Buscar no Cruzeiro

Buscar

Operação Copia e Cola

Investigações expõem suspeita de desvio de recursos da saúde

Polícia Federal apura esquema que teria usado organizações sociais e contratos emergenciais para fraudar licitações e lavar dinheiro público na área da saúde de Sorocaba

06 de Novembro de 2025 às 13:28
Da Redação [email protected]
A Polícia Federal cumpriu sete mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva em cidades da região
A Polícia Federal cumpriu sete mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva em cidades da região (Crédito: Fabio Rogério)

A Operação Copia e Cola, conduzida pela Polícia Federal, investiga um complexo esquema de desvios de recursos públicos da saúde, em Sorocaba. O nome da operação faz referência à repetição de contratos e documentos supostamente usados para simular licitações e convênios com Organizações Sociais (OS) contratadas pela Prefeitura.

De acordo com a PF, o grupo sob investigação teria se beneficiado de contratos emergenciais e convênios firmados sem licitação, direcionando recursos para empresas e OSs ligadas a servidores públicos e empresários locais. Parte do dinheiro, segundo os investigadores, era desviado e lavado por meio de pessoas jurídicas de fachada, com indícios de pagamentos indevidos e superfaturamento de serviços e insumos hospitalares.

Em 10 de abril deste ano, foi deflagrada a primeira fase da operação, quando foram apreendidos documentos. Naquele momento, segundo a PF, estavam sendo investigados Rodrigo Manga (Republicanos), prefeito de Sorocaba, o empresário Marco Silva Mott, amigo pessoal do prefeito, além do ex-secretário de Saúde Vinicius Rodrigues e do ex-secretário de Governo e Administração Fausto Bossolo, que deixou o cargo em 2022. As defesas de Vinicius Rodrigues e de Fausto Bossolo foram questionadas pelo Cruzeiro do Sul sobre a investigação. 

"Mantenho meu posicionamento que não tenho absolutamente nada a ver com os eventos e os contratos investigados não tiveram a minha participação. Continuo sem nem sequer entender por qual motivo um dia me investigaram por atos de terceiros", afirmou em nota a defesa de Vinícius Rodrigues. Os advogados de Bossolo ainda não se manifestaram. O espaço segue aberto

Na segunda fase da operação, deflagrada nesta quinta-feira (6), a Polícia Federal cumpriu sete mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva em cidades da região, como Araçoiaba da Serra, Piedade, Itu e São Paulo. Foram, também, bloqueados e sequestrados bens de investigados, no valor de aproximadamente R$ 6,5 milhões, além da aplicação de medidas cautelares, como a suspensão de funções públicas e restrição de contato entre os envolvidos. O prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, foi afastado do cargo por 180 dias.

As investigações apontam indícios de corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitação, lavagem de dinheiro, contratação direta ilegal e organização criminosa. A Polícia Federal afirma que o material apreendido nas duas fases da operação reforça a atuação coordenada de agentes públicos e privados em um esquema voltado ao desvio sistemático de verbas da saúde municipal.

LINHA DO TEMPO

Abril de 2025 -- Início da operação

A Polícia Federal deflagra a primeira fase da Operação Copia e Cola com o objetivo de desarticular uma organização suspeita de desviar recursos públicos da área da saúde em Sorocaba.

As investigações indicam o uso de Organizações Sociais (OS) como intermediárias para lavagem de dinheiro e fraude em contratos públicos.

Locais das diligências: Prefeitura de Sorocaba, gabinete e residência do prefeito Rodrigo Manga, Secretaria Municipal da Saúde, diretório municipal do Republicanos e casa do então secretário de Saúde, Vinicius Rodrigues.
Na ação, foram apreendidos documentos, veículos de luxo, armas e R$ 1,7 milhão em espécie.

Maio de 2025 -- Expansão das investigações

A PF aprofunda a análise do material recolhido na primeira fase e identifica novos agentes públicos e empresários envolvidos.
Relatórios indicam que contratos emergenciais e convênios direcionados favoreceram determinadas organizações sociais. A análise das movimentações financeiras revela transações atípicas e possíveis mecanismos de lavagem de dinheiro.

Novembro de 2025 -- Segunda fase e afastamento do prefeito

Nesta quinta-feira (6), a Polícia Federal deflagra a segunda fase da operação, concentrando esforços em contratos emergenciais e convênios da prefeitura com uma OS sem fins lucrativos.
Nesta etapa, são cumpridos sete mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva. O empresário Marco Silva Mott é preso preventivamente, suspeito de atuar como lobista e operador financeiro do grupo.

A Justiça Federal determina o afastamento do prefeito Rodrigo Manga por 180 dias, além do bloqueio de bens e da suspensão de funções públicas de outros investigados. O montante bloqueado chega a R$ 6,5 milhões.

Repercussão

A defesa de Marco Mott afirma que a prisão é “desnecessária” e baseada em “conjecturas”, ressaltando que o empresário “sempre esteve à disposição das autoridades”.
Rodrigo Manga, em viagem a Brasília, comentou o afastamento por meio das redes sociais, e a Prefeitura de Sorocaba emitiu nota informando que “o vice-prefeito Fernando Martins da Costa Neto assumiu, nesta quinta-feira (6), o cargo de prefeito de Sorocaba, até que os fatos sejam esclarecidos, garantindo a plena continuidade dos serviços públicos e o funcionamento regular da Administração Municipal. A Prefeitura de Sorocaba reforça seu compromisso com a transparência e o respeito às decisões judiciais”.

Crimes sob investigação

* Corrupção ativa e passiva

* Peculato

* Fraude em licitação

* Lavagem de dinheiro

* Contratação direta ilegal

* Organização criminosa