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Familiares e amigos lamentam morte de jovem sorocabana

Beatriz Sorrilha Munhos, 20 anos, foi velada Ofebas do Santa Rosália; ela foi atingida por um tiro na cabeça em um assalto

03 de Novembro de 2025 às 14:20
Da Redação [email protected]
O corpo foi velado nesta segunda-feira (3), na Ofebas, no Jardim Santa Rosália, em Sorocaba, até as 12h30
O corpo foi velado nesta segunda-feira (3), na Ofebas, no Jardim Santa Rosália, em Sorocaba, até as 12h30 (Crédito: Alisson Zanella)

“Era para ter sido eu, não ela”, disse Leonardo Jesus Silva, namorado de Beatriz Sorrilha Munhos, de 20 anos, moradora de Sorocaba, assassinada no sábado (1º), durante uma tentativa de assalto no bairro de Sapopemba, zona leste de São Paulo. A jovem foi atingida por um disparo na cabeça após reagir com um spray de pimenta. No momento do crime, ela estava acompanhada do pai Lucas Munhoz, e do namorado.

O corpo foi velado nesta segunda-feira (3), na Ofebas, no Jardim Santa Rosália, em Sorocaba.

Em entrevista para o jornal Cruzeiro do Sul, Leonardo contou que o trio foi até o local após marcar a entrega de um drone que o pai fabricava e vendia pela internet. Segundo ele, tudo aconteceu rapidamente. “A gente chegou no endereço que tinham passado, uma casa organizada, não desconfiamos de nada. Mandei mensagem dizendo que tínhamos chegado, e o criminoso respondeu que estava tomando banho e já descia. Depois mandou uma foto de uma escada, e da rua dava pra ver uma escada parecida. Ficamos esperando, sem imaginar o que vinha.”

Leonardo relatou que os suspeitos chegaram armados e anunciaram o assalto. Ele e o pai de Beatriz estavam afastados do carro, enquanto a jovem permanecia dentro do veículo.

“Quando começaram a gritar que iam atirar, a gente parou de correr. Foi tudo em segundos. Ela saiu do carro e eu não consegui segurar. Estava atrás da porta, tentando proteger. Não deu tempo de nada. Eu não sabia que ela tinha spray de pimenta. Foi uma surpresa pra mim, mas era o jeito dela — sempre quis se defender e proteger os outros.”

O namorado contou que Beatriz mantinha uma rotina próxima à família e cuidava dos avós.

“Ela cuidava dos avós, organizava os remédios, consultas médicas, tudo. O avô ficou debilitado, e a gente fazia marmitas pra levar pra eles. Inclusive, na sexta-feira antes de tudo, a gente comprou os ingredientes pra preparar.”

Um amigo da família e colega de trabalho do pai de Beatriz, Ulisses Bernardo, também relatou o momento em que soube do crime.

“Eu recebi uma ligação da Bia, mas estava ocupado. Quando vi, tinha uma chamada perdida e uma mensagem no WhatsApp. Era o pai dela quem falava: ‘Mataram minha filha, eu preciso de você. Atiraram na cabeça dela. Eu vim trazer um drone aqui.’

Achei que fosse golpe. Depois ele me ligou de novo, já no carro da polícia, indo pro hospital. Depois disse que estavam voltando, porque não tinha mais o que fazer.”

Ele foi até o local e encontrou o pai da jovem no chão, próximo ao corpo. “Quando cheguei, ele estava sentado na calçada, no meio do sangue da filha. O Léo estava dentro da viatura. Os vizinhos todos na rua, em choque. Depois começou a correria, hospital, delegacia, voltar pra cena do crime e, de novo, pro hospital."

Segundo o relato, os criminosos alegaram que quem ia fazer o pagamento do drone, era o pai do criminoso, e ele estava doente, por isso precisavam ir até a casa.

“Quando chegaram, ligaram pro comprador, e ele respondeu: ‘Tô terminando o banho, já desço.’ Logo depois, os criminosos apareceram perguntando: ‘Cadê o drone?’ O Lucas levantou os braços, se rendeu. Levaram o celular dele. O Léo foi até o carro buscar o equipamento, e foi aí que a Bia saiu com o spray de pimenta, jogou no rosto de um dos bandidos. Ele reagiu e atirou.”

“O Lucas fabrica drones, projeta e ensinou a Bia essa profissão. Mesmo assim, caiu num golpe. É importante alertar as pessoas, porque se alguém com conhecimento técnico pode ser enganado, imagine quem tem menos acesso à informação.” Ele contou ainda que Beatriz administrava as tarefas de casa e ajudava o pai nas atividades do trabalho.

“A Bia era o braço direito do pai. Cuidava da casa, das finanças, da rotina. Enquanto o pai viajava, ela mantinha tudo funcionando.” Os pais da jovem não estavam em condições de dar entrevista. O caso segue sob investigação da Polícia Civil de São Paulo.

Relembre o caso

Segundo informações da Polícia Civil, a jovem administrava uma microempresa de fabricação de letreiros com seu pai. Eles haviam saído de Araçoiaba da Serra, na Região Metropolitana de Sorocaba, para realizar a entrega de uma câmera fotográfica vendida pela internet.

O pai da vítima relatou aos policiais que o encontro havia sido marcado por meio das redes sociais, em um endereço indicado pelo suposto comprador. No local, duas pessoas em uma motocicleta se aproximaram e anunciaram o assalto.

Durante a abordagem, o namorado da jovem conseguiu jogar o celular sob o veículo em que estavam. Em seguida, os criminosos foram em direção à vítima para roubar o drone que ela levava. Ao perceber a aproximação, a jovem utilizou um spray de pimenta contra os assaltantes. Um deles reagiu com um disparo que atingiu a cabeça da vítima, que caiu imediatamente.

Um dos suspeitos usava uma bolsa térmica de entregador de aplicativo. O namorado ainda tentou retirar o item, mas a dupla conseguiu fugir. A jovem foi socorrida e levada ao Hospital Estadual de Sapopemba, mas não resistiu aos ferimentos.

Durante a ação, o pai da vítima teve o celular roubado. A Polícia Militar localizou uma motocicleta com as mesmas características utilizadas pelos criminosos, porém, até o momento, ninguém foi preso.

Um dos suspeitos de envolvimento no assalto que resultou na morte da sorocabana, já tinha sido preso anteriormente por roubo, segundo o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite.

Em uma declaração dada durante coletiva de imprensa durante o 7º Fórum Paulista de Desenvolvimento (FOPA) que acontece em Itu.

"Mais uma vez um retrabalho, porque esse criminoso já foi preso por roubo. Nós já solicitamos o pedido de prisão. Esse indivíduo já é procurado pela Justiça e assim que nós tivermos aí um resultado positivo, ou seja, a prisão desse criminoso, a gente informa", esclareceu o secretário.

O caso foi registrado no 69º Distrito Policial de São Paulo como latrocínio, que é roubo seguido de morte.

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