Saúde
Clínicas populares se consolidam em Sorocaba como alternativa ao SUS
Preço acessível e rapidez atraem cada vez mais pacientes que enfrentam demora para consultas e exames na rede pública
Elas surgiram no Brasil nos anos 90, mas foi na última década que as clínicas populares tiveram uma procura mais intensa e passaram a se tornar uma opção de atendimento médico mais barato e rápido, sobretudo para quem depende do Sistema Único de Saúde (SUS). Em Sorocaba, ao menos seis estabelecimentos oferecem o serviço, sem necessidade de plano de saúde ou convênio, permitindo o pagamento por serviço utilizado.
O Cruzeiro do Sul percorreu duas clínicas na zona norte nas últimas semanas e conversou com a população. Apesar da vantagem óbvia do SUS ser gratuito, a principal motivação para buscar esse tipo de atendimento particular é a demora para conseguir consultas e exames pela rede pública.
A supervisora de vendas Nayane Oliveira Sandei, de 26 anos, encontrou na clínica popular uma alternativa mais ágil para dar continuidade ao seu tratamento ginecológico. “Antes fazia tratamento pelo SUS, na UBS do Parque São Bento, mas demorava muito as consultas. Conheci aqui e como é mais rápido, optei por fazer o tratamento por aqui mesmo”, explica.
Quem também aderiu foi a aposentada Aurora Daria Guerra Abate, de 85 anos. Ela conta que, desde que começou a frequentar clínicas populares, os exames ficaram mais acessíveis. “Passo na UBS Laranjeiras e os exames de sangue, por exemplo, demoram. Aqui na clínica é rapidinho. Às vezes, no dia mesmo dá pra fazer. Eu gosto bastante”, relata.
Para o aposentado Luiz da Silva Lourenço, 60 anos, o modelo se tornou uma alternativa para não deixar a saúde esperar. “Comecei a usar antes da pandemia e uso para fazer check-up, acompanhamento de exame. Com saúde não dá pra brincar e esperar”, comenta. Tanto ele como a esposa Eunita, mesclam o uso da rede pública com a privada. “O SUS usamos bastante pra emergência, nas UPHs e UPAs. Dentro das possibilidades, usar a clínica é acessível, tem que dar um jeito”, complementa.
Já Silvana Freiras Vieira Talasca, de 61 anos, e o marido Antonio Carlos utilizam as clínicas há pelo menos dois anos em Sorocaba, após boas experiências na capital paulista. Para eles, a rapidez é essencial. “A escolha pela clínica foi feita porque o SUS demora muito. O Antonio está esperando por uma cirurgia no olho e, na última vez que foi ver, tinha quatro mil pessoas na fila”, relata. Na clínica o casal faz exames de sangue, ultrassom e ressonância. “Geralmente é uns R$30 cada consulta com o médico, mais ou menos. Se esperar do SUS a gente morre, infelizmente”, lamenta.
O CEO de uma das clínicas, Douglas Humberto, afirma que a popularização do tipo de serviço está ligada, principalmente, ao fato de que o atendimento particular deixou de ser inacessível. “Antes era muito cara a saúde particular. Hoje, as clínicas populares estão provando que é o contrário. Uma consulta pode variar entre R$60 e R$150, exames simples custam de R$5 a R$11, e até procedimentos mais complexos como ressonâncias ficam na faixa de R$300 a R$600. Isso facilita o acesso da classe média, que consegue cuidar da saúde sem comprometer tanto o orçamento”, diz.
Para ele, o crescimento também se deve à mudança de consciência da população após a pandemia. “O brasileiro percebeu que prevenção é mais importante do que apenas procurar atendimento em casos de urgência. Essa mudança de comportamento fez as clínicas populares se tornarem uma opção viável e, em muitos casos, a primeira escolha”, completa. O público que mais procura os serviços, segundo Douglas, é de mulheres, mas tem se notado o aumento de homens em busca do preventivo.
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