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Autocuidado

Entre rotina e lazer: caminhos contra o estresse

01 de Novembro de 2025 às 19:30
Vernihu Oswaldo [email protected]
Entre parques, bibliotecas e encontros; alguns locais ajudam no controle do estresse no mundo moderno
Entre parques, bibliotecas e encontros; alguns locais ajudam no controle do estresse no mundo moderno (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO 08/10/2025)

A saúde mental tem ganhado cada vez mais destaque e preocupação em nível global. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1 bilhão de pessoas vivem com algum transtorno mental. Entre os fatores mais recorrentes, o estresse aparece como um dos principais sintomas, podendo evoluir para quadros de estresse crônico que afetam milhões de pessoas em diferentes partes do mundo.

Melhorar a rotina

A psicóloga Angela Cristina Muraro afirma que a rotina é uma das principais formas de regulação, mas que é indispensável ter momentos de lazer: “É importante, sim, priorizar um tempo para estar consigo mesmas e aprender a gostar da própria companhia, tempo para lazer, expandir relações, construir redes de apoio, conhecer novos lugares, participar de eventos sociais.”

Muitos desses momentos podem acontecer durante o final de semana, nos clubes, praças, shoppings, bibliotecas e outros espaços de lazer disponíveis na cidade. Na biblioteca municipal, por exemplo, é comum encontrar famílias inteiras conhecendo e dividindo o prazer da leitura. Várias pessoas afirmaram que utilizam o local como uma forma de desacelerar, uma pausa na rotina, tanto durante a semana quanto nos dias livres.

Angela afirma que essa é uma das melhores formas de combater o estresse nos dias de hoje: estar no momento presente. A profissional afirma que muitas pessoas realizam atividades simples, como tomar banho e comer, respondendo mensagens, vendo vídeos ou fazendo pesquisas. Muitas pessoas utilizam os aceleradores de vídeos e áudios por se sentirem entediadas com as coisas na velocidade normal; desacelerar é preciso.

Atividades em grupo, que estimulem o lado social, também são importantes, como prática de esportes, dança e rodas de conversa. A saúde mental está intimamente ligada à saúde física. Em outro ponto da cidade, no Parque das Águas, existem diversas opções de lazer: quadras esportivas, pista de skate, mesas e comércios que propiciam a conversa. No local, visitantes afirmaram que a ida ao parque faz parte da rotina, sendo um momento de conexão familiar, possibilidade de ensinar crianças a andar de bicicleta e até praticar esportes com os amigos.

Dados universais

Ainda segundo a OMS, estudos recentes reforçam que o estresse psicológico é um fenômeno quase universal: em 77 países, entre 30% e 50% da população relata vivenciar estresse frequente. Em uma análise de 17 estudos feita antes de 2020, estimou-se que aproximadamente 29,6% da população sofreria de estresse (além dos percentuais de depressão e ansiedade: 33,7% e 31,9%, respectivamente). Além disso, desde o início da pandemia de Covid-19, as taxas de ansiedade e depressão sofreram acréscimo de cerca de 25% globalmente. Esses números mostram que o estresse não é um mal isolado, mas sintoma de um panorama mais amplo de vulnerabilidade emocional em sociedades cada vez mais pressionadas.

Diante desse contexto, práticas simples e cotidianas de “desaceleração” e socialização, como proposto pela psicóloga Angela, ganham caráter de urgência. A inserção consciente de momentos para estar consigo mesmo, cultivar relações e aproveitar espaços públicos de lazer torna-se estratégia preventiva e terapêutica. Atividades em grupo, contato com a natureza, pausas nas telas, tudo isso ajuda a resgatar o foco no momento presente e reduzir a ativação constante de estresse. Bibliotecas, parques, praças e clubes se transformam em “pulmões” urbanos, capazes de acolher quem precisa resetar a mente. É no cotidiano, nos gestos pequenos, que se constrói resiliência frente ao ritmo desafiador do mundo contemporâneo.