A implantação da Marginal Direita e do Sistema de Parques Norte-Sul do Rio Sorocaba foi tema de audiência pública realizada, na manhã de ontem (5), na Câmara de Sorocaba. O encontro reuniu especialistas, representantes da prefeitura, entre eles a secretária municipal de Parcerias (Separ), Jéssica Pedrosa, vereadores e moradores da cidade.

Jéssica, inclusive, destacou que a obra vem sendo planejada desde 2012, com contrato firmado em 2018 e início efetivo em 2021. O projeto já possui licença ambiental emitida pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), após um longo processo de adequações para mitigar os impactos ambientais.

Durante a audiência, foi apresentada uma síntese das obras e dos benefícios previstos. “Temos feito um trabalho muito sério para mitigar tudo aquilo que é possível, de acordo com as normas e diretrizes ambientais e sociais. Vamos ampliar as áreas verdes, criando um novo legado para a cidade”, comenta a secretária de Parcerias, ressaltando o caráter multisetorial do projeto, que envolve diversas secretarias e profissionais.

Já o secretário jurídico de Sorocaba, Douglas Domingos de Moraes, explicou que, mesmo após a autorização da Cetesb, a obra foi alvo de uma ação judicial movida pelo Ministério Público. Segundo ele, a proposta atual, apresentada pelo engenheiro Clebson Ribeiro, é “mais ousada”, pois amplia o escopo original e representa “um grande legado para Sorocaba”.

Por sua vez, o secretário municipal de Mobilidade, Carlos Eduardo Paschoini, ressaltou a importância de equilibrar mobilidade urbana e preservação ambiental. “Sem a construção da Marginal Direita, não será possível desafogar o trânsito na Dom Aguirre”, afirma.

Coube ao engenheiro agrônomo Clebson Ribeiro, ex-secretário de Meio Ambiente e atual assessor técnico da pasta, apresentar os detalhes técnicos da construção da Marginal Direita e do sistema de parques lineares a ser implantado.

Histórico e contexto

A implantação do primeiro trecho da Marginal Direita (avenida XV de Agosto) ocorreu na década de 1990. Em 2004, a obra foi incorporada ao Plano Diretor. Quatro anos depois, uma lei municipal aprovou a criação e a denominação do Parque Linear. Em 2011, o projeto foi mantido no Plano Diretor Ambiental e, no ano seguinte, outra lei denominou oficialmente a avenida Marginal Direita. O empreendimento continuou previsto nas revisões do Plano Diretor de 2016 e, novamente, em 2025.

Detalhes do projeto

A obra da Marginal Direita do Rio Sorocaba e do sistema de parques lineares conta com financiamento da CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina) e com licença prévia e de instalação emitida pela Cetesb em junho de 2025. O projeto inclui pavimentação e requalificação asfáltica, ciclovias e paisagismo, iluminação em LED, além de programas de educação ambiental, preservação da vegetação remanescente e compensação ambiental de 43,9 hectares.

Está prevista também a criação de um parque linear com ciclovia contínua na margem esquerda, equipamentos de lazer, bancos, decks e conexão com o Parque das Águas. Na margem direita, as obras já começaram, com trechos parcialmente executados.

Segundo a exposição de Clebson Ribeiro, haverá compensação ambiental com a recuperação de 42 hectares de vegetação nativa, sendo 7,46 hectares recompostos às margens do Rio Sorocaba, por meio do plantio de mais de 12 mil mudas de espécies locais. O projeto ainda prevê a interligação de 31 áreas, incluindo parques e zonas de preservação, como o Parque das Águas, o Porto das Águas, o antigo Matadouro e o Parque da Biodiversidade.

Descontentamento e críticas

A audiência também contou com a presença de diversos profissionais das áreas de meio ambiente, urbanismo e engenharia, além de representantes de entidades civis. Em suas manifestações, muitos se declararam contrários à implantação da Marginal Direita, argumentando que o projeto vai na contramão das diretrizes atuais de urbanismo sustentável e preservação ambiental.

Participaram da audiência os secretários municipais Jéssica Pedrosa, Douglas Domingos de Moraes, Carlos Eduardo Paschoini, Alfeu Malavazzi Neto, bem como o engenheiro agrônomo Clebson Aparecido Ribeiro, da Secretaria de Meio Ambiente e Bem-Estar Animal, responsável pela apresentação técnica do projeto. (Da Redação)