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Aumento de casos

Aproximação do verão acende alerta contra a dengue

Casos aumentam com calor e chuvas e prevenção é essencial

22 de Outubro de 2025 às 20:00
Cruzeiro do Sul [email protected]
O Aedes aegypti transmite a dengue ao picar pessoas infectadas. Animais domésticos não são contaminados
O Aedes aegypti transmite a dengue ao picar pessoas infectadas. Animais domésticos não são contaminados (Crédito: DIVULGAÇÃO / GOVERNO SP)

Com a proximidade do verão, período marcado por altas temperaturas e chuvas frequentes, o número de casos de dengue tende a aumentar em diversas regiões do país. As condições climáticas favorecem a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, e acendem o alerta das autoridades de saúde para o risco de novos surtos.

Segundo dados do Painel de Arboviroses do Governo do Estado de São Paulo, os casos de dengue, em 2024, tiveram seu pico entre os meses de março e maio. Em Sorocaba, foram mais de 46 mil casos confirmados durante todo o ano, com 48 óbitos. No País, o número ultrapassou seis milhões de registros, com mais de seis mil mortes.

Em 2025, Sorocaba já registra 14 mil casos e 31 óbitos. O biólogo Hélio Rubens afirma que, no verão, surgem condições perfeitas para o desenvolvimento do mosquito e do vírus da dengue. As chuvas frequentes formam poças e enchem recipientes onde a fêmea deposita seus ovos, enquanto o calor acelera o ciclo de vida do inseto. Em temperaturas acima de 28ºC, ele pode passar de ovo a adulto em apenas sete dias. Além disso, o vírus da dengue também se multiplica mais rapidamente dentro do mosquito quando o clima está quente, o que aumenta a chance de transmissão para os seres humanos.

Diante desse cenário, cresce a importância das ações preventivas, como o descarte correto de resíduos, a limpeza de quintais e o monitoramento de locais que possam acumular água. Campanhas de conscientização também devem ser intensificadas nas próximas semanas, com visitas de agentes comunitários e distribuição de materiais educativos.

A dengue é uma doença que atinge apenas seres humanos, com exceção de alguns primatas que também podem ser contaminados em áreas de floresta. O mosquito é o vetor da doença e se contamina ao picar uma pessoa que já tenha o vírus em seu corpo. Depois disso, o vírus se desenvolve no mosquito — que não sofre prejuízos nesse processo — e ele passa a ser capaz de transmitir a doença. Animais domésticos não podem ser contaminados pela dengue.

A dengue é uma arbovirose que, segundo o Ministério da Saúde, faz parte de um grupo de doenças virais transmitidas principalmente por artrópodes, como mosquitos e carrapatos. No Brasil, as mais comuns, além da dengue, são zika, chikungunya e febre amarela.

Vacinação

A vacinação contra a dengue foi incluída no calendário nacional em março de 2024. Desde então, é recomendada principalmente para crianças de 10 a 14 anos. Durante o mês de outubro, ocorre a Campanha de Multivacinação. Em Sorocaba, estão disponíveis todas as vacinas do calendário em todas as 33 UBSs do município. Além da dengue, é possível atualizar a caderneta de vacinação de crianças e adolescentes menores de 15 anos, conforme o Calendário Nacional de Vacinação, e ampliar as coberturas de imunização.

A vacina contra a dengue é considerada uma das principais ferramentas no enfrentamento da doença, especialmente em períodos de maior incidência, como o verão. A proteção oferecida pela vacina não é imediata: são necessárias duas doses, com intervalo de três meses, para garantir a eficácia completa.

Segundo a Prefeitura de Sorocaba, até o momento foram aplicadas 29.842 doses, sendo 9.526 aplicações (32,8% de cobertura vacinal) da primeira dose e 10.316 aplicações (17,3%) da segunda. O objetivo é atingir 90% de cobertura vacinal.

Ciclo de vida do mosquito

O Aedes aegypti possui um ciclo de vida com quatro etapas principais: ovo, larva, pupa e adulto.

Ovo - A fêmea deposita os ovos um a um nas paredes internas de recipientes com água (pratos de vaso, pneus, garrafas, caixas-d’água mal fechadas), logo acima da linha d’água. Os ovos são muito resistentes, podendo ficar mais de seis meses viáveis. Eles eclodem apenas quando a água os cobre ou umedece novamente. Quando o recipiente é inundado, os ovos normalmente eclodem em 24 a 48 horas, dependendo da temperatura.

Larva - Quando o ovo eclode, surge a larva, que passa por quatro estágios, chamados ínstares, ao crescer. As larvas vivem na superfície da água e alimentam-se de matéria orgânica, micro-organismos e detritos. Esse período costuma durar de quatro a sete dias em condições quentes (dias mais frios alongam esse tempo).

Pupa - Depois do quarto ínstar, a larva se transforma em pupa, fase em que não se alimenta, semelhante ao casulo da borboleta. A pupa pode se mover, mas não se alimenta; é nesse estágio que ocorre a transformação interna para o adulto. A fase pupal dura geralmente de um a três dias, dependendo da temperatura.

Adulto - Da pupa emerge o mosquito adulto. Nos primeiros dias, ele precisa de tempo para secar as asas e endurecer o exoesqueleto antes de voar. Os machos emergem primeiro, vivem menos tempo e alimentam-se de néctar. As fêmeas também consomem néctar, mas precisam de proteínas do sangue para maturar seus ovos. Elas podem viver de duas a quatro semanas (ou mais, em condições favoráveis) e, durante esse tempo, gerar vários ovos.

Apenas as fêmeas picam pessoas, pois os machos não necessitam de sangue para sua nutrição. Todo o processo, do ovo ao adulto, pode ocorrer em apenas dez dias sob temperaturas elevadas — o que reforça a importância de eliminar criadouros rapidamente. (Vernihu Oswaldo)

 

 

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