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Alimentação

Cerca de 23% da população de Sorocaba está em situação de vulnerabilidade social

Esse é número de pessoas que sobrevivem com pouco ou muito pouco na cidade, o que inclusive afeta a alimentação

21 de Outubro de 2025 às 20:30
Thaís Verderamis [email protected]
No Bom Prato, há relatos de pessoas que não conseguem se alimentar todos os dias
No Bom Prato, há relatos de pessoas que não conseguem se alimentar todos os dias (Crédito: ALISSON ZANELLA 12/08/2025)

Sorocaba possui aproximadamente 762.172 pessoas de acordo com a última estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Destas, 176.451 pessoas estão registradas no Cadastro Único (CadÚnico), programa do Governo Federal, o que representa 75.873 famílias, cerca de 23,1% da população. O cadastro é feito por família, mas todos os integrantes estão incluídos e são considerados de baixa renda, com meio salário mínimo per capita, ou seja, por pessoa. De acordo com os dados, essa é a quantidade de pessoas que sobrevivem com pouco ou muito pouco na cidade e isso pode afetar inclusive a alimentação.

Colocar comida na mesa não é uma tarefa fácil para muitas famílias, levando em consideração as compras no mercado, o gás e as demais contas, a situação gera a chamada Insegurança Alimentar (IA). Algumas iniciativas tentam amenizar a situação, com programas sociais de auxílio.

Valores

Em Sorocaba, a prefeitura possui oito programas disponíveis: Lei de Gêmeos; Vale Social; Auxílio Moradia Emergencial; Cidadania na Mesa; Bolsa Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil); Aprendiz municipal; Guarda Subsidiada e Auxílio Funeral. Os benefícios são cumulativos, as famílias necessitadas podem receber mais de um. Dos oito programas, quatro são de auxílio financeiro ou alimentar. A Lei de Gêmeos conta com 177 famílias beneficiadas, cada uma recebe 20% do salário mínimo federal para cada gêmeo. Já o Vale Social conta com 96 cadastrados, sendo 63 pessoas com deficiência (PCD) e 33 idosos. Cada cuidador recebe o valor de um salário mínimo.

O Auxílio Moradia Emergencial conta com 276 beneficiários, e dependendo da composição familiar, o valor pode variar de R$ 800 a R$ 1.000,00. E o programa Cidadania na Mesa, com 1.300 famílias cadastradas, que recebem por meio de um cartão pessoal um valor de R$ 120.

O acesso aos programas sociais é feito por meio dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras), e cadastro no CadÚnico. Segundo a Prefeitura de Sorocaba, “qualquer solicitação pertinente à busca de direitos sociais podem ser solicitadas via Cras, onde a família será inserida para atendimento integral de sua demanda, inclusive para a superação da condição de vulnerabilidade.”

Bom Prato

Na cidade também tem uma unidade do programa “Bom Prato”, que é uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo, além de uma unidade móvel. O restaurante tem um valor fixo de R$ 1 por refeição (almoço e janta) e R$ 0,50 no café da manhã. O local foi inaugurado em 2006 e serve aproximadamente 2,2 mil refeições por dia, sendo 300 cafés da manhã, 1,3 mil almoços na unidade fixa, 300 refeições na unidade móvel (na modalidade de marmitex) e 300 jantares.

Muitos trabalhadores optam pela praticidade de almoçar no local, como é o caso do empresário Josué Lopes Dias, de 34 anos. “Eu trabalho aqui no Campolim. Por ser perto do bom prato eu venho almoçar aqui, porque é tudo de boa qualidade e limpinho”, explica.

Outros pela situação de vida, também preferem a facilidade, além do valor. “A comida aqui é boa e barata. Ajuda a economizar, se não, tem que pagar R$ 30 ou R$ 40 para poder almoçar, fora a janta, no final do mês dá um gasto enorme” conta o camelô Wellington Pereira do Nascimento, de 42 anos. O carioca se mudou há seis meses para a cidade e ainda não tem geladeira, outro ponto que faz com que o preço e a comida pronta, sejam necessários.

O restaurante também é um amparo para pessoas que estão no hospital. O auxiliar de manutenção Edson Farias Lima, de 62 anos, é de São Paulo e está na cidade para acompanhar o filho que está internado no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) há uma semana. Os gastos com a pousada, para ficar na cidade, e, com transporte, tornam necessários a economia na alimentação. “A pousada que eu estou é longe, de Uber gasto quase R$ 25 reais, se eu for para lá e voltar, é muito. Então estou economizando no almoço”, explica.

Outro frequentador do local, que preferiu não se identificar, disse que mesmo a um real, não são todos os dias que consegue se alimentar no restaurante. “É mais caro fazer comida em casa, tem que comprar a mistura, gás. Aqui é mais barato e não é todo dia que consigo vir”, conta.

Programas Estaduais

O Bom Prato é um programa estadual, além do Vivaleite e o SuperAção SP, todos voltados para a proteção social e segurança alimentar. O Bom Prato ganhou 23 novas unidades, 19 móveis e quatro restaurantes fixos, com refeições a R$ 1.

Em todo o Estado de São Paulo, são servidas aproximadamente 145 mil refeições por dia, em 122 pontos. De janeiro a setembro deste ano já forma servidas 102,2 milhões de refeições.

Já o projeto Vivaleite é direcionado para famílias com crianças ou idosos baixa renda. São 4,18 milhões de litros de leite pasteurizado por mês, que atendem cerca de 280 mil crianças e idosos.

O programa foi ampliado em 2025 para incluir uma segunda criança por família, garantindo 30 litros mensais, para famílias com crianças de 6 meses a 6 anos.

O SuperAção SP, segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social (SEDS), “tem papel estratégico na integração das políticas de combate à fome com a proteção social e a geração de renda. Para a trilha de Proteção da Pobreza, o auxílio de proteção social é de 1/12 do salário mínimo (aproximadamente R$ 150,00) por mês e tem a finalidade de apoiar famílias com renda familiar per capita abaixo da linha de pobreza (R$ 218,00), com ou sem acesso ao Bolsa Família e com situação de insegurança alimentar grave. O valor será pago em parcelas mensais por 12 meses, podendo ser estendido por mais 12 meses.”

Além dos programas, o Governo de SP faz o cofinanciamento aos municípios para a conceção de benefícios, “destinados à proteção de indivíduos e famílias em situações de vulnerabilidade social temporária, como risco, perda ou dano à integridade pessoal e familiar.”

Insegurança Alimentar no estado caiu

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD C), feita anualmente, no Módulo Segurança Alimentar, em 2024.

Os dados mostram que 2,4% dos domicílios do Estado de São Paulo estão em Insegurança Alimentar (IA) grave, ou seja, adultos e crianças que chegam a passar fome, o que equivale a 970 mil pessoas. O número caiu em relação ao ano anterior, 2023, em que 3% das pessoas (1,3 milhão de moradores) estavam em situação de privação alimentar grave.

A Insegurança Alimentar é dividida em três níveis: leve, moderada e grave. Em 2023, 18,3% dos moradores do estado estavam em situação de IA leve; 3,9% moderada; e 2,9 grave. Em 2024, os números baixaram para 14,6% em casos de IA leve; 3,3% moderada, e 2,1% grave.

Em relação a Segurança Alimentar (SA), os números aumentaram: em 2023, os casos subiram de 76,5% para 80,7%, em 2024.

 

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