O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025 teve seu primeiro dia de prova no domingo (9). No próximo domingo (16) está prevista a segunda etapa do exame. Cerca de 73% dos inscritos compareceram em todo o Brasil (aproximadamente 3,5 milhões de participantes). Em Sorocaba, havia 15 mil alunos inscritos. O tema da redação deste ano, divulgado pelo ministro da Educação, Camilo Santana, foi “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira.”

Na porta da Universidade Paulista (Unip), um dos locais utilizados para a aplicação da prova, estavam diversos alunos. O clima de apreensão só era cortado por professores que foram até o local para encorajar seus alunos.

Muitos estudantes disseram estar nervosos, especialmente por compreenderem a importância do exame para o futuro. Alguns preferiam esperar a hora da entrada em pequenos grupos; as conversas, em geral, giravam em torno de amenidades. Outros optavam por revisar resumos de última hora.

Além de alunos e professores, também havia muitos familiares. Alguns pretendiam esperar os filhos durante as cinco horas e meia de prova; outros apenas os acompanharam até o local e ficaram por um tempo, para garantir. Houve ainda quem tivesse viajado para realizar o exame em Sorocaba.

No próximo domingo (16), será a vez das provas de Ciências da Natureza e Matemática, com duração de cinco horas.

Os resultados do Enem são utilizados para acesso ao ensino superior por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Programa Universidade para Todos (Prouni) e do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Instituições privadas também utilizam as notas como critério de seleção, e universidades portuguesas com convênio com o Inep aceitam os resultados para ingresso de estudantes brasileiros.

Professores avaliam o tema da redação

O professor de história Henrique Cavalcanti de Albuquerque e a professora de redação e língua portuguesa Patricia Ducatti Gonçalves comentaram a temática escolhida para a redação: “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira.”

Patricia afirmou que o tema era esperado, uma vez que a redação do Enem tem se concentrado em temáticas sociais. Em 2024, tratou da valorização da herança africana no Brasil; em 2023, do enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher; e, em 2022, da valorização de comunidades e povos tradicionais. Ela também lembrou que o tema da Prova Nacional Docente (PND), o “idadismo”, reforçava a importância do assunto.

A temática, segundo ela, integra diversos componentes do currículo do ensino médio.

Henrique observou que “o aluno poderia usar muito de seu repertório de geografia e história, principalmente a mudança demográfica da sociedade brasileira nos últimos 50 anos — de uma sociedade jovem para uma sociedade mais madura e urbanizada.”

Do ponto de vista técnico, Patricia considerou o tema difícil, especialmente por não despertar grande interesse entre os alunos, o que poderia tornar as redações superficiais. “Devido ao tempo e à pressão, a tese e a argumentação tendem a ser superficiais ou focarem no preconceito”, afirmou.

Henrique avaliou que, embora o tema apresente desafios, por não ser um assunto sobre o qual os alunos costumam refletir, oferece boas possibilidades para quem tem repertório social e consegue se apoiar nos textos de apoio para desenvolver uma redação consistente.

Questões de múltipla escolha

O professor Henrique também fez uma análise sobre algumas das questões de múltipla escolha da prova de humanidades: “Muitas questões abordaram temáticas culturais e sociais, o que é bem típico e já tradicional do Enem.”

Diversas questões trataram da cultura afro-brasileira. Outro recurso bastante utilizado foram os textos não verbais combinados com textos verbais.

O professor destacou a questão 37 da prova verde — iniciada com “Origem, tradição e resistência” —, que pedia a comparação entre dois textos (um verbal e outro não verbal) sobre cultura indígena. “Muito pertinente como tema de reflexão”, avaliou.

A prova de linguagens também fez uso da combinação de textos verbais e não verbais e privilegiou a interpretação de texto, tratando a língua como patrimônio cultural brasileiro.

Provas de ciências da natureza e exatas

A prova do próximo domingo (16) trará temas considerados pelos estudantes como os mais “desafiadores”, especialmente os ligados à matemática, física e química.

Alexandre Guassi, professor de física do Centro Universitário Facens, declarou esperar uma prova que mantenha a linha das anteriores do Enem, com enunciados que contextualizam e aproximam as questões do cotidiano dos alunos.

Segundo ele, os conteúdos de física que devem ser priorizados são cinemática — especialmente mecânica —, eletricidade e formas de geração de energia alternativa. Com menos destaque, devem aparecer temas como energia, termodinâmica e calor.

Outra tendência é a presença de questões interdisciplinares, como a criação de gado que gera metano — gás poluente —, tema que pode ser abordado pela física, pela química e pela biologia.

Alexandre acrescentou que, embora seja pouco provável que a COP30 seja mencionada explicitamente, o ambientalismo deve ser um eixo constante. Assuntos como hidrogênio e amônia verde também podem aparecer.

Para a prova de matemática, o professor apontou como principais temas funções, interpretação de gráficos e estatística.