Água
Estiagem desafia abastecimento na Região Metropolitana de Sorocaba
Falta de chuvas e aumento do consumo exigem medidas emergenciais e reforçam a importância do uso consciente da água
O período de estiagem dificultou o abastecimento de água em cidades da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), como Mairinque, Iperó, Itu e Salto. Com uma série de fatores associados, o consumo aumenta e os níveis dos reservatórios caem, conforme informa o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba e Médio Tietê (CBH-SMT).
O período de seca é comum entre maio e setembro, mas, a cada ano, o fim desse ciclo pode adiantar ou atrasar. Neste ano, ainda ocorre o efeito La Niña, que reduz a incidência de chuvas na região.
Segundo o CBH-SMT, o aumento das temperaturas, somado à falta de chuva, eleva o consumo de água e impede a reposição dos reservatórios, gerando a época de estiagem e, em alguns locais, a falta ou o racionamento de água.
“Várias cidades da RMS têm sofrido com baixa disponibilidade de água, sendo que o caso mais recente ocorreu no município de Mairinque, que implementou ação de racionamento. Recebemos também relatos dos municípios de Salto, Iperó e Itu. Outras cidades registram problemas com baixos volumes e qualidade dos mananciais, mas vêm conseguindo enfrentar o desafio sem recorrer ao racionamento”, informou o CBH-SMT.
A situação em Mairinque exigiu medidas emergenciais. A Prefeitura e a concessionária Saneaqua Mairinque S.A. solicitaram um novo ponto de captação, localizado no Ribeirão do Setubal, remanso do reservatório de Itupararanga.
A solicitação foi autorizada pela SP Águas e pela Agência de Águas de São Paulo, vinculada à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil). A autorização terá duração de 90 dias, podendo ser prorrogada.
Em Salto, a estiagem prolongada não afetou a captação nos ribeirões Piraí e Buru, mas o calor aumentou o consumo de água pela população, conforme informou o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) do município.
O cenário levou ao fechamento programado de 12 reservatórios da cidade, diariamente, das 13h às 19h. Os reservatórios são: Hospital, Icaraí, Sede (Centro), Jardim Cidade, Santa Cruz, Imperial, Santa Marta, Jurumirim, Bela Vista, Haras Paineiras e Monte Serrat.
Ainda segundo o Saae, “os mananciais, hoje, estão com bom nível. O serviço segue trabalhando em sondagens e reparos de vazamentos, monitoramento e manobras em registros para aumentar o tempo de abastecimento, além de obras de infraestrutura, como a construção da ETA Barnabé, que está em andamento e vai acrescentar 100 litros de água por segundo ao sistema”, informou o órgão.
Em Itu, a Companhia Ituana de Saneamento (CIS) afirmou que a cidade atravessou bem o período devido às medidas adotadas de acordo com o Plano de Enfrentamento à Estiagem de 2025. “O plano incorporou ações como a transposição de mananciais para reforço da rede, equalização do sistema de bombas, fechamento e abertura de comportas, entre outras iniciativas. Atualmente, o abastecimento está normalizado na cidade, com eventuais intercorrências decorrentes de manutenções ou situações imprevistas”, informou a companhia.
A Prefeitura de Iperó também foi questionada pela reportagem do Cruzeiro do Sul sobre o abastecimento, mas não respondeu até o fechamento desta edição.
O Comitê ressalta que as ações de preservação e consumo consciente devem ser observadas durante todo o ano. “É fundamental a implementação de diversas ações e investimentos, como a elaboração e execução de um bom Plano Municipal de Saneamento Básico, a preservação dos mananciais, a reservação de água bruta em mananciais de qualidade, mecanismos de controle e redução de perdas no sistema de tratamento e distribuição, planos de contingência e ações de educação ambiental junto à comunidade. Na época da estiagem, colhem-se os frutos das medidas implementadas ao longo dos anos”, reforça o CBH-SMT.
São fundamentais todos os tipos de conscientização e uso responsável da água, para que, durante todo o ano — especialmente nos meses de seca —, não haja falta d’água. (Thaís Verderamis)