, de Marco Silva Mott; e a Igreja Cruzada dos Milagres dos Filhos de Deus, administrada por Josivaldo de Souza (cunhado de Manga) e Simone Rodrigues Frate Souza (irmã de Sirlange), foram apontadas como instrumentos da lavagem de dinheiro.
Josivaldo de Souza e o empresário Marco Silva Mott — amigo do prefeito — foram presos na quinta-feira (6), durante a segunda fase da Operação Copia e Cola, da Polícia Federal. Ambos são investigados por participar do esquema e intermediar propinas.
Os contratos serviam, segundo a PF, para dar aparência de legalidade ao dinheiro desviado. Os valores movimentados são expressivos: a empresa de Mott teria recebido R$ 448,5 mil, enquanto a igreja de Josivaldo teria movimentado cerca de R$ 780 mil.
Josivaldo é apontado como operador financeiro do grupo, responsável por administrar as propinas pagas por meio de contratos públicos. Já Mott seria integrante ativo da organização, autor de contratos de publicidade com a empresa de Sirlange, além de ter sido alvo de busca e apreensão, ocasião em que foram encontrados R$ 646,3 mil em espécie.
Cunhada segue foragida
Segundo reportagem de Demétrio Vecchioli, do portal Metrópoles, também publicada ontem, a Justiça Federal de São Paulo expediu mandado de prisão preventiva contra Simone Rodrigues Frate de Souza, cunhada do prefeito afastado.
Na mesma operação que prendeu Josivaldo de Souza, marido de Simone, e Marco Mott, a PF não localizou Simone em sua residência, e ela segue foragida desde então. A cunhada de Manga é apontada como outra operadora financeira do esquema liderado pelo prefeito afastado. Na primeira fase da Operação Copia e Cola, a PF havia apreendido R$ 903 mil em espécie em sua casa — valor que foi posteriormente devolvido.
Ainda de acordo com o Metrópoles, a PF também identificou pagamentos realizados por Sirlange Rodrigues Frate, esposa de Manga, para custear contas pessoais da irmã e do prefeito afastado.
Defesas
A defesa de Manga divulgou nota a respeito das acusações. “A investigação conduzida pela Polícia Federal de Sorocaba é completamente nula, porque foi iniciada de forma ilegal e conduzida por autoridade manifestamente incompetente. Além disso, é fruto de perseguição política, não havendo nada de concreto a relacionar o prefeito nesse inquérito policial. Ademais, indiscutivelmente temerário o afastamento do prefeito baseado em ilações sobre supostas irregularidades investigadas.” Os advogados ressaltam ainda que os “supostos fatos remontam ao ano de 2021, o que demonstra a ausência de qualquer contemporaneidade capaz de colocar em risco a continuidade do exercício do legítimo mandato do chefe do Executivo Municipal, mandato este, inclusive, conquistado nas urnas, de forma legítima e maciça”. A defesa afirma ainda que tem confiança “no pleno restabelecimento da verdade, reiterando que todas as medidas jurídicas cabíveis estão sendo adotadas para corrigir e reformar essa ilegalidade”.
Sirlange Rodrigues Frate Maganhato, também se manifestou por meio da sua defesa, em nota. “Esclarece que todas as operações financeiras mencionadas na investigação são lícitas, corroboradas por documentação e devidamente declaradas em imposto de renda. Ademais, informa que todos os serviços mencionados foram efetivamente prestados e os valores faturados correspondem às atividades executadas. Aliás, esclarece que todos os impostos devidos foram devidamente recolhidos, evidenciando que não houve qualquer ilegalidade ou ilicitude.”
A defesa da esposa de Rodrigo Manga observa ainda que “em que pese sequer tenha sido intimada para prestar depoimento em solo policial, a licitude e regularidade de todas as operações financeiras e de todos os serviços prestados já foram demonstradas às autoridades”. Por fim, “rechaça veementemente as acusações e aguarda que a investigação seja arquivada com brevidade, elidindo-se as injustas ilações vazadas”. (Da Redação)